sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Recenseadores do IBGE denunciam ameaças e violência em entrevistas do Censo 2022

 Recenseadores do IBGE denunciam ameaças e violência em entrevistas do Censo 2022



Texto por:Estadão Conteúdo18/08/22 - 17h52min

O medo, a falta de orientações e a vontade de desistir têm sido comuns no dia a dia dos recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde que começaram a atuar na realização do Censo 2022 no dia 1º de agosto. Os relatos são numerosos em grupos das redes sociais que reúnem os profissionais. "Um homem quase me bateu quando perguntei o sexo dele; já saiu gritando comigo e me perguntando que tipo de pergunta é essa, porque ele é muito macho", desabafou uma recenseadora em um grupo. "Ontem eu voltei para casa chorando, fiquei o dia todo escutando piadinhas dos moradores", lamenta outra. "Eu vou desistir antes de terminar o primeiro setor", contou outra agente.

Nos últimos dias, foram registrados casos de agressões verbais, assédio e ameaças aos profissionais em diferentes pontos do País. Os recenseadores são orientados a retornar a cada domicílio por quatro vezes no caso de recusa ou ausência dos moradores. Em uma cidade no interior do Maranhão, José (nome fictício) diz que, na quarta visita a uma das casas, deixou uma notificação que pede que o cidadão entre em contato com o recenseador responsável pela área. "Não sei como, mas a pessoa achou meu número pessoal e ligou às nove da noite me insultando, dizendo que ia mandar me prender, que não ia responder o censo porque ela não era vagabunda e não devia nada para o governo", conta.

Um áudio enviado ao Agente Censitário Supervisor (ACS), ele afirma que, ao explicar sobre a obrigatoriedade das respostas, foi confrontado: "Ela falou que não tinha nada a ver, e que se você quiser pode ir lá, mas que ela poderia nos processar por ter deixado uma notificação na casa dela. Eu considero isso um desacato ao funcionário público, que é um crime, né?".

Após conversar por telefone com o supervisor, que orientou o recenseador a voltar à residência, a moradora concordou em responder aos questionamentos, mas José não descarta registrar um boletim de ocorrência. "Se for só pra conversar e ela sair impune, ela pode fazer isso com outras pessoas", afirma.

Em Goiânia, Sandro (nome fictício) também passou por situações como essa em duas ocasiões. Quando assinou o contrato de trabalho com o IBGE, decidiu avisar alguns moradores de seu setor, próximo de onde mora, sobre o início da coleta dos dados. Um dos moradores, agente de segurança pública, teria ameaçado pegar uma arma de fogo. Nesta semana, um homem que chegou a iniciar a entrevista na calçada mudou de ideia. "Ele começou a gritar, me xingar de vagabundo e voltou para a casa simulando que ia pegar algo para me agredir caso eu não saísse da calçada", relata.

Quando o caso foi levado aos supervisores, Sandro teria sido orientado a voltar à residência em outro dia e tentar resolver a situação. "Nas duas agressões não disseram quais seriam as medidas adotadas, mas sofri retaliação da supervisão, que disse que se eu registrasse um boletim de ocorrência iria sujar o nome do IBGE", completa. Sandro se negou a voltar ao local e foi transferido de setor. Ele conta, ainda, que o grupo em que a equipe trocava informações foi restringido para que apenas os supervisores pudessem enviar mensagens. Na última sexta-feira, ele teria sido desligado das atividades como recenseador.

Na cidade de Fortaleza, Bruna (nome fictício) foi assaltada na semana passada enquanto realizava entrevistas do censo. Segundo o boletim de ocorrência registrado, dois homens a ameaçaram com arma de fogo e levaram o celular fornecido pelo IBGE. Sem equipamento, ela ficou oito dias sem trabalhar até que um novo aparelho fosse fornecido. "Perguntei sobre direito à reparação financeira, já que ganhamos por produção. Mas não obtive resposta", conta. Um B.O. por calúnia também foi registrado por uma recenseadora contra um entrevistado na cidade de Ponta Grossa, no Paraná.

Para os recenseadores ouvidos, as dificuldades se devem à falta de divulgação sobre o censo. "A maioria das pessoas não sabe o que significa essa entrevista e só faltam nos bater; outras se escondem ou nos tratam super mal", continua Bruna. "As pessoas têm medo de golpes ou coisas piores", pontua José. Um dos recenseadores conta que adotou uma estratégia para tentar diminuir a taxa de recusas; ele mostra uma reportagem televisiva que noticia o início do censo e informa que as equipes do IBGE farão visitas a mais de 70 milhões de domicílios pelo País.

Muitos entrevistados também parecem não compreender o objetivo dos questionários: há moradores que ficam receosos de ter que informar o CPF ou responder a perguntas como de qual raça se consideram e se são do sexo feminino ou masculino. "Tem muitas também que acham que é uma pesquisa sobre política, por ser ano de eleição", explica Sandro.

