segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Campo de concentração na Amazônia aprisionou centenas de famílias japonesas durante 2ª Guerra

Campo de concentração na Amazônia aprisionou centenas de famílias japonesas durante 2ª Guerra

  • Sarita Reed e Vinícius Fontana
  • De São Paulo para a BBC News Brasil
Hajime Yamada

CRÉDITO,SARITA REED

Legenda da foto,

Hajime Yamada chegou à região com a primeira leva de imigrantes japoneses, em 1929, aos 2 anos

Quando o Brasil decidiu de que lado estava na 2ª Guerra Mundial e rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo, em 1942, uma parcela da população brasileira repentinamente passou a ser perseguida: imigrantes alemães, japoneses e italianos, e seus descendentes.

Em pouco tempo, grande parte deles foi enclausurada em 11 campos de concentração espalhados pelo país, cujo objetivo era, entre outros, evitar que os imigrantes agissem como agentes infiltrados para seus países de origem.

Um desses campos, o de Tomé-Açu, único localizado na região amazônica, se diferenciou dos demais por aprisionar sobretudo imigrantes japoneses. Lá eles viviam sob regras rígidas, com racionamento de energia e toque de recolher, além de censura de correspondências e proibição de se agrupar.

A criação do campo de Tomé-Açu

Até o ano de 1942, a colônia japonesa que existia à beira do rio Acará, a 200 km de Belém, hoje município de Tomé-Açu, vivia basicamente do cultivo de hortaliças e arroz.ule Talvez também te interesse e continue lendo

Os primeiros imigrantes chegaram em 1929, por meio da Companhia Nipônica de Plantação (Nantaku), que dispunha de terras na região. Outro importante impulso para consolidação da comunidade foi a fundação, em 1935, da Cooperativa Agrícola do Acará.

Porém, o desenvolvimento da comunidade foi interrompido com a entrada do Brasil na guerra.

"O Brasil, muito pressionado pelas relações externas, fez ações de contenção dos 'inimigos de guerra', que eram os estrangeiros do Eixo - os alemães, italianos e japoneses", explica Priscila Perazzo, professora e pesquisadora da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e autora de Prisioneiros da guerra: os "súditos do Eixo" nos campos de concentração brasileiros.

"Então, o governo decide montar campos onde pudesse internar pessoas desses países".

Rodeada pela floresta amazônica e acessível somente por via fluvial, a comunidade japonesa que se formou em torno da Nantaku e da Cooperativa era uma candidata ideal para sediar um desses campos.

Em 17 de abril de 1942, os japoneses perderam o direito aos seus bens, por meio de uma declaração de caducidade, e a vila às margens do rio Acará foi isolada. Nascia o Campo de Concentração de Tomé-Açu.

Edificação que fazia parte do campo de concentração de Tomé-Açu

CRÉDITO,REPRODUÇÃO DO LIVRO POR TERRA, CÉU E MAR: HISTÓRIA

Legenda da foto,

Casarão que fazia parte do campo de concentração de Tomé-Açu

Boa parte das 49 famílias que viviam na região, à época, eram de agricultores, e tinham pouco conhecimento sobre os combates que ocorriam em sua terra natal. Mesmo assim, foram considerados "prisioneiros de guerra", termo geralmente usado para militares apreendidos em combate, mas que, naquele momento, também foi usado para civis.

Os números são imprecisos, porém estima-se que, durante os seus três anos de existência, cerca de 480 famílias de japoneses, 32 de alemães e alguns italianos foram parar no campo.

Uma grande parte veio da capital Belém. É o caso da família de Elson Eguchi, de 79 anos. Seu pai, Yasuji, foi do Japão para o Peru, país com expressiva imigração japonesa. Mas foi no Brasil que ele se estabeleceu.

Com a guerra, Yasuji foi deslocado à força de Belém para Tomé-Açu. "Meu pai trabalhou como cozinheiro em Belém. O governo tirou ele de lá e o jogou aqui, em Tomé-Açu, como campo de concentração", relata Elson.

Retrato de Elson Eguchi

CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL

Legenda da foto,

Elson Eguchi passou a primeira infância no campo de concentração

Na capital paraense, a vida dos japoneses tampouco era fácil. "Em Belém, brasileiros saqueavam, queimavam as lojas, as casas dos japoneses. Muitos ficaram sem ter onde morar", conta Hajime Yamada, de 94 anos.

