Picciani já dá sinais de mudança de discurso na defesa do governo
IGOR GADELHA - O ESTADO DE S.PAULO
29 Março 2016 | 20h 27 - Atualizado: 30 Março 2016 | 07h 24
A interlocutores, peemedebista passou a dizer que, após o desembarque sacramentado do partido, votará matérias da Casa de acordo com sua 'consciência', com as 'decisões da bancada' e com o que 'for melhor para o País'
Brasília - Após o desembarque oficial do PMDB do governo, o líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), disse ontem que, a partir de agora, votará matérias na Casa de acordo com sua “consciência”, com as “decisões da bancada” e com “o que for melhor para o País”. “Vamos defender temas. O que julgarmos importante para o País, defenderemos”, afirmou, num sinal de distanciamento enquanto um dos principais defensores da presidente Dilma Rousseff dentro do PMDB.
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Apesar de não ter participado da reunião que aprovou o rompimento, por ser contra o desembarque, o líder assumiu o discurso partidário. Disse que, a partir de agora, “ninguém mais está autorizado” a assumir cargos no governo. “Quem ficar fica por conta própria. A liderança não encaminhará mais pleitos por cargos”, disse.
O recuo também foi dado pelo indicado por Picciani para integrar a Secretaria da Aviação Civil (SAC), Mauro Lopes (MG). O deputado mineiro decidiu que entregará o cargo nos próximos dias, após conversar com Dilma, com o vice Michel Temer e com a bancada do PMDB de Minas, que já rompeu com o governo.
O cargo foi oferecido pelo Planalto a Mauro Lopes como uma das últimas tentativas de manter o PMDB na base aliada. Lopes tomou posse na semana retrasada. Em contrapartida, os ministros Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde), ambos indicados por Picciani, querem ficar nos cargos.
Com a saída do posto, Lopes evita ser expulso do partido. Peemedebistas já admitem que o processo de expulsão dele por ter assumido a SAC, contrariando moção que proibia membros do PMDB de assumir cargos no governo, não deverá ter seguimento. Atualmente, o processo está sendo analisado pela Comissão de Ética da sigla.
Lista. Peemedebistas da ala oposicionista e aliados de Picciani avaliam que ele arrefeceu sua postura pois está ciente de que o desembarque do PMDB deve provocar ao aumento de deputados favoráveis ao impeachment. A ala oposicionista já calcula que a bancada poderá chegar a ter até 60 votos favoráveis e apenas oito contrários ao impedimento.
Aliados e opositores de Picciani ressaltam que o parlamentar tem consciência de que, se não seguir a maioria da bancada (hoje pró-impeachment), poderá ser alvo de uma nova lista para destituí-lo da liderança. No fim do ano passado, ele chegou a ser destituído do cargo por lista, mas conseguiu retomá-lo dias depois, também por meio de lista. Aliados apontam ainda que a flexibilização do discurso foi influenciada pela decisão de deixar oficialmente o governo dos diretórios do PMDB do Rio e de Minas, principais apoiadores dele na liderança do partido.
No caso do Rio, o movimento foi liderado pelo pai do líder, o deputado estadual Jorge Picciani. Picciani diz que não houve mudança de sua postura, embora reconheça que a situação do governo está complicada. / I.G., COLABOROU D.C.
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