Casos isolados

Segundo o IBGE, as situações de agressão são casos isolados que estão sendo encaminhados localmente pelas unidades estaduais do instituto. Por meio de nota, o órgão informou que em casos de ofensa, assédio, agressão, qualquer ato de violência, verbal ou física, a orientação aos recenseadores é inicialmente comunicar ao coordenador de subárea ou ao supervisor e registrar um boletim de ocorrência para as devidas providências.

"Cabe ressaltar que agentes, pesquisadores ou recenseadores do IBGE são servidores públicos federais. Crimes contra eles são sujeitos a investigações federais com base no art. 144, § 1º, inc. I, da Constituição da República Federativa do Brasil. O mesmo art. 144 se aplica quando alguém se faz passar por agente, recenseador ou pesquisador do IBGE. Todos os casos o IBGE repassa à AGU (Advocacia-Geral da União). O infrator fica sujeito a penas previstas em lei", diz o informativo.

Responder aos questionamentos do censo é obrigatório, como prevê a Lei Federal 5.878/1973. Não fornecer as informações solicitadas após um prazo de sete dias é considerado uma recusa, passível de multa e sanções judiciais descritas na Lei 5.534/1968. O IBGE se compromete a resguardar a confiabilidade das informações prestadas e garante que elas são usadas exclusivamente para fins estatísticos.

Realizado a cada dez anos em todos os municípios brasileiros, o Censo Demográfico do IBGE busca produzir dados estatísticos que retratem como vive a população a partir de informações sobre educação, renda, saúde, saneamento básico e emprego. Os dados embasam o planejamento e a execução de políticas públicas em todos os níveis de governo, orientando sobre áreas prioritárias de investimento e distribuição do orçamento.

Segundo o IBGE, trata-se da única fonte de informações sobre a situação de vida dos habitantes que abrange cada um dos municípios do País, já que os levantamentos por amostragem não representariam todos os níveis geográficos.

Fonte: Dinheiro Rural

sábado, 6 de agosto de 2022

Guia do Censo 2022 para Jornalistas

 O Guia do Censo 2022 para Jornalistas é uma publicação digital produzida para auxiliar os profissionais da mídia na cobertura do Censo Demográfico. 

Em nove capítulos, o e-book reúne números, informações e imagens sobre os principais temas da maior pesquisa do país: 

  1. história, 
  2. panorama, 
  3. projeto tecnológico, 
  4. base territorial, 
  5. povos e comunidades tradicionais, 
  6. recursos humanos e treinamento, 
  7. relações institucionais, 
  8. questionários e 
  9. padrão IBGE de qualidade. 

Além disso, traz links diretos para as matérias produzidas pela Agência IBGE Notícias.

Download do Guia do Censo para Jornalistas

Censo 2022: O que o IBGE quer saber? Quanto tempo dura a visita? Veja perguntas e respostas

Censo 2022: O que o IBGE quer saber? Quanto tempo dura a visita? Veja perguntas e respostas

Por g1

 


IBGE inicia pesquisa do Censo 2022 — Foto: Reprodução/Prefeitura de Praia Grande

IBGE inicia pesquisa do Censo 2022 — Foto: Reprodução/Prefeitura de Praia Grande

Os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deram início à coleta domiciliar do Censo Demográfico 2022Programado para acontecer em 2020, o Censo está sendo realizado com dois anos de atraso em razão da pandemia de Covid-19 e de cortes orçamentários.


Até o início de novembro, os recenseadores vão visitar cada um dos domicílios nos 5.570 municípios do país, incluindo aldeias indígenas e territórios quilombolas.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre o Censo 2022:

Coleta de dados do censo 2022 começa nesta segunda (1º) em todo o Brasil
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Coleta de dados do censo 2022 começa nesta segunda (1º) em todo o Brasil

1. O que é o Censo? 


O Censo é uma pesquisa realizada a cada 10 anos pelo IBGE, e a última foi feita em 2010. O levantamento realiza uma ampla coleta de dados sobre a população brasileira e permite traçar um perfil socioeconômico do país.

Além saber exatamente qual o tamanho da população, o Censo visa obter dados sobre as características dos moradores – idade, sexo, cor ou raça, religião, escolaridade, renda, saneamento básico dos domicílios, entre outras informações.

A população brasileira é estimada atualmente em cerca de 215 milhões de pessoas. O IBGE calcula que existam hoje cerca de 75 milhões de domicílios no país.


2. Por que o Censo atrasou?


As entrevistas para a construção do Censo deveriam ter sido realizadas em 2020, mas foram suspensas por causa da pandemia de coronavírus.


Em 2021, houve um novo adiamento por falta de recursos. O Orçamento 2021 foi sancionado, com vetos, pelo presidente Jair Bolsonaro, o que sacramentou a suspensão da realização do Censo no ano passado. Após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo federal liberou os R$ 2,3 bilhões necessários para a realização da operação censitária.


3. Qual a importância do Censo?


O Censo Demográfico tem por objetivo contar os habitantes do território nacional, identificar suas características e revelar como vivem os brasileiros.

As informações do Censo são essenciais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas e para a realização de investimentos públicos e privados.