Ela chegou à região do Acará em 1929, na primeira leva de imigrantes, quando tinha 2 anos. Desde então, vive em Tomé-Açu, e presenciou os anos de dificuldades.

Muitos japoneses também foram trazidos do Amazonas, inclusive de Manaus, a 1.317 km de Tomé-Açu. Os dirigentes da Companhia Industrial Amazonense foram levados ao campo, e a imprensa local passou a denominá-los de "quinta coluna", termo utilizado, em contexto de guerra, para designar espiões, sabotadores e traidores a serviço de outro país.

Em 2011, a Assembleia Legislativa do Amazonas fez um pedido oficial de desculpas a imigrantes japoneses pelos abusos cometidos durante a Segunda Guerra .

Como era o campo

Ao longo da história, campos de concentração assumiram diversas formas. No caso de Tomé-Açu, a colônia de imigrantes foi isolada dentro do perímetro do campo. As casas, o hospital e outras construções comunitárias foram, do dia para noite, subordinados ao poder do Estado.

"Como era um vilarejo praticamente perdido na Amazônia, cujo único acesso era feito por barco, no momento em que o Estado controlou a embarcação, a comunidade acabou ficando isolada", explica Perazzo.

Muitos dos imigrantes forçados a se deslocar não eram obrigados a ficar reclusos em celas, porém também não tinham onde se alojar ou se alimentar. Yamada relata que, pelo menos, duas famílias ficaram em sua propriedade até o fim da guerra.

"Aqui em casa ficaram as famílias Takashima e Watabi. Passaram um ano e pouco, até terminar a guerra. Nós conseguimos armar uma barraca rapidamente, porque vieram lá de Belém sem casa, sem nada, só com a roupa do corpo. Todo mundo deu apoio", relata.

Assim, o campo se estruturou como uma verdadeira cidade. A vigilância e a segurança eram garantidas por um destacamento militar, sob a administração do capitão João Evangelista Filho.

Trapiche municipal de Tomé-Açu

CRÉDITO,MUSEU HISTÓRICO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL

Legenda da foto,

Trapiche municipal de Tomé-Açu. O único acesso à região era via barco

Rotina no campo de concentração

A rotina no campo de Tomé-Açu era de privações, apesar de não se comparar à dos campos de extermínio da Alemanha nazista.

A começar pelo confisco de bens dos imigrantes. Livros, aparelhos de rádio, armas e embarcações foram levados por autoridades brasileiras, que, por vezes, usufruiam desses bens em benefício próprio.

Cortar a comunicação dos imigrantes com o mundo exterior era uma prioridade do governo brasileiro. Correspondências eram censuradas nas agências de correio de Belém e, "se havia denúncia de que alguém estava ouvindo a rádio do Japão, por exemplo, certamente a polícia bateria na porta daquelas pessoas e elas teriam sérios problemas", diz Perazzo.

Tampouco era permitido se reunir com os outros habitantes do campo. "As pessoas eram vigiadas diariamente pelas forças policiais locais para não se comunicarem umas com as outras. Caso fossem pegas com tal prática, seriam penalizadas", explica Elton Sousa, professor e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coautor do livro e documentário Por terra, céu e mar: histórias e memórias da Segunda Guerra Mundial na Amazônia.

"Se houvesse três ou quatro japoneses juntos, conversando, a polícia levava embora, presos. Não tinha liberdade", conta Yamada. "Eles pensavam que nós estivéssemos planejando negócios de guerra, mas não tinha nada disso".

Campo de Tomé-Açu

CRÉDITO,BIBLIOTECA PÚBLICA ARTHUR VIANNA

Legenda da foto,

A rotina no campo de Tomé-Açu era de privações, apesar de não se comparar à dos campos nazistas

Além das restrições de locomoção e de comunicação, os imigrantes se dedicavam à subsistência do campo, de acordo com normas de trabalhos braçais estipuladas pelo governo, explica Perazzo: "Tinha quem trabalhasse na marcenaria, na carpintaria, na agricultura. Assim variava".

O campo também sofria com o racionamento de energia e, às 21h, soava o toque de recolher.

O fim da guerra

A clausura durou até 1945, quando os campos foram extintos após a decretação do fim da guerra. Mas as consequências do período de perseguição perduraram por décadas.

