Lula é alvo oculto da operação que investiga assassinato de Celso Daniel
Revelações da Lava Jato desmascaram tribunais petistas. Veja resumão
Nunca antes tantas verdades se confirmaram num dia da mentira.
Só um resumão em notas para apontá-las:
I.
– Hoje, está provado: o TSE aparelhado pelo PT condenou VEJA a publicar direito de resposta do PT em 2014 por noticiar a verdade. A matéria ‘O PT sob chantagem‘ revelou apenas fatos, agora praticamente confirmados pela Operação “Carbono 14″, da Lava Jato.
Dois anos atrás, o site Brasil 247 comemorou a condenação da revista, depois felizmente suspensa em decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF. Nesta sexta-feira (1/4), Breno Altman, um dos colaboradores do site petista foi conduzido coercitivamente a depor.
– O relator do caso acima no TSE foi o ministro Admar Gonzaga, advogado da campanha de Dilma Rousseff em 2010. O mesmo Admar que, às vésperas da eleição de 2014, também condenou o site de VEJA a publicar direito de resposta de Dilma sobre a capa “Eles sabiam de tudo” (do petrolão), que, meses depois, foi igual e integralmente confirmada pela retirada do sigilo do depoimento do doleiro Alberto Yousseff.
O PT sabe, no entanto, que o tempo é senhor da razão, mas a razão não é senhora da eleição.
– As palavras de Gilmar Mendes ao suspender a decisão do TSE petista sobre a matéria da chantagem merecem ser lembradas hoje pela sua precisão:
“Estando os fatos sob investigação, não é possível concluir sobre sua incorreção ou inveracidade”.
– O ministro entendeu que “o acórdão eleitoral incorreu, no mínimo, em excesso” ao “emprestar interpretação excessivamente limitadora da liberdade de imprensa”, que destoava da própria jurisprudência do Supremo em decisões de Carlos Ayres Britto.
Foi mais uma aula de Gilmar Mendes em Teori “Da Conspiração” Zavascki e Rodrigo Janot, entre outros que endossaram Admar Gonzaga. Daqui a dois anos, quem sabe, eles se darão conta de que Gilmar também tem razão ao suspender tanto a posse de Lula quanto seu direito ao foro especial no STF.
II.
Folha: “Os petistas estão especialmente tensos com a detenção do ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira”. “Desde o mensalão, Silvinho tem rompantes e envia recados ao comando do PT. A avaliação de petistas é que, sob pressão, ele seria capaz de ‘falar qualquer coisa’, mesmo o que não sabe.”
Isto não é uma “avaliação”. Isto é o ataque preventivo do PT à credibilidade das informações que os petistas sabem que o eventual delator pode dar.
– “Já Delúbio Soares é apontado como mais centrado e não causa tanta apreensão. Breno Altman, por sua vez, é tido como um braço do ex-ministro José Dirceu e é conhecido como uma pessoa resiliente.” Isto, sim, é uma avaliação do nível de cumplicidade dos alvos da Lava Jato com os crimes do partido.
– Silvio Pereira não recebeu apenas uma Land Rover da empreiteira GDK. Ele também recebeu pixulecos das empreiteiras do petrolão OAS e UTC, que somam R$ 500 mil, na conta bancária de uma de suas empresas. O lobista Fernando Moura afirmou ter sido informado de que Silvinho recebia “um cala-boca”, ou seja, dinheiro que garantiria seu silêncio sobre o esquema de corrupção.
Dá para entender o pânico dos petistas de que ele abra o bico de vez? Então acrescente aí:
Moura disse que Silvinho ajudou a montar a equipe de governo no primeiro mandato de Lula, organizando as indicações para os 32 mil cargos no governo federal, autarquias e empresas públicas. Foi Silvinho quem pré-aprovou Renato Duque para a Petrobras antes do aval de José Dirceu e Lula. Duque está preso, resistindo à delação, mas Silvinho chegou para acabar com o marasmo da rapaziada.
– Meire Poza, ex-contadora de Youssef, foi quem forneceu à Lava Jato o contrato de mútuo dos R$ 6 milhões repassados ao empresário Ronan Maria Pinto. O escritório de Meire foi atingido por um incêndio na noite de quinta-feira.
