quarta-feira, 6 de abril de 2016

Roberto Jefferson volta à Câmara em campanha pelo impeachment de Dilma

Roberto Jefferson volta à Câmara em campanha pelo impeachment de Dilma

Em Brasília
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  • André Dusek/Estadão Conteúdo
    Jefferson chegou a chorar quando, ao lado da filha, Cristiane Brasil (PTB-RJ), recebeu um botom de deputado para que colocasse em seu paletó
    Jefferson chegou a chorar quando, ao lado da filha, Cristiane Brasil (PTB-RJ), recebeu um botom de deputado para que colocasse em seu paletó
Onze anos após ter o mandato cassado por sua participação no escândalo do Mensalão, do qual foi delator, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) voltou à Câmara na tarde desta quarta-feira (6). Recebido com festa por funcionários da Casa e deputados, ele disse que seu papel em Brasília a partir de agora será convencer os 19 deputados e 2 senadores de seu partido a votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
"Vou tentar levar senão todos, a maioria a votar a favor do impeachment", disse em entrevista, enquanto caminhava do plenário para a sala da liderança do PTB, caminho interrompido por abraços, como do líder do DEM na Casa, Pauderney Avelino (AM).
Na liderança da legenda, Jefferson chegou a chorar quando, ao lado da filha, a presidente do PTB e deputada federal, Cristiane Brasil (RJ), recebeu um botom de deputado para que colocasse em seu paletó.
Jefferson disse estar "muito feliz" em retornar à Câmara dos Deputados. Mas fez questão de ponderar que não tem vontade de voltar a ser deputado. "Fui deputado por 23 anos. Acho que meu papel já cumpri", disse.
Na entrevista, o delator voltou a disparar críticas à presidente Dilma Rousseff. Disse ser favorável ao impeachment porque a petista "perdeu as condições de governar" e porque o governo dela acabou "politicamente e moralmente".
Por outro lado, sobram elogios ao vice-presidente Michel Temer, com quem Jefferson se encontrou nesta quarta-feira no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República. "Homem sério e equilibrado", disse.
O ex-deputado contou que, na conversa, Temer disse ter uma "preocupação institucional". O vice teria dito ainda, segundo Jefferson, entender que "tem muita gente, numa crise de autoridade que o Brasil está vivendo, querendo fazer o papel um do outro". "É o Legislativo querendo fazer papel do Judiciário, é o Judiciário fazendo papel do Legislativo, que quer fazer o papel do Executivo. Então ele entende que precisa ter uma liderança nacional que agregue os brasileiros", afirmou Jefferson.
Também não faltaram elogios ao relator do processo de afastamento de Dilma, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), seu colega de partido. "Marcou um golaço de rasgar a rede com o parecer (a favor do impeachment)", disse o ex-deputado.

Novas eleições

Roberto Jefferson também disparou críticas à proposta de convocação de novas eleições gerais, que vêm sendo defendida por políticos como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e pela líder da Rede, Marina Silva.
Para o ex-deputado, a proposta "enfraquece" o processo de impeachment de Dilma. Segundo ele, Marina, que é pré-candidata à sucessão da petista, defende a ideia porque quer "herdar" parte dos eleitores do PT, sigla à qual já filiada.
Jefferson será conduzido a presidência do PTB no próximo dia 14 de abril, graças a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que perdoou, em março, sua pena de 7 anos e 14 dias por participação no Mensalão.
O político fluminense participou ativamente do processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, que deixou o PTB recentemente. O ex-deputado era da tropa de choque de defesa de Collor em 1992.

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