Estigmatizados e empobrecidos, muitos imigrantes tiveram dificuldade para conseguir empregos ou tocar negócios próprios.

"Depois que acabou a guerra, o governo liberou essas pessoas como se não tivesse tido responsabilidade nenhuma pela desmontagem da vida delas", explica Perazzo.

"Elas não voltaram para seus países de origem. Ou eram imigrantes já estabelecidos no Brasil ou pessoas que não tiveram condição de retorno, então, buscaram a vida de outra maneira".

Combalida pelo período de reclusão, a Tomé-Açu do pós-guerra oferecia poucas perspectivas para os colonos, razão pela qual muitos deles deixaram a região. "Eles foram para Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná", relembra Yamada.

"Todo mundo ajudou com um pouco de dinheiro, dentro das suas possibilidades, para eles conseguirem sobreviver".

Alguns anos mais tarde, entretanto, a cidade decolou economicamente com o boom da pimenta-do-reino, chegando a ser a maior produtora mundial da commodity.

Colheita de pimenta-do-reino em Tomé-Açu

CRÉDITO,MUSEU HISTÓRICO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA NO BRASIL

Legenda da foto,

Colheita de pimenta-do-reino em Tomé-Açu

O período áureo da pimenta acabou no final da década de 1960, quando uma doença, a fusariose, dizimou as plantações, ao mesmo tempo em que o valor da especiaria sofreu uma queda brusca no mercado internacional.

Cerca de mil descendentes de japoneses vivem hoje em Tomé-Açu. "É uma sociedade cuja cultura local permeia-se por traços fortemente marcados pela cultura japonesa", diz Sousa.

Nas últimas décadas, a cidade se desenvolveu graças à adoção de um sistema agroflorestal de produção sustentável.

Soldados em Tomé-Açu

CRÉDITO,BIBLIOTECA PÚBLICA ARTHUR VIANNA.

Legenda da foto,

'É uma sociedade cuja cultura local permeia-se por traços fortemente marcados pela cultura japonesa'

As construções da época da 2ª Guerra foram quase totalmente destruídas na região, e há poucos registros fotográficos do período.

Mas o campo de concentração permanece na memória dos que lá viveram e dos que preservam as histórias de seus ascendentes.

Fonte: BBC

Eletricidade estática fortalece tempestades de poeira no deserto; TEMPESTADE DE AREIA EM SÃO PAULO - O Que Significa?

 Eletricidade estática fortalece tempestades de poeira no deserto do que o vento sozinho

Estudos de campo no sudeste do Marrocos, a apenas alguns quilômetros de distância do local desta tempestade de poeira, mostram que os campos elétricos gerados pelo sopro de areia aumentam as emissões de poeira em até 10 vezes mais do que o esperado apenas com o vento.

Durante anos, os cientistas notaram campos elétricos que variam rapidamente dentro de tempestades de poeira e redemoinhos de poeira, os redemoinhos sujos que deslizam por muitas áreas desérticas. Alguns até se perguntaram como esses campos poderiam alterar o tamanho das tempestades, mas ninguém havia feito nenhuma medição. Agora, os primeiros testes de campo no Saara ocidental revelam que os campos - gerados quando os grãos de areia soprados pelo vento se esfregam - elevam a poeira do deserto com muito mais eficácia do que anteriormente reconhecido, criando tempestades maiores e mais duradouras do que o vento sozinho.

"Estou satisfeito (os novos) resultados mostram que o que tínhamos teorizado anteriormente", disse Nilton Renno, um cientista atmosférico da Universidade de Michigan, Ann Arbor, que não esteve envolvido no novo trabalho. "Mas eu não esperava ver o efeito tão claramente nos dados."

Quando o vento começa a soprar em uma superfície arenosa e empoeirada, as partículas mais leves não são as primeiras a se mover. Isso ocorre porque grande parte da poeira está presa a partículas maiores ou presa entre elas. Mas quando os grãos de areia começam a saltar pela superfície, eles atingem outros grãos e soltam a poeira, que então se eleva no ar logo acima do solo. Todos aqueles pulos e empurrões também geram eletricidade estática - a versão geológica de arrastar os pés pelo carpete.

