sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Texto-base do relatório da CPI da Covid está pronto e passa de mil páginas

 

O texto-base do relatório da CPI da Covid , elaborado pelo gabinete do relator do colegiado, senador Renan Calheiros (MDB-AL), já possui mais de mil páginas e pode crescer, um dependente dos fatos e dados a serem recolhidos pela CPI. Os capítulos do documento, ao qual o UOL teve acesso, estão divididos por fatos e depoimentos coletados ao longo dos trabalhos.

O resumo da atuação do colegiado possui mais de 400 páginas. O grosso do material está nos anexos, que incluem documentos e os principais pontos de destaque dos depoimentos.

O documento também irá sugerir a continuidade da investigação pelo Ministério Público da União por meio de inquéritos específicos para cada assunto trazido em destaque.

Segundo Renan, o relatório completo deverá ser fechado no próximo mês. "Vamos trabalhar para tentar apresentar o parecer final na segunda quinzena de setembro. Eu não sei se conseguiremos, mas eu vou me dedicar a isso", disse o relator.

Gabinete paralelo

Vários dos capítulos já elaborados dizem respeito ao chamado "gabinete paralelo da saúde", e incluem uma transcrição e links de vídeos, áudios, declarações e documentos que, segundo o relatório, comprovam a atuação do órgão extraoficial.

Um dos tolos do relatório é uma afirmação de que quem se opôs ao gabinete paralelo, que segundo o documento não possui "investidura pública formal", acabou deixando o Ministério da Saúde. São citados como exemplos os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.

Por outro lado, o ex-ministro geral da Saúde Eduardo Pazuello terá destaque neste capítulo por supostamente não se opor à atuação de médicos do gabinete na preparação de políticas públicas. Ele ainda será apontado como responsável por "colocar em prática" tais orientações extraoficiais, de acordo com o relatório.

Segundo o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o documento deve imputar a Pazuello alguns crimes, como "charlatanismo, prevaricação, advocacia administrativa e por atuar contra a ordem sanitária". Os parlamentares ainda discutem se incluem na lista corrupção passiva.

UOL reconstitui a defesa da Pazuello e aguarda retorno. Se vier, esta reportagem será atualizada com o posicionamento.

Calheiros trará a afirmação de que, sem investidura oficial, o gabinete paralelo estimulou a política da chamada "imunidade de rebanho" e o uso da cloroquina e de outros medicamentos sem comprovação científica para o tratamento da covid-19.

Cloroquina e TrateCov

Também já foram necessários os capítulos que dizem respeito à atuação do Exército na produção de remédios como a cloroquina, mesmo após a comprovação de ineficácia contra o novo coronavírus amplamente divulgada pela imprensa, ea mobilização do MRE para obter a matéria -prima para fabricação das drogas em outros países.

Haverá um destaque no relatório também em relação ao aplicativo "TrateCov", que, segundo Pazuello teria sofrido um ataque hacker , fato desmentido por uma auditoria técnica do TCU.

Na redação, o aplicativo está sendo tratado como uma das políticas de falhas do Ministério da Saúde que o critério utilizado Manaus, capital do Amazonas, como "experimento" para as teorias do gabinete paralelo.

Neste contexto, a minuta de um decreto presidencial, que pretendia alterar a bula da cloroquina sem o aval da Anvisa, também deve ser anexada ao texto.

A mudança na descrição do remédio havia sido defendida pela médica Nise Yamaguchi, segundo os depoimentos de Mandetta e Antônio Barra Torres (presidente da Anvisa), que será apontada pelo relator como sendo uma das integrantes do gabinete paralelo.

Em resposta à reportagem, o advogado de Nise Yamaguchi, Raul Canal, afirmou que a médica "não participou de nenhum gabinete paralelo" e que "as reuniões das quais participaram para discutir Covid-19 e tratamento precoce, sempre foram abertas e públicas" . Segundo ele, em uma das ocasiões, participou do encontro do ex-ministro Henrique Mandetta e o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres.

"Gabinete paralelo configura-se numa narrativa construída pelos sete senadores que conduzem a CPI, com o único propósito de atender a seus interesses eleitoreiros", especiais.

Todos esses fatos, envolvendo principalmente o geral do Exército, aparecerão como aspectos que prejudicaram o país na aquisição de vacinas contra uma doença.

A VTCLog, empresa que presta o serviço de armazenamento e distribuição de insumos do ministério, terá um capítulo próprio.

Fonte: UOL

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