Bolsonaro entra com ação contra o STF
A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (19), para suspender um artigo do Regimento Interno da própria Corte que permite abrir investigações de ofício, sem passar pela Procuradoria-Geral da República (PGR), como é o caso do inquérito das fake news.
O presidente Jair Bolsonaro passou a ser investigado nesse inquérito após colocar em dúvida o sistema eletrônico de votação sem apresentar provas em live transmitida pela TV Brasil.
Foi o ato final de um dia que parecia caminhar para um entendimento entre os poderes após semanas de tensão, com gestos e declarações públicas que demonstravam disposição para reatar a convivência pacífica entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Em um discurso em Cuiabá, Bolsonaro chegou a dizer que estava aberto a conversar com os ministros Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do STF. Um avanço e tanto para quem havia prometido, no último sábado (14), entrar com um pedido de impeachment contra ambos.
A declaração de paz do presidente da República aconteceu um dia depois de o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se reunir a portas fechadas com o presidente do STF, Luiz Fux.
Foi um gesto para reabrir um diálogo interrompido por causa do embate do voto impresso na Câmara. Ainda na quarta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), também conversou com Fux, destacando a importância de se reconstruir pontes entre os poderes.
Tudo parecia caminhar bem. Em um sinal de boa vontade nesta quinta, Pacheco deu encaminhamento às indicações do presidente da República ao STF, André Mendonça, e à PGR, Augusto Aras. Até quarta-feira (18), senadores ouvidos pela Gazeta do Povo afirmavam e endossavam a leitura de que, em decorrência do clima político, Pacheco e Bolsonaro haviam se distanciado e isso tornava incerto quando o Senado sabatinaria André Mendonça para o STF e Augusto Aras em sua recondução à PGR.
A ideia de Bolsonaro de entrar com um pedido de impeachment contra Barroso e Moraes gerou desconforto em Pacheco e alguns senadores. Ao ponto de aliados e conselheiros sugerirem ao presidente da República que desistisse da ideia. Ao que parece, Bolsonaro concordou, em parte. Segundo o jornal O Globo, a ação encampada para mudar o Regimento Interno do STF foi apresentada como uma alternativa para Bolsonaro se convencer de adiar o pedido de impeachment contra os ministros da Corte.
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