Quando isso acontece, os grãos de areia maiores normalmente perdem elétrons para as partículas de poeira mais leves, dando à poeira uma carga negativa. As partículas de poeira são lançadas no ar mais rapidamente, enquanto os grãos de areia agora carregados positivamente geralmente permanecem mais próximos do nível do solo. Essa separação de cargas cria um campo elétrico que pode ajudar a eletrificar parte da poeira ainda ligada aos grãos de areia, impulsionando ainda mais poeira no ar.

Estudos anteriores sugeriram que os campos elétricos gerados durante os estágios iniciais de uma tempestade de areia teriam esse efeito, mas ninguém havia feito medições de campo para apoiar a ideia, diz Francesca Esposito, cientista planetária do Instituto Nacional de Astrofísica de Nápoles, Itália. Então, ela e seus colegas decidiram fazer exatamente isso. Em um local amplo e plano no sudeste do Marrocos, eles montaram uma estação meteorológica que mede constantemente a velocidade do vento, temperatura, umidade, pressão barométrica e intensidade da luz solar. Sensores extras mediram o campo elétrico 2 metros acima do solo. A equipe coletou dados durante o auge das temporadas de tempestade de poeira do Saara em 2013 e 2014.

Os instrumentos registraram várias tempestades de poeira e redemoinhos de poeira. E em cada um desses eventos, o campo elétrico ficou mais forte do que o normal, muitas vezes em apenas uma questão de segundos, reforçando a ideia de que o embaralhamento dos grãos de areia gera eletricidade estática. Mas os dados também mostraram outra tendência: quando o vento soprou acima de certas velocidades, até 10 vezes a quantidade esperada de poeira subiu do solo , os pesquisadores relatam online na Geophysical Research Letters . Em cada ocasião, o aumento foi muito rápido, sugerindo que as emissões de poeira e o campo elétrico se reforçavam mutuamente, diz Esposito.

Renno, que é coautor de um artigo sugerindo um ciclo de feedback que aumenta a poeira em 2008, diz que está vendo fenômenos semelhantes em estudos de campo em Owens Lake, na Califórnia. Em alguns casos, os campos elétricos diferem na direção daqueles medidos por Esposito e seus colegas - possivelmente, diz Renno, porque diferentes minerais constituem a areia e a poeira nos dois locais.

As descobertas podem ser uma bênção para os cientistas do clima. A poeira atmosférica pode ter um efeito poderoso sobre o clima, absorvendo a luz solar e aquecendo a atmosfera em algumas altitudes, enquanto sombreia e resfria as camadas de ar subjacentes. Algumas das maiores incertezas nos modelos climáticos atuais derivam de suas estimativas abrangentes do tamanho e do número de partículas de poeira na atmosfera. Muitos desses modelos estimam os tamanhos e números das partículas de poeira na atmosfera com base nas condições climáticas , mas não incluem os efeitos dos campos elétricos. Reduzir as incertezas nos modelos pode levar a melhores avaliações do clima a longo prazo, diz Esposito.

Fonte: Science

TEMPESTADE DE AREIA EM SÃO PAULO - O Que Significa?

Débora G. Barbosa

domingo, 26 de setembro de 2021

O Brasil nos trilhos e o silêncio da "velha mídia": Governo investe bilhões em parcerias para construir ferrovias (veja o vídeo)

O Brasil nos trilhos e o silêncio da "velha mídia": Governo investe bilhões em parcerias para construir ferrovias (veja o vídeo)

Foto: Alan Santos/PR
Foto: Alan Santos/PR

As ferrovias, que já tiveram um papel tão importante na história do Brasil, estão renascendo no governo Bolsonaro.

A equipe da TV JCO preparou uma reportagem especial sobre as novas ferrovias que estão sendo construídas e terão um papel fundamental no escoamento da produção agrícola do país.

No discurso na ONU, o presidente contou, em rede internacional e ao vivo, que temos em curso o maior programa de parceria de investimentos com a iniciativa privada de nossa história, com 100 bilhões de dólares de novos investimentos contratados e outros 23 bilhões já arrecadados com outorgas.

Deste montante, 6 bilhões de dólares são contratos privados para novas ferrovias.

O Brasil, apesar de seu imenso território, é apenas o nono (9º) país do mundo na lista dos que mais utilizam o trem como transporte, com pouco mais de 30 mil quilômetros, ficando, por exemplo, atrás da Argentina, com mais de 36 mil quilômetros deste importante modal.

O grande idealizador desta empreitada do governo federal é o ministério da infraestrutura, do incansável ministro Tarcísio de Freitas.

