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A Fundação Open Society, comandada pelo bilionário George Soros, distribuiu cerca de US$ 32 milhões a organizações brasileiras entre 2016 e 2019. O valor equivale a aproximadamente R$ 117 milhões, considerando o câmbio médio de cada ano. A conclusão é de um levantamento exclusivo da Gazeta do Povo, com base em dados da própria fundação. Os números detalhados de 2020 ainda não estão disponíveis.
Ao todo, 118 organizações receberam recursos da Open Society para atuar no Brasil entre 2016 e 2019. A grande maioria é de entidades com sede no país, mas também houve repasses para que organizações estrangeiras realizassem projetos no Brasil.
O montante da Open Society aplicado no Brasil muito provavelmente é ainda maior, já que algumas das entidades internacionais financiadas pela Open Society atuam em diversos países ao mesmo tempo. Além disso, a organização distribui recursos diretamente a pesquisadores individuais. Esse montante não foi incluído no cálculo feito pela reportagem.
A Open Society, criada em 1984,
- defende a liberação das drogas,
- a legalização do aborto e
- a libertação de presos que eles chamam de “não violentos”.
- A organização também se orgulha de financiar projetos que “promovam os direitos em áreas como o reconhecimento legal da fluidez de gênero”.
Maiores favorecidos incluem entidade pró-legalização das drogas
No período de 2016 a 2019, a organização brasileira que mais recebeu recursos da Open Society foi a Associação Direitos Humanos em Rede, com US$ 2,3 milhões. A entidade, que hoje assumiu o nome de Conecta Direitos Humanos, se identifica como um grupo de ativistas em prol dos direitos humanos. Uma das prioridades da Conectas é a defesa de criminosos encarcerados. A entidade se opõe ao "encarceramento em massa" e apoia medidas que reduzam o número de prisioneiros no Brasil.
A segunda organização que mais recebeu recursos da Open Society é o Instituto Sou da Paz (US$ 1,8 milhão), que promove, dentre outras causas, a defesa do desarmamento da população.
Em seguida, aparece Instituto Igarapé (US$ 1, 5 milhão). A entidade comandada pela cientista política Ilana Szabó atua na defesa da descriminalização das drogas.
Outros nomes da lista da Open Society chamam atenção. A Fundação Fernando Henrique Cardoso obteve US$ 315 mil, distribuídos em três anos diferentes.
Já o Instituto Anis foi beneficiado com US$ 245 mil. O rosto mais conhecido da organização é de Débora Diniz, professora da Universidade de Brasília e uma das mais conhecidas defensoras da legalização do aborto no Brasil.
A Associação dos Juízes Federais obteve, em 2019, uma doação de US$ 10 mil.
A Quebrando o Tabu, que tem 12 milhões de seguidores no Facebook, recebeu US$ 228 mil.
A lista da Open Society também inclui a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Instituto Alana, o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ) e a Fiotec, um braço da Fundação Oswaldo Cruz.
Em princípio, não há nada de ilegal no trabalho da Fundação Open Society. Mas o volume significativo de recursos injetados em projetos alinhados com as causas de esquerda - e que nem sempre ganha publicidade - pode desequilibrar o debate público.
Além disso, a rede financiada pela Open Society é pouco conhecida do público. Os dados sobre as doações ficam em uma parte pouco acessível do site da organização, e não é possível fazer uma separação por país.
Muitas vezes, os beneficiados também não fazem questão de exibir a ligação. A Fundação Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, não divulga quem são os seus financiadores. O Viva Rio, tampouco. A Quebrando o Tabu também não. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) menciona a Open Society em sua prestação de contas, mas os dados estão defasados: o relatório mais recente é o do biênio 2016-2017.
A Fundação Open Society
- atua em 120 países,
- e distribuiu mais de 3 mil doações no ano de 2019.
- O orçamento total da fundação para 2020 foi de US$ 1,2 bilhão.
- Desses, US$ 55 milhões foram destinados à América Latina.
- George Soros tem uma fortuna US$ 8,6 bilhões, segundo a revista Forbes.
O que dizem as entidades apoiadas pela fundação de George Soros
A Conectas afirmou à Gazeta do Povo que sempre prezou pela transparência, e que todas as suas finanças são auditadas por uma firma independente. "A Open Society Foundations figura na lista de nossos doadores desde 2008 e, assim como as demais entidades, apoia a Conectas pelo alinhamento com nossas causas e por acreditar na capacidade da organização de influenciar de forma positiva nos principais desafios à efetivação dos direitos humanos", afirmou a organização, em nota.
O Instituto Igarapé afirmou que a Open Society é um dentre "dezenas de apoiadores de diversos países". Ainda de acordo com o instituto, os doadores não interferem na gestão da organização: "Não há interferência da fundação ou de qualquer outro financiador em nossos projetos. Agimos conforme o nosso mandato, com base em evidências científicas e princípios democráticos", disse, também por meio de nota.
O Instituto Sou da Paz informou que os recursos da Open Society no período foram usados para "apoio institucional" e projetos específicos, como o Indicador Nacional de Esclarecimento de Homicídios. A organização assegura ter "total independência" de seus financiadores, e diz não necessitar exclusivamente de nenhum deles para manter o seu trabalho.
A Fundação Getúlio Vargas afirma que a doação de 2018 bancou o projeto "Discrimination vs. Data Control in Brazilian Smart Cities" (que pode ser traduzido como "Discriminação versus Controle de Dados nas Cidades Inteligentes Brasileiras"). A FGV diz que a Open Society não fez qualquer exigência quanto ao teor do conteúdo produzido, e garante ter total independência.
A reportagem da Gazeta do Povo também procurou a Open Society, a Fiocruz, a Ajufe, o Viva Rio, a Fundação FHC, o Alana, o Quebrando o Tabu, o ANIS, o LAV-UERJ e a youtuber Jout Jout, mas não obteve retorno.
Fonte: Gazeta do Povo
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