Os inimigos do povo
É um direito de Jair Bolsonaro espernear contra a imprensa. Mais do que isso: a ruptura é salutar.
Depois de anos e anos de promiscuidade vergonhosa entre a imprensa e o PT, o conluio finalmente se desfez.
O PT sempre foi o partido dos jornalistas.
No Palácio do Planalto, Lula e Dilma Rousseff cercaram-se deles: Franklin Martins, André Singer, Ricardo Kotscho, Tereza Cruvinel, Bernardo Kucinski, Helena Chagas e Thomas Traumann, só para citar os mais conhecidos.
Durante o petismo, a imprensa chapa-branca foi financiada com publicidade estatal.
Como demonstrou a Lava Jato, ela foi financiada também com dinheiro de propina.
O que pode fazer Jair Bolsonaro?
Em primeiro lugar, cortar o gasto com publicidade estatal, claro. E, em segundo lugar, enxotar todos os jornalistas do governo. Nem os assessores de imprensa devem ser da imprensa.
Alguns dias atrás, Olavo de Carvalho disse no Twitter que “os jornalistas são os maiores inimigos do povo”. A Abert, que reúne as empresas de rádio e TV, protestou vivamente. É grotesco que uma entidade patronal se sinta compelida a protestar contra uma mensagem publicada nas redes sociais por alguém que nem pertence ao governo. Mas foi uma maneira acovardada de mandar um recado para o presidente eleito.
Antes que O Antagonista se tornasse O Antagonista, sugeri chamá-lo de Um Inimigo do Povo, em homenagem a Ibsen.
Para quem nunca viu o drama, um médico é perseguido pelos moradores de um balneário porque se recusa a acobertar o fato de que suas águas estão contaminadas. O Mario, que tem mais senso de realidade do que eu, reprovou o nome para o site, mas o espírito do médico ibseniano continuou conosco.
Os jornalistas são os maiores inimigos do povo.
O ano está terminando com Lula na cadeia e a editora Abril sucateada.
Os velhos protagonistas da política e da imprensa foram abatidos.
É preciso renovar tudo em 2019.
Espero que Jair Bolsonaro continue a torpedear os jornalistas.
E que os jornalistas saibam naufragar, mantendo um mínimo de hombridade.
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