Eric Yuan viu o valor de sua empresa, que fornece o aplicativo Zoom para videoconferências, dobrar o valor de mercado nos últimos três meses Kena Betancur/Getty Images
Eric Yuan, 49 anos, é uma das poucas pessoas no mundo que viram sua fortuna crescer na proporção em que o novo coronavírus arrasa as economias de todos os países e ameaça tirar emprego e renda de milhões de pessoas. Chinês naturalizado americano, ele é o fundador do Zoom, um aplicativo que permite reuniões a distância, as chamadas videoconferências.
A empresa de Yuan, a Zoom Video Communication, com sede em San Jose (Califórnia), no Vale do Silício, mais que duplicou de valor na Nasdaq – a bolsa de valores que reúne o maior número de empresas de tecnologia no planeta –, nos últimos três meses. Em janeiro, quando o surto do novo coronavírus explodiu na China, as ações da empresa eram negociadas em torno de US$ 70. Em 23 de março, em meio à disseminação do vírus nos Estados Unidos, chegaram ao pico de US$ 160.
Com a disparada no preço das ações, a Zoom Video Communication atingiu valor de mercado de US $ 42 bilhões – mais que o dobro da capitalização da Twitter Inc, por exemplo, estimada em US$ 18 bilhões.
O crescimento meteórico do preço das ações da Zoom em meio à crise do coronavírus transformou seu fundador em uma das pessoas mais ricas do mundo. Yuan, dono de 20% das ações da empresa, viu seu patrimônio líquido estimado aumentar em mais de US$ 4 bilhões desde o início da crise da covid-19, para US$ 7,9 bilhões.
O salto de valor da empresa de Yuan se deu com a necessidade de as corporações, instituições, escolas e as mais diversas entidades de se manterem em funcionamento em meio ao isolamento social. As reuniões online se transformaram em ferramenta vital para as companhias – sejam pequenas, médias ou de grande porte –, estudantes e professores, profissionais de saúde, pesquisadores e pessoas dos mais diversos setores. O app Zoom tornou-se a alternativa preferida para muita gente, ao permitir que até 500 pessoas conversem simultaneamente sem a necessidade de se expor aos riscos de contaminação do coronavírus.
A Zoom não fornece números diários de downloads, mas dados divulgados pela empresa de rastreamento de aplicativos Apptopia mostram que o aplicativo foi baixado 2,13 milhões de vezes em todo o mundo somente em 23 de março contra uma média diária de 56 mil downloads dois meses antes da pandemia.
História com cenário de filme
Ao falar de sua escalada rumo ao sucesso no mundo da tecnologia, Eric Yuan narra uma história que mistura roteiro de filme romântico com série de aventuras. Em diversas entrevistas que deu nas últimas semanas, o empresário contou que a inspiração do Zoom está em uma história de amor. “Eu estava em meu primeiro ano de faculdade na China, e tinha que pegar um trem por dez horas para visitar minha namorada, que morava longe. Eu detestava essas viagens e ficava quebrando a cabeça para pensar em outras maneiras de vê-la sem precisar entrar em um trem. No fim, isso foi a semente do Zoom”, disse ao portal Medium.
Outro capítulo dessa história também tem roteiro de filme. Ao jornal espanhol, Yuan revelou que os Estados Unidos negaram oito vezes seu pedido de visto de residência. Assim mesmo não desistiu e, na nova vez, conseguiu, quando já era formado em Matemática Aplicada e Ciência da Computação pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Shamdong, província onde nasceu, a 540 quilômetros de Pequim.
Com o visto em mãos, o jovem chinês se instalou no Vale do Silício. Ao jornal Financial Times ele contou que tinha como inspiração Bill Gates, o fundador da Microsoft, e que seguiu uma orientação de seu pai: “trabalhe duro e seja humilde”.
A ascensão no Vale do Silício veio quando a Cisco comprou a empresa em que ele trabalhava, a WebEx, localizada em Milpitas, em 2007. A Cisco o escolheu para liderar seu grupo de engenharia, mas alguns anos depois Yuan decidiu deixar o emprego para realizar o antigo plano de ter a sua própria startup. Surgia aí a semente da Zoom, fundada em 2011 em San Jose, Califórnia.
Hoje a Zoom emprega cerca de 1.700 funcionários somente na sede de San José. Perfil de Yuan feito pela revista Forbes mostra que, apesar da riqueza, ele continua um homem tremendamente austero. Continua a pegar o Calltrain, o trem que liga as cidades da área da baía de São Francisco, mesmo que tenha na garagem um Tesla, carro totalmente elétrico.
Como forma de contribuir durante a crise do coronavírus, Yuan decidiu em meados de março remover o limite de tempo das conversas por vídeo usando o serviço gratuito da Zoom para todas as escolas de ensino fundamental e médio dos países mais afetados pela covid-19.
Célio Martins é jornalista e escritor. Atuou em vários veículos de comunicação brasileiros, como Folha de S. Paulo, Folha de Londrina, O Estado do Paraná, Correio do Estado (MS), TV Iguaçu (SBT), Rede CNT e TV Campo Grande (SBT). Na Gazeta do Povo passou pelas editorias de Esportes, Curitiba, Paraná, Brasil, Mundo e foi editor da Primeira Página do jornal impresso. É autor e editor do blog Certas Palavras, com publicações nas áreas de política, meio ambiente, cultura e cotidiano. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
Fonte: Gazeta do Povo
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