terça-feira, 18 de abril de 2017

JOÃO SANTANA FALA A SERGIO MORO



Feira foi apresentado à Odebrecht com Lula "fragilizado" pelo mensalão


O marqueteiro João Santana relatou a Sérgio Moro como foi apresentado à Odebrecht, em 2005, no ápice da crise do mensalão. Ele disse que encontrou Lula "muito fragilizado".
"Cheguei a Brasília no dia 24 de agosto de 2005, eu me lembro porque é uma data histórica, é a morte de Getúlio. Fui levado inicialmente para casa de Antonio Palocci, que era ministro da Fazenda, para aguardar, isso à tarde. Fiquei ali até que depois o Palocci veio e fomos até o Palácio do Planalto para conversar com o presidente Lula."
"Cheguei e encontrei ele muito fragilizado e ele me convidou se eu poderia ajuda-lo nesse momento, nessa coisa. Eu disse que sim. Ele nesse momento disse: 'Olha, qualquer detalhe mais burocrático, depois o Palocci conversa com você'. Isso foi ainda em 2005, 24 de agosto, o presidente tinha dúvidas ainda se seria candidato (à reeleição)."
Segundo Santana, Lula delegou a Palocci as questões burocráticas da contratação do marqueteiro, que, por sua vez, indicou Mônica Moura para cuidar do assunto.
Embora o marqueteiro diga que não queria receber no caixa 2, Palocci insiste que não há outro caminho e tenta tranquilizá-lo. "Nós temos uma empresa que dá total garantia para realização, para fazer um pagamento. Você deve conhecer, você é baiano, Odebrecht", disse Palocci.
Santana disse que ficou receoso de se relacionar com a empreiteira, pois em 1992, quando trabalhava na revista IstoÉ, publicou reportagem sobre o assassinato do então governador do Acre, Edmundo Pinto, em um hotel em São Paulo.
"Em 1992 eu estava na Isto É, acontece o assassinato do governador do Acre Edmundo Pinto, fiz matéria muito forte sobre isso, onde eles próprios se queixaram porque escrevi que na véspera do assassinato pessoas da Odebrecht estavam no hotel com ele."
Palocci não deu ouvidos e apenas indicou que os pagamentos seriam feitos no exterior. O marqueteiro então indicou a conta Shellbill.

Feira a Moro: "Estava sendo cúmplice de um sistema eleitoral corrupto e negativo"

João Santana, no seu depoimento a Sérgio Moro, disse o seguinte:
"Eu acho que nossas contradições constroem as nossas armadilhas. E o nosso cérebro ajuda a amenizar essas contradições. Eu, mesmo sendo pessoa organicamente a favor das coisas bem feitas, legais e honestas, criei um escudo em minha cabeça, duplo escudo, um social e externo que era doutrina do senso comum do caixa 2 e outro, interno, que é ‘receba pelo trabalho honesto que estou fazendo’.”
“Construí esse equivoco em mim mesmo, sem perceber que, ao fazer isso, estava sendo cúmplice de um sistema eleitoral corrupto e negativo. Não estou aqui demagogicamente dizendo que eu não tinha culpa, que só fui vítima disso, não, eu fui agente disso. Quanto mais transparência houver, principalmente de profissionais como eu, do marketing político, isso vai ajudar.”
“Não que os grandes responsáveis sejam marqueteiros, mas acho que é o momento de os próprios marqueteiros abrirem os olhos sobre isso, e da Justiça também.”
“Eu assumo toda a minha responsabilidade, não como vítima, mas fica difícil assumir uma culpa e virar um antiexemplo individualmente.”
“Estou disposto a colaborar e acho que é importante para o Brasil que isso seja feito.”

O "trabalho honesto" de Santana

É curioso que João Santana ainda ache "trabalho honesto" ter feito aqueles filmetes mentirosos para a campanha de Dilma Rousseff.

Feira confirma repasses a Marta Suplicy e Gleisi Hoffmann

Questionado pelo juiz Sérgio Moro, o marqueteiro João Santana confirmou os repasses da Odebrecht registrados na Planilha Italiano, administrada por Antonio Palocci.
Ele disse, por exemplo, que os R$ 18 milhões relacionados a "Evento 2008 Via Feira" foram caixa 2 das campanhas de Marta Suplicy e Gleisi Hoffmann.

Campanha em El Salvador a pedido de Lula

João Santana também confirmou os R$ 5,3 milhões pagos pela Odebrecht no caixa dois da campanha de Maurício Funes em El Salvador. "Fizemos a campanha a pedido de Lula", disse.

Feira: Odebrecht pagou campanha de reeleição de Lula

João Santana explicou que começou a receber da Odebrecht pelos serviços ao PT a partir da reeleição de Lula em 2006, antes mesmo da elaboração da Planilha Italiano.
"A relação foi aberta durante a campanha de reeleição do presidente Lula. Na época, o ministro Antônio Palocci fez o contato e uma parte do pagamento dessa campanha foi feita pela Odebrecht."

Ex-embaixador de Chávez no Brasil articulou apoio da Odebrecht

João Santana acusou o ex-embaixador venezuelano no Brasil Maximilien Arvelaiz de ter sido "o principal articulador e garantidor" da campanha que o marqueteiro fez para Hugo Chávez em 2012. Tudo pago pela Odebrecht.
"Na Venezuela também houve (caixa dois). A campanha da Venezuela, nós fomos convidados a fazer. O principal articulador e garantidor dessa campanha foi o então embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien..."
Segundo o marqueteiro, o embaixador "tinha tanto contato com o Partido dos Trabalhadores como com empresas brasileiras que trabalhavam na Venezuela".
O depoimento de Feira confirma os informes diplomáticos de Maximilien publicados por Veja no ano passado, nos quais o diplomata fala que Lula estava pessoalmente empenhado em reeleger Chávez e que estabeleceria no Brasil um "comando de campanha" com José Dirceu.
"Uma derrota de Chávez em 2012 seria igual ou pior que a queda do muro do Berlim", disse Lula, segundo o relato do então embaixador.
Maximilien: contatos com o PT e empreiteiras brasileiras com obras na Venezuela
Relatório produzido pelo embaixador Arveláiz sobre encontro com o ex-presidente Lula

Odebrecht bancou Haddad e Patrus

João Santana confirmou que a Odebrecht pagou, não oficialmente, por seus serviços nas campanhas de Fernando Haddad e de Patrus Ananias.

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