quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Contas do governo têm o melhor resultado para setembro desde 2012

 Contas do governo têm o melhor resultado para setembro desde 2012

A Esplanada dos Ministérios, em Brasília
A Esplanada dos Ministérios, em Brasília Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 25.jun.2021

O governo registrou o 1º saldo positivo nas contas públicas para setembro desde 2012, ou seja, em 9 anos. O superavit no mês foi de R$ 302,6 milhões frente ao rombo de R$ 76 bilhões reportado no mesmo período de 2020, quando o caixa do Tesouro foi fortemente afetado pela crise econômica.

O número de setembro veio melhor do que as estimativas de economistas consultados pelo Poder360. O dado positivo é efeito da arrecadação recorde registrada no mês e menor despesa com a covid.

Os dados foram divulgados nesta 5ª feira (28.out.2021) pelo Tesouro Nacional. Leia a íntegra (1 MB). O resultado primário considera a diferença entre as receitas e despesas do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), sem contabilizar o pagamento dos juros da dívida pública e outros encargos.

Em setembro, o Tesouro Nacional e o Banco Central foram superavitarios em R$ 15,2 bilhões. Já a Previdência Social teve deficit de R$ 14,9 bilhões.

No ano, o governo acumula rombo de R$ 82,5 bilhões. Mesmo negativo, é uma redução no ritmo de gastos. No mesmo período de 2020, as contas públicas tiveram deficit de R$ 677,4 bilhões.

Assista à apresentação dos dados:

Recuperação fiscal surpreende, mas governo se “comunica mal”, diz Mansueto

Recuperação fiscal surpreende, mas governo se “comunica mal”, diz Mansueto

Mansueto
O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, em entrevista ao Poder360, no estúdio do jornal digital Hanna Yahya/Poder360 - 19.mai.2020

O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, encaminhou uma mensagem aos clientes do banco enaltecendo a recuperação fiscal do governo federal, Estados e municípios. Afirmou que os últimos resultados das contas públicas surpreendem, mas que o governo se “comunica mal”. Eis a íntegra do comunicado (67 KB).

Segundo o ex-secretário do Tesouro, o governo tem conseguido inverter o cenário de resultados positivos para uma percepção de “maior risco”. Mansueto foi um dos cotados para substituir o ministro Paulo Guedes (Economia). Ele deixou o Tesouro em julho de 2020.

Para ele, o que está “machucando” os preços dos ativos locais é a crescente incerteza em relação às ações do governo em 2022 e o compromisso do próximo ajuste fiscal. O ministro Guedes admitiu que irá furar o teto de gastos em 2022, o que provocou uma reação negativa no mercado financeiro. As mudanças estão sendo discutidas na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos precatórios.

Infelizmente, o governo atual tem se comunicado muito mal em relação ao Orçamento de 2022 e tem conseguido transformar um cenário de recuperação fiscal surpreendente em um cenário de maior risco. O mercado aumentou o risco de um crescimento despesas obrigatórias permanentes no final deste governo com a recente mudança no teto”, disse Mansueto.

O economista afirmou que não sabe se haverá aumento permanente dos gastos, o que pode prejudicar as contas com o aumento dos juros e piorar o resultado nominal –saldo das contas ao considerar o pagamento de juros– dos próximos anos.

Ele citou, no entanto, a melhora nos dados fiscais do Ministério da Economia e do Banco Central em setembro. Segundo o Tesouro, as contas do governo federal tiveram superavit de R$ 302,6 milhões no mês, o melhor para o período desde 2012. O BC divulgou que o setor público consolidado –formado por governo, Estados, municípios e estatais– registrou saldo de R$ 12,9 bilhões, o melhor em 11 anos.

“Os dados mostram um resultado muito melhor do que qualquer um poderia esperar há poucos meses. Os números chegam a ser surpreendentes”, disse na mensagem. Citou que, no acumulado do ano até setembro, os Estados e municípios tiveram superavit primário de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto), o maior para o período em 30 anos.

No mesmo período, deficit primário do governo somou R$ 82,4 bilhões, valor R$ 594,6 bilhões menor se comparado com o resultado de janeiro a setembro de 2020, quando o rombo somou R$ 677 bilhões.

Considerando os gastos com juros, o economista disse que houve “forte melhora”: o deficit nominal passou de R$ 888,5 bilhões no acumulado do ano de 2020 para R$ 277,8 bilhões no mesmo período deste ano.

Devemos terminar este ano com um déficit nominal de 6% do PIB, ou seja, no mesmo valor de 2019, e muito inferior aos 14% do PIB do ano passado. Esta semana, em um debate que tive com diretores da Moody’s, eles se mostraram surpresos como o Brasil voltou rapidamente para a situação fiscal pré-covid”, afirmou Mansueto.