Tem sido dele o trabalho de corpo a corpo que, além dos 6 bilhões já investidos, busca direcionar outros 15 bilhões de dólares em novos contratos com requerimentos de autorizações para novas ferrovias, 100% com investimentos privados.

Confira:

Fonte: Jornal da Cidade Online

Apresentação

A malha ferroviária brasileira foi implantada com o objetivo de interligar vários estados do País, principalmente regiões próximas aos portos de Parati, Angra dos Reis e porto de Santos.

Comparando as condições atuais da malha ferroviária com o período anterior à desestatização, os índices apontam um crescimento na recuperação da atividade ferroviária no País, com possibilidades de aumento de sua participação na matriz de transporte, sobretudo a médio e longo prazo, em função dos investimentos feitos pelas empresas concessionárias.

Desde 1996, quando iniciou o processo de desestatização, a quantidade de carga movimentada nas ferrovias brasileiras aumentou em cerca de 26%. Os investimentos permitiram um incremento da produção de transportes em 68% entre 1996 e 2001. As melhorias decorrentes da desestatização têm contribuído para reduzir acidentes nas malhas em funcionamento.

No Brasil existem ferrovias com padrões de competitividade internacional, e a qualidade das operações permite, por exemplo, a agilidade desejada para a integração multimodal.

O custo do frete, cobrado pelas operadoras nas ferrovias, é 50% mais barato em relação ao transporte rodoviário. Além disso as ferrovias oferecem rapidez e resistência a grandes cargas. A alternativa ferroviária, de fato, é importante para operadores que lidam com matérias-primas como empresas petroquímicas, que além de perigosas são transportadas em grandes volumes.

Atualmente o sistema ferroviário brasileiro apresenta um cenário evolutivo favorável. Os constantes e progressivos investimentos nesse setor, tende a elevar o potencial de atração de novos clientes e de ampliação de sua importância nos transportes brasileiros.

DNIT - Apresentação, História da implantação de trem no Brasil - Veja mais...

Café com a PF, Bolsoringa, CPI, mídia, choradeira e muito mais... vamos de resumao da semana!

Café com a PF, Bolsoringa, CPI, mídia, choradeira e muito mais... vamos de resumão da semana!

No vídeo de hoje vamos de resumão porque muitas coisas aconteceram e muitas coisas precisam ser contadas.
Separa a pipoca e bora lá.

Estatais fornecem 91% do dinheiro para esse setor da mídia

Aumento total de 2013 para 2014, ano eleitoral, foi de 33,3%

Veículos de audiência limitada e especializados em fazer cobertura de assuntos políticos ou econômicos tiveram um aumento de 33,2% das verbas federais de publicidade em 2014 sobre 2013. Saíram de R$ 6,9 milhões para R$ 9,2 milhões no ano passado, que teve eleições gerais no Brasil –e a presidente Dilma Rousseff foi reeleita.

Quem turbina a chamada mídia alternativa são as empresas estatais. Há pouco controle e quase nenhuma transparência sobre os gastos de propaganda das empresas comandadas pelo Palácio do Planalto. Os números sobre publicidade só são liberados quando o interessado faz um pedido por meio da Lei de Acesso à Informação, como foi o caso do Blog para esta série de reportagens a respeito de propaganda federal.

Dos R$ 9,2 milhões consumidos em propaganda em sites e em veículos impressos de audiência limitada, R$ 8,4 milhões saíram dos cofres das estatais. Ou seja, 91% do dinheiro estatal federal que faz comerciais nessa mídia alternativa sai dos cofres de empresas públicas.

Embora o dinheiro tenha origem nessas empresas, é o Palácio do Planalto que tem grande influência sobre como é realizada essa distribuição de verbas.

Três empresas são as mais propensas a estampar propaganda em veículos de baixa circulação: Petrobras (e subsidiárias), Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Todas são fortemente comandadas por pessoas indicadas pelo PT.

Os veículos considerados nesta reportagem são tidos, dentro do PT e em parte do governo federal, como iniciativas positivas na mídia. “É preciso ajudar essa nova mídia emergente”, disse uma vez neste ano ao Blog o ministro titular da Casa Civil da Presidência da República, Aloizio Mercadante.

Essa política produz um certo contraste entre o objetivo do governo –“ajudar essa nova mídia emergente”– e o interesse comercial das empresas estatais que gastam dinheiro nessa operação.

