terça-feira, 26 de maio de 2015

“O sistema político irá naufragar”, afirma cientista político César Benjamin

“O sistema político irá naufragar”, afirma cientista político César Benjamin

25 de março de 2015 
Gabriela Salcedo
IMG_20150324_155520654Fundações de partidos políticos (PSB, PPS, PV e SD) organizaram ontem (24) o evento “Diálogo Brasil: reflexões sobre a crise e os caminhos democráticos” na sede nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na oportunidade, especialistas de entidades da sociedade civil debateram o momento político atual, visto como o início da maior crise da história republicana brasileira. O caminho apontado por todos foi um só: reforma política, ou “reforma da política”, como se referiu o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, que também participou do evento.
A Fundação João Mangabeira, Fundação Astrogildo Pereira, Fundação Verde Hebert Daniel e Fundação 1º de Maio, com seus respectivos presidentes, Renato Casagrande, Alberto Ágil e José Carlos Lima, promoveram o evento a fim de construir um espaço de diálogo e reflexão sobre o país e a atual dimensão da crise. Além disso, o seminário também tinha a intenção de versar sobre a conjuntura e as perspectivas da atuação partidária, institucional, profissional e cidadã.
Nas palavras iniciais do cientista político e editor da Editora Contraponto, César Benjamin, o sistema político está prestes a naufragar. Ao esmiuçar as possíveis razões da crise, Benjamin vê na situação falta de representatividade. O fato seria consequência do esgotamento do ciclo da política econômica, que teve em seu norte a demanda do consumo individual, desacompanhada de reformas estruturais que vislumbrassem um projeto nacional.
“O PT já perdeu a capacidade de representar algum futuro para a sociedade brasileira”, disse ele, que acredita que, com a crise representativa, também perderá sentido a polarização partidária presente nas últimas décadas do cenário eleitoral brasileiro, entre PT e PSDB. Para Benjamin, é preciso “abandonar os pequenos termos”, a rotina política que não significa mais nada para a atual formação social e reaprender a colocar em pauta grandes questões nacionais, como alterações no sistema eleitoral.
Entre as principais pautas para novo sistema, o fim do financiamento privado de campanhas é sempre citado. Segundo o presidente da OAB, Marcus Vinicius Coelho, tais doações são inconstitucionais. “A Constituição fala que todo poder emana do povo. A empresa serve para gerar empregos, bens e serviços e não para definir quem será eleito”, afirmou ele.
Coelho ainda defendeu a redução da importância de recursos financeiros em campanhas eleitorais. Para tanto, seria preciso criar um sistema que suprimisse o número de candidatos disputando o pleito e reduzisse a criação de partidos sem representação.
De acordo com o presidente da Ordem, é necessário outro modelo eleitoral para transparecer na política a verdadeira vontade popular. “O sistema atual torna a disputa personalista, resumida em quem melhor se apresenta aos eleitores e não em quais propostas melhor respondem às demandas sociais”, explica.
A Ordem, junto a cerca de 100 entidades da sociedade civil, incluindo o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), formou a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, que atualmente colhe assinaturas para apresentação de nova proposta. Veja aqui.
O representante da CNBB, Dom Joaquim Moll Guimarães, vê na proposta uma forma de deixar as Casas mais páreas com a realidade do povo, já que atualmente há pouquíssimas cadeiras ocupadas por negros, indígenas e mulheres. “Não temos um Congresso que representa com fidelidade a população brasileira”, afirmou ele.
Com as novas regras – que incluem lista aberta com paridade de gênero, fim da reeleição, maior fundo partidário a partidos com candidatos de extratos excluídos da sociedade – a Coalizão acredita que os parlamentares eleitos formariam melhor reflexo dos interesses nacionais.
Guimarães também pontuou a necessidade de consultas populares para a tomada de decisões em assuntos referentes à soberania nacional. “Uma proposta de participação popular, democracia direta. A população precisa ser ouvida por intermédio de plebiscito”, afirmou.
No que diz respeito à participação popular para o fortalecimento da democracia, o secretário-geral do Contas Abertas, Gil Castello Branco, destacou a necessidade de transparência dos governos para ampliar o conhecimento da população sobre a gestão da coisa pública. “Para o engajamento da sociedade, a transparência é essencial”.
Entre os discursos presentes no evento, estava em destaque a importância da formação de consensos. Nas palavras do presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Domingos Meirelles, “só através do diálogo é que vamos encontrar o caminho de luz”.
Contudo, como salientou o presidente da OAB, o diálogo só está presente em governos democráticos. “Essa crise pode levar a tudo, menos ao discurso da criminalização da atividade política. Para os males da democracia só há um remédio: mais democracia”.
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Fonte: Contas abertas

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