Comparou que os Estados Unidos devem diminuir o deficit nominal de 15% do PIB em 2020 para 12% em 2021. “Uma melhora muito pequena dada a dificuldade de o governo americano de reduzir rapidamente os programas de estímulos à economia e gastos extras para lidar com a covid. O Brasil fez uma volta muito rápida”, declarou.

‘Notícias encorajadoras’, diz Biden após fala de Bolsonaro sobre clima

‘Notícias encorajadoras’, diz Biden após fala de Bolsonaro sobre clima

Nesta sexta-feira, 23, foi encerrada a cúpula do clima, evento virtual organizado pelo governo dos Estados Unidos. Mais de 40 líderes mundiais compareceram à reunião. Em seu balanço da cúpula, o presidente democrata Joe Biden classificou como “encorajadores” os anúncios feitos por Jair Bolsonaro sobre o comprometimento de seu governo com o meio ambiente.

“Ouvimos notícias encorajadoras anunciadas da Argentina, do Brasil, da África do Sul e da Coreia do Sul”, disse o americano. Biden ressaltou, porém, que “os compromissos que nós fizemos precisam se tornar realidade”.

“Precisamos implementar esses compromissos, acelerá-los e investir a fim de alcançá-los. E nós precisamos trabalhar juntos novamente para construir um futuro de energia limpa que gera bons empregos e supera a ameaça das mudanças climáticas”, disse.

Bolsonaro discursou na quinta-feira, 22, e, pressionado pelo governo americano, se comprometeu com as ações necessárias para zerar até 2050 as emissões dos gases de efeito estufa e acabar com o desmatamento ilegal até 2030.

“Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais do governo, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização”, afirmou Bolsonaro, em uma clara mudança de tom diante das cobranças internacionais por maior colaboração.

Para especialistas em meio ambiente e sustentabilidade, porém, a fala não foi coerente com as políticas internas do chefe de Estado desde o início de seu mandato e faltou apresentar iniciativas concretas do governo federal para concretizar as metas.

“Ele fez um discurso diplomático, que não trouxe novidades reais em termos de metas ambiciosas”, avalia Izabella Teixeira, bióloga e ex-ministra do Meio Ambiente entre 2010 a 2016.

EUA elogiam Brasil por meta de reduzir emissões e desmatamento

 EUA elogiam Brasil por meta de reduzir emissões e desmatamento

John Kerry, enviado especial de Washington sobre o clima - Filippo Monteforte/AFP
John Kerry, enviado especial de Washington sobre o clima Imagem: Filippo Monteforte/AFP

O enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, cumprimentou hoje o Brasil após novo compromisso firmado para a redução na emissão de gases e no desmatamento ilegal, por meio de mensagem publicada no perfil oficial do governo americano, nas redes sociais. Kerry disse ainda estar "ansioso" para trabalhar junto com o país.

Saudamos os novos compromissos do Brasil para acabar com o desmatamento ilegal até 2028, alcançar uma redução significativa de 50% de GEE até 2030 e atingir zero líquido até 2050. Isso adiciona um impulso crucial ao movimento global para combater o #ClimateCrisis . Estamos ansiosos para trabalhar juntos!. John Kerry

O Brasil anunciou hoje que pretende reduzir pela metade a emissão de gases de estufa até 2030. A nova meta foi anunciada pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, em um pronunciamento feito em Brasília e transmitido no Pavilhão Brasil, instalado na COP26, 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que acontece em Glasgow, na Escócia.

"Apresentamos hoje uma nova meta climática, mais ambiciosa, passando de 43% (na redução da emissão de gases estufa) para 50% até 2030 e de neutralidade de carbono até 2050, que será formalizada durante a COP26", disse Leite, que vai para a conferência no dia 6.

O ministro completou dizendo que "as contribuições do Brasil para superar os desafios estão postas". "Não faltará empenho do governo federal para chegarmos num resultado positivo para o Brasil e o mundo".

Pouco antes do anúncio, um vídeo gravado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi exibido, no qual ele afirmou que os "bons resultados até 2020" permitiriam ao país apresentar metas climáticas "mais ambiciosas".

"Temos que agir com responsabilidade buscando soluções reais para uma transição que se faz urgente. Vamos oferecer melhor qualidade de vida a todos os brasileiros. Assim vamos contribuir para melhorar a qualidade de vida em todo o planeta. Repito minha mensagem a todos que participam da COP26 e ao povo brasileiro. O Brasil é parte da solução para superar esse desafio global. Os resultados alcançados pelo nosso país até 2020 demonstram que podemos ser ainda mais ambiciosos", declarou Bolsonaro.

Bolsonaro ficou de fora da lista de 117 chefes de Estado e autoridades que participam hoje a amanhã da primeira parte do encontro. O próprio presidente decidiu não ir à Convenção do Clima, argumentando que se tratava de uma "estratégia nossa".

Chega

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Daniel Lopez


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