Blog perguntou à Secom quais seriam os critérios reais para contratar publicidade nos sites da mídia alternativa. A resposta foi que são usadas ''pesquisas e dados técnicos de mercado para identificar e selecionar a programação mais adequada'', sem detalhar exatamente do se trata essa estratégia.

As respostas das empresas contatadas pelo Blog também não são muito claras sobre qual seria a razão pela qual a Caixa ou Banco do Brasil precisam anunciar em sites com apenas 100 a 300 mil visitantes únicos por mês. No mundo digital, sites com menos de 1 milhão de visitantes únicos são considerados modestos. Em dezembro de 2014, o país tinha 72,8 milhões de usuários de internet, segundo dados da Nielsen.

Investir num site ou blog com baixa audiência só se justifica se ali há realmente uma audiência muito qualificada que ajuda a vender o produto anunciado.

Nenhuma das estatais contatadas pelo Blog explicou de maneira substantiva qual teria sido o retorno ao gastar dinheiro em sites de baixa audiência.

O custo para anunciar na internet é difícil de ser apurado. Os sites e portais têm tabelas variadas para precificar o que é chamado de CPM (custo por mil).

Funciona assim: o anunciante diz quantas vezes deseja que seu anúncio seja visto e o site cobra um valor específico para cada 1.000 visualizações (“page views” ou “impressões, no jargão do mercado).

Ocorre que os dados oficiais divulgados pela Secretaria de Comunicação Social do Palácio do Planalto não contêm esse detalhamento. Sabe-se apenas o nome do anunciante (uma empresa estatal ou ministério), o valor gasto para publicação do anúncio e o nome de quem ganhou o dinheiro. O Blog está divulgando hoje todas as planilhas de dados recebidas, para os anos 2000 a 2014.

Para estimar a desproporção entre os custos de publicidade estatal em vários sites e portais, o Blog considerou o número de visitantes únicos que passa por esses veículos mensalmente. Há várias empresas especializadas para fazer essa medição. O Blog usou a métrica da Nielsen.
[contexto: ''visitante único'' é o usuário de um site que é contabilizado apenas uma vez quando passa por uma página na internet durante o período de 1 mês. É diferente da audiência medida em páginas vistas, ou ''page views'', que registra o número de cliques que todos os usuários dão numa determinada página].

Uma vez apurado o número de visitantes únicos, calculou-se para esta reportagem qual foi a média mensal que cada veículo recebeu de verbas publicitárias estatais federais. Ao cruzar os 2 dados, chega-se ao valor de cada “visitante único”.

Dois quadros mostram todas essas informações.

Uma das tabelas apresenta o cálculo sobre quanto custa por visitante único para o governo anunciar em sites e veículos de pequena audiência e qual é o custo em grandes portais.

O quadro seguinte mostra quanto cada um desses veículos alternativos ganhou de dinheiro para publicar publicidade estatal federal nos últimos anos.

(clique nas imagens para ampliar)

01-Tabela-custos-alternativos-02jul2015
02-Tabela-alternativos-geral-02jul2015
03-Tabela-alternativos-metodologia-02jul2015

AUDIÊNCIA
Como se observa nas tabelas acima, a audiência de vários veículos subiu de 2013 para 2014. Ocorre que quase todos partiram de uma base muito baixa.

Outro fato a se considerar é que a audiência de grandes portais também cresceu no mesmo período. O mercado de internet está em expansão. Crescer é a regra. Aumentar o número de visitantes únicos é algo mais ou menos normal e esperado.

Por exemplo, a audiência do UOL, maior portal do país, saiu de 35,3 milhões de visitantes únicos em dezembro de 2013 para 39,8 milhões em dezembro de 2014.

Nesse cenário, a audiência um pouco maior dos veículos alternativos usados pelo governo para fazer publicidade ainda é insuficiente para provar que são –do ponto de vista comercial– um bom negócio para divulgar anúncios.

Por exemplo, no caso de portais como Globo.com/G1 e UOL, o custo por visitante único (se todos fossem atingidos com um anúncio num mês) seria de R$ 0,03 (3 centavos) –considerando-se a audiência desses portais e o quanto o governo pagou para colocar propaganda nas suas páginas.

Já em um site como o Brasil 247, o custo por visitante único no mês sai por R$ 0,15. Esses 15 centavos representam um aumento de 400% sobre o que é pago aos grandes portais.

