Além da prisão preventiva do pecuarista, foram realizadas buscas e apreensões no BNDES, em endereços ligados a familiares do investigado e em empresas do Grupo Bertin
A pedido da força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal (MPF), o pecuarista José Carlos Bumlai foi preso na manhã desta terça-feira (24 de novembro). Esta 21ª operação da Lava Jato, batizada como Passe Livre pela Polícia Federal, envolve 25 mandados de busca e a preensão, 6 mandados de condução coercitiva e 1 mandado de prisão preventiva (de Bumlai), realizados em São Paulo, Lins, Piracicaba (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Campo Grande e Dourados (MS).
Segundo a decisão da Justiça Federal no Paraná, que autorizou a operação, “as provas indicam que [Bumlai] disponibilizou seu nome e suas empresas para viabilizar de maneira fraudulenta recursos a partido politico, com todos os danos decorrentes à democracia, e, posteriormente, envolveu-se na utilização de contrato público de empresa estatal para obter vantagem indevida para si e para outrem. Além disso, presentes elementos probatórios indicam o envolvimento dele em outros episódios criminosos ou em condutas suspeitas de lavagem de dinheiro, como pagamentos a operador de propina e de lavagem de dinheiro da Petrobras, saques sucessivos vultosos em espécie de suas contas bancárias e que se estendem a 2014, expediente não raramente utilizado para evitar rastreamento bancário, envolvimento, segundo apontado pelo MPF, em outros casos criminais, como suposto pagamento de propina no Caso Sanasa [...] e suposta venda superfaturada de fazenda ao Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] para reforma agrária.”
Além da prisão preventiva de Bumlai, foram autorizadas as conduções coercitivas de Cristiane Dodero Bumlai, Guilherme Bumlai e Mauricio Bumlai, nora e filhos do empresário, respectivamente, além dos administradores Natalino Bertin e Silmar Bertin, ligados ao Grupo Bertin, e do policial militar Marcos Sergio Ferreira, suspeito de sacar valores em espécie para Bumlai. A Polícia Federal também está cumprindo mandados de busca e apreensão de contratos das empresas de Bumlai no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e em endereços ligados aos investigados.
Os alvos da operação desta terça-feira são suspeitos de participar de um esquema de corrupção na contratação da Schahin Engenharia, em 2009, como operadora do navio-sonda Vitoria 10.000. Em dezembro do ano passado, o MPF já havia formulado denúncia por corrupção na construção da embarcação, feita pela Samsumg Heavy Metals.
De acordo com as investigações, a assinatura do contrato de operação da sonda em favor da Schahin ficou condicionada à quitação fraudulenta de um empréstimo de R$ 12 milhões concedido pelo Banco Schahin em 2004, que beneficiou o Partido dos Trabalhadores (PT). O empréstimo foi concedido formalmente para José Carlos Bumlai, mas se destinava, segundo a apuração, ao PT. Há suspeitas ainda de que o Grupo Bertin tenha intermediado o repasse para o partido. Além disso, investiga-se o envolvimento de Bumlai em outros esquemas criminosos de corrupção e lavagem de dinheiro.
Veja aqui as íntegras do pedido do MPF e do despacho da Justiça Federal.
Autos nº 5056156-95.2015.4.04.7000 - chave: 890148254015
Lava Jato – Acompanhe todas as informações oficiais do MPF sobre a Operação Lava Jato no site www.lavajato.mpf.mp.br.
10 Medidas – O combate à corrupção é um compromisso do Ministério Público Federal. Por esta razão, o MPF apresentou ao Congresso Nacional um conjunto de dez medidas distribuídas em três frentes: prevenir a corrupção (implementação de controles internos, transparência, auditorias, estudos e pesquisas de percepção, educação, conscientização e marketing); sancionar os corruptos com penas apropriadas e acabar com a impunidade; criar instrumentos para a recuperação satisfatória do dinheiro desviado. Saiba mais em www.dezmedidas.mpf.mp.br.
(24/11/2015)
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