sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Leia todas as mais de mil páginas do inquérito dos atos antidemocráticos

 

pedido dos atos antidemocráticos foi aberto em abril a da Procuradoria-Geral da República depois que as manifestações defendendo a volta da ditadura militar, intervenção das Forças Armadas e atacando instituições democráticas marcaram as comemorações pelo Dia do Exército em diferentes cidades do País. A realização de atos simultâneos, com carros de som e peças de propaganda 'profissionais', nas palavras da Procuradoria, ensejaram a apuração sobre a organização, divulgação e o financiamento de eventos.

Além dos protestos físicos, o suposto ganho por blogueiros, influenciadores e youtubers de direita com transmissão ao vivo dos protestos chamou a atenção do Ministério Público Federal (MPF). A suspeita é que parlamentares, empresários e donos de sites bolsonaristas atuem em conjunto em um 'negócio lucrativo' de divulgação de manifestações contra a democracia . Entre apoiadores do governo, o inquérito é visto como uma iniciativa para criminalizar a defesa ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os valores conservadores e de direita.

Nos últimos oito meses, os delegados federais Igor Romário de Paula, Denisse Dias Rosas Ribeiro, Fábio Alceu Mertens e Daniel Daher, designados para conduzir as investigações, intimaram mais de 40 pessoas. São empresários declaradamente bolsonaristas, deputados da base de apoio do governo, membros do partido em gestação Aliança pelo Brasil, assessores da presidência, os filhos do presidente Jair Bolsonaro, Eduardo e Carlos, e donos de páginas nas redes sociais idealizadas para defensores ideais conservadores.

Os delegados federais também pediram ao senador Ângelo Coronel (PSD-BA), o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Notícias Falsas, o compartilhamento de dados sigilosos capturado pelo grupo de trabalho no Congresso.

O ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), também autorizou a quebra de sigilo de investigados e expediu mandados de provisória contra integrantes do grupo extremista '300 do Brasil' e de busca e apreensão cumpridos em junho na Operação Lume .

Entre relatórios elaborados pela Polícia Federal sobre o avanço das investigações, intimações e termos de depoimentos, mandados de busca e prisão, despachos da Procuradoria Geral da República e do Supremo Tribunal Federal, os autos de investigação já somam mais de mil páginas.

Veja como foi dividida a investigação:

1) Organizadores e movimentos : pessoas e coletivos conservadores que, segundo o Ministério Público Federal, expressaram apoio ou simpatia a manifestações contra a democracia.

2) Influenciadores e hashtags : rede supostamente articulada para propagar mensagens defendendo uma ruptura institucional, a exemplo dos hashtags #MaiaTemQueCair e #TodoPoderEmanaDoPovo ou de expressões como 'intervenção militar com Bolsonaro no poder' e 'STF inimigo do Brasil'.

3) Monetização : influenciadores digitais e doadores de páginas e canais favoráveis ​​ao governo que converter audiência em dinheiro. Para isso, segundo apontou para o Ministério Público Federal, investem na radicalização do discurso.

“Há uma escalada em que mensagens apelativas propagação e dinheiro; e a busca por dinheiro gera a necessidade de renovação de bandeiras com grande apelo e propagação. Com o objetivo de lucrar, estes canais, que alcançam um universo de milhões de pessoas, potencializam ao máximo a retórica da distinção amigo-inimigo, dando impulso, assim, a insurgências que acabam por materializar na vida real, e alimentando novamente toda a cadeia de mensagens e informações de recursos financeiros ”, diz um trecho do documento em que o MPF pediu quebras de sigilo de investigados.

4) Conexão com parlamentares : políticos bolsonaristas foram chamados a prestar depoimentos por três principais principais, segundo os autos do processo: 1) manifestações nas redes sociais; 2) ligação com movimentos e influenciadores; 3) contratação de empresas de tecnologia envolvidas na investigação.

Saiba quem já foi ouvido ou intimado:

Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), vereador ( leia detalhes do depoimento )

Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado federal ( leia detalhes do depoimento )

Alê Silva (PSL-MG), deputada federal ( leia detalhes do depoimento )

Aline Sleutjes (PSL-PR), deputada federal

Alexandre Frota (PSDB-SP), deputado federal ( leia detalhes do depoimento )

Beatriz Kicis (PSL-DF), deputada federal

Carla Zambelli (PSL-SP), deputada federal

Caroline de Toni (PSL-SC), deputada federal

Daniel Silveira (PSL-RJ), deputado federal

General Girão (PSL-RN), deputado federal ( leia detalhes do depoimento )

Júnio do Amaral (PSL-MG), deputado federal

Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), deputado federal

Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo

Tércio Arnaud Tomaz, assessor especial da Presidência da República ( leia detalhes do depoimento )

José Matheus Sales Gomes, assessor especial da Presidência da República

Pastor Romildo Ribeiro Soares, ou RR Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus ( leia detalhes do depoimento )

Luís Felipe Belmonte dos Santos, vice-presidente do Aliança pelo Brasil ( leia detalhes do depoimento )

Luiz Renato Durski Junior, comerciante dono da rede de restaurantes Madero

Allan dos Santos, do blog Terça Livre ( leia detalhes do depoimento )

Sandra Mara Volf Pedro Eustáquio, mulher do blogueiro Oswaldo Eustáquio e ex-secretária nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos

José Luiz Boni ou Roberto Boni, do canal Universo

Ana Maria da Silva Glória, colaboradora do site Terça Livre

Sara Fernanda Giromini, do canal Sara Winter e do movimento '300 do Brasil'

Joice Hasselmann (PSL-SP), deputada federal

Otoni de Paula (PSC-RJ), deputado federal

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