Ela disse ao site de VEJA acreditar ter sido uma retaliação pela entrega de documentos que comprometem envolvidos no petrolão. Queima de arquivo, literalmente, é com a organização criminosa.
– Relembro o post anterior: os R$ 6 milhões para Ronan vieram do empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schahin a José Carlos Bumlai, amigão de Lula. Depois o PT devolveu o favor ao grupo Schahin entregando contratos na Petrobras. É o toma lá dá cá da propina.
– Como VEJA revelou em 2014, Meire contou que foi três vezes à casa de Breno Altman buscar “parcelas” equivalentes a 15.000 reais mensais. O dinheiro foi usado pelo empresário Enivaldo Quadrado para quitar a multa imposta pela Justiça pelo seu envolvimento no escândalo do mensalão.
A criminalidade petista é sempre cíclica: o mensaleiro Quadrado chantageava o PT ameaçando revelar que, em 2004, o partido comprara o silêncio de Ronan, que – em outra chantagem – ameaçava envolver Lula, o ministro Gilberto Carvalho e o ex-ministro José Dirceu no assassinato de Celso Daniel.
Quadrado entregou Altman, admitindo ter recebido dele em dólares para ficar quietinho. Nem tudo desce redondo para Quadrado.
– Sergio Moro, ao relatar que Ronan foi condenado na Justiça de Santo André por crimes de extorsão e corrupção ativa no esquema da Prefeitura, afirmou:
“É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave”.
A gravidade do petismo é mesmo imensurável.
– A propósito: o nome da Operação Carbono 14 faz referência ao método de datação de fósseis, uma alusão a procedimentos utilizados para investigação de fatos antigos. Na verdade, a ossada de Celso Daniel, que interveio na máfia dos transportes que financiava o PT na cidade.
– Moro: “Se confirmado o depoimento de Marcos Valério [operador do mensalão], de que os valores lhe foram destinados em extorsão de dirigentes do PT, a conduta é ainda mais grave, pois, além da ousadia na extorsão de na época autoridades da elevada Administração Pública, o fato contribuiu para a obstrução da Justiça e completa apuração dos crimes havidos no âmbito da Prefeitura de Santo André”.
O depoimento de Valério foi revelado por VEJA em 2012.
A se manter a média, há esperanças de que Dilma Rousseff seja presa até 2020 pelas denúncias de Delcídio do Amaral que VEJA revelou no mês passado.
– Folha: “Irmão de Celso Daniel, Bruno José Daniel prestou depoimento e relatou que após o homicídio, lhe foi relatada a existência desse esquema criminoso [Santo André] e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao PT.
De acordo com seu relato, o fato lhe teria sido relatado por Gilberto Carvalho e por Miriam Belchior [ex-mulher do prefeito e ex-ministra].
Ele contou aos investigadores que o destinatário dos valores devidos ao PT seria José Dirceu e levantou suspeitas ainda sobre o possível envolvimento de Sergio Gomes da Silva no homicídio do irmão.”
É por essas e outras que voltou a circular na internet o vídeo memorável do depoimento em que Paulo Roberto Costa manifestava o seu temor de ser celsodanielizado. A organização criminosa é capaz de tudo.
– O Globo: “nos bastidores, Lava Jato se queixa de Teori Zavascki” (como todo o Brasil, diga-se, à exceção de Lula e seus comparsas).
Os investigadores “avaliam que o ‘puxão de orelha’ de Teori em Moro foi ‘além da conta’, especialmente pelo fato de o juiz do Supremo ter discutido o mérito de atos do magistrado”. “Teori não é juiz corregedor”, comentou um deles.
Teori, repito, é o Eugênio Aragão do Supremo.
– Radar de VEJA: “Ainda irritado com a decisão de Teori Zavascki que retirou do juiz Sergio Moro os grampos e as investigações sobre Lula, um investigador que atua na Lava-Jato disse o seguinte:
‘O STF pode ter tirado da jurisdição do Moro as investigações sobre a lavagem de Lula, mas ele tem agora uma de assassinato’.”
Com Moro é assim: amanhã vai ser maior.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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