O site comandado pelo jornalista Luís Nassif tem um custo por visitante único um pouco maior do que o do Brasil 247 quando se trata de publicidade estatal federal: R$ 0,17.

No site Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, o custo por visitante único para os anunciantes do governo federal é de R$ 0,27. Dito de outra forma, fica 800% maior do que nos grandes portais.

Há algumas situações em que a relação “audiência X custo por visitante” fica favorável ao governo. Trata-se, por exemplo, do site DCM, do jornalista Paulo Nogueira. Com 701 mil pessoas passando pela sua página em dezembro do ano passado, o custo para a propaganda estatal federal ficou em R$ 0,02 por visitante único –um pouco abaixo dos 3 centavos que se observa nos grandes portais.

Mas há uma ressalva a ser feita: essa relação custo-benefício no caso do site DCM ocorre porque a empresa de Paulo Nogueira recebeu bem menos dinheiro de publicidade do que outros veículos da mídia alternativa.

Enquanto o Brasil 247 ficou com 1,5 milhão em 2014, o site DCM teve R$ 210 mil.

O CASO DO ''BRASIL ECONÔMICO''
Um caso interessante de crescimento de receitas publicitárias no meio impresso é jornal “Brasil Econômico”, que tem entre os proprietários o grupo português Ongoing.

Mesmo sem ser auditado pelo IVC (Instituto Verificador de Circulação) e tendo uma audiência pequena na web (82 mil visitantes únicos em dezembro de 2014), o “Brasil Econômico” conseguiu aumentar suas verbas publicitárias estatais federais em 60% no ano passado.

O diário financeiro saiu de um faturamento de R$ 2,2 milhões em 2013 para R$ 3,6 milhões em 2014. Desse total no ano passado, quase tudo veio de empresas estatais (R$ 3,4 milhões).

O “Brasil Econômico” já existe há mais de meia década, mas ainda não se firmou de maneira robusta no mercado. Tem boas relações com o governo desde o início. Logo no lançamento, contratou a então mulher do ex-ministro José Dirceu (condenado no mensalão), Evanise dos Santos.

Hoje, Evanise não é mais casada com Dirceu. Ocupa o cargo de diretora de relações governamentais do “Brasil Econômico”. Ela afirmou ao Blog que cabe à Secom e aos órgãos que optaram por fazer publicidade no seu veículo explicar os critérios da escolha.

(Colaborou nesta reportagem Bruno Lupion, do UOL, em Brasília).

Fonte: UOL

A seguir, os links com todos os dados fornecidos pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República a respeito de publicidade da União no período de 2000 a 2016.

Os números são oficiais e eram tabulados pelo IAP (Instituto para Acompanhamento da Publicidade), entidade criada em 1999 com finalidade específica de fornecer informações para a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República). O levantamento do IAP eram feitos com base nos PIs (pedidos de inserção de anúncios) enviados por todos os órgãos e empresas públicas federais aos veículos de comunicação quando é dada a ordem para publicação de uma propaganda. Esses dados são públicos. Foram fornecidos mediante um pedido formal do Poder360 com base na Lei de Acesso à Informação.

Em março deste ano, o IAP deixou de existir. A transparência dos gastos do governo com publicidade sofreu 1 grande revés. As agências de publicidade, que repassavam 1 percentual extraído do faturamento com contratos com o governo, deixaram de financiá-lo. Agora, é incerto se os dados continuarão a ser coletados.

Valores totais de publicidade
(administrações direta e indireta; inclui estatais)

Valores totais de publicidade (administrações direta e indireta; inclui estatais) 

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Leia mais sobre publicidade estatal federal em 2016: 

União gasta R$ 1,5 bi com propaganda em 2016; estatais puxam queda de 27% 

No ano das Olimpíadas, Fields triplica conta de publicidade estatal

 Governo fecha torneira da publicidade estatal para mídia alternativa em 2016 

Mídia tradicional encolhe na publicidade estatal; ‘Veja’ dobra em 2016 

Redes sociais receberam R$ 67 milhões em publicidade federal em 2016 

Governo Temer interrompe coleta de dados e publicidade perde transparência  ...

Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/midia/acesse-a-integra-dos-arquivos-sobre-publicidade-da-uniao-de-2000-a-2016/)

Fonte: Poder 360

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