Entre as políticas públicas afetadas pelo Censo, é possível citar:

  1. Calibragem da democracia representativa, através da contagem populacional (definição do número de deputados federais e estaduais e de vereadores);
  2. Determinação dos públicos-alvo de políticas públicas federais, estaduais e municipais;
  3. Detalhamento da população em risco para campanhas de vacinação;
  4. Ajustes nas políticas para superação e recuperação pós-pandemia;
  5. Distribuição das transferências da União para estados e municípios, com impacto significativo nos orçamentos públicos (segundo o IBGE, em 2019, 65% do montante total transferido da União para estados e municípios consideraram dados de população);
  6. Transferências e recursos para a administração de programas sociais;
  7. Identificação de áreas de investimento prioritário em saúde, educação, habitação, transportes, energia, programas de assistência a crianças, jovens e idosos.


4. Como será feito o Censo?


Os recenseadores do IBGE visitarão 89 milhões de endereços sendo 75 milhões de domicílios.

Até o início de novembro, os recenseadores vão visitar cada um dos domicílios do país, incluindo aldeias indígenas. Além disso, pela primeira vez, os moradores de territórios quilombolas serão contabilizados.

A coleta domiciliar nas áreas indígenas começa em 10 de agosto, e a dos territórios quilombolas, em 17 de agosto.

Os primeiros resultados do Censo 2022 estão previstos para serem divulgados ainda no final deste ano. Outras análises e cruzamentos de dados serão divulgados ao longo de 2023 e 2024.


5. Quanto tempo dura a visita?


Serão aplicados dois tipos de questionário: o básico, com 26 quesitos, leva em torno de 5 minutos para ser respondido. Já o questionário ampliado, com 77 perguntas e respondido por cerca de 11% dos domicílios, leva cerca de 16 minutos.

Imagem da página inicial do questionário básico do Censo 2022 — Foto: Reprodução/IBGE

Imagem da página inicial do questionário básico do Censo 2022 — Foto: Reprodução/IBGE

O questionário básico traz os seguintes blocos de perguntas: identificação do domicílio, informações sobre moradores, características do domicílio, identificação étnico-racial, registro civil, educação, rendimento do responsável pelo domicílio, mortalidade.


Já o questionário da amostra, além dos blocos contidos no questionário básico, investiga também: trabalho, rendimento, nupcialidade, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, pessoas com deficiência, migração interna e internacional, deslocamento para estudo, deslocamento para trabalho e autismo.

A seleção da amostra que irá responder o questionário ampliado é aleatória e feita automaticamente no Dispositivo Móvel de Coleta (DMC) do recenseador.


6. Como identificar o recenseador ou recenseadora?


Segundo o IBGE, os recenseadores estarão sempre uniformizados, com o colete de identificação, boné do Censo, crachá e o Dispositivo Móvel de Coleta (DMC). É possível confirmar a identidade do agente do IBGE no site Respondendo ao IBGE (respondendo.ibge.gov.br) ou pelo telefone 0800 721 8181.

Saiba como identificar o recenseador ou recenseadora — Foto: Divulgação/IBGE

Saiba como identificar o recenseador ou recenseadora — Foto: Divulgação/IBGE

7. Quem pode responder o questionário?


Apenas uma pessoa do domicílio responderá por todos os residentes. Segundo o IBGE, qualquer morador, acima de 12 anos, capaz de fornecer as informações, pode responder ao recenseador por todos os demais moradores do domicílio.

IBGE solicita os dados da pessoa que prestou as informações, como nome, telefone, e-mail e CPF.

"Todas as informações coletadas são confidenciais, protegidas por sigilo e usadas exclusivamente para fins estatísticos, conforme estabelece a legislação pertinente: Lei nº 5.534/68, Lei nº 5.878/73 e o Decreto nº 73.177/73", destaca o IBGE.


8. Questionário precisa ser respondido presencialmente?


No Censo 2022, além da coleta presencial, será possível responder ao Censo também pelo telefone ou optar pelo autopreenchimento via internet.

Em qualquer situação, entretanto, será preciso que o recenseador visite o domicílio, para captar a coordenada e fazer o contato com o morador, segundo explicou o responsável pelo projeto técnico do Censo 2022, Luciano Duarte.

A entrevista por telefone também será utilizada para aqueles que optarem pelo autopreenchimento pela internet, mas não concluírem o questionário. Para isso, o IBGE terá uma central telefônica exclusiva, o Centro de Apoio ao Censo (CAC), disponível via 0800 721 8181.

Caso o recenseador não encontre o morador na primeira visita, ele deixará um bloco de recado ou tentará o contato por telefone. Além disso, o recenseador deverá retornar ao domicílio, no mínimo, mais quatro vezes, sendo que uma obrigatoriamente em turno alternativo.

A operação prevê ainda que o supervisor de cada área retornará aos domicílios com morador ausente ou com recusa expressa e entregará uma carta de notificação, contendo um e-ticket válido por dez dias para o preenchimento pela internet. “É a última tentativa e, se não houver resposta, não há retorno e o domicílio será posteriormente tratado estatisticamente”, explicou Duarte.

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