Congresso ‘trava’ 12 PECs sobre fim do foro privilegiado
Em meio
ao debate em torno da restrição à prerrogativa, parlamentares temem perder
benefício e ficar sujeitos a juízes de primeira instância
Ricardo
Brito ,
O Estado de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
05 Março
2017 | 03h00
BRASÍLIA - Uma das principais bandeiras dos protestos de rua
marcados para o dia 26 deste mês (26/3), o fim do foro privilegiado está emperrado no
Congresso Nacional. Lideranças da Câmara e do Senado não se mostram dispostas a
acelerar a tramitação das Propostas de Emendas à Constituição (PECs) que
extinguem o direito a que autoridades sejam julgadas por tribunais.
Mesmo em meio às discussões sobre
restrição da prerrogativa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e na iminência da
divulgação das delações da Odebrecht que devem implicar dezenas de deputados e
senadores, os parlamentares temem que, sem foro, possam ficar sujeitos a
investigações conduzidas por magistrados de primeira instância, como o juiz
Sérgio Moro.
As PECs em tramitações mais
avançadas nas Casas querem acabar com o foro. A maioria dos congressistas,
porém, defende que determinadas autoridades, como presidentes de Poderes, ou
medidas de força, como o cumprimento de pedidos de prisão ou de busca e
apreensão, sejam investigados ou decretados por tribunais.
Há parlamentares que admitem
abertamente que será difícil a matéria avançar. “No momento de confusão, nunca
sai uma legislação boa”, disse o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), que,
pessoalmente, se diz a favor de restringir o foro.
Na Câmara, o provável presidente da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), adiantou
que tentará pautar uma do pacote de 12 PECs sobre o tema – a mais antiga delas
de 2005. “Se houver um anseio popular e há manifestações do STF de decidir
sobre o assunto, não tem como o Congresso não discutir.”
Essa iniciativa, contudo, não tem
ampla simpatia dos deputados. Para tentar viabilizar sua aprovação, o autor da
última das propostas que trata do assunto, Celso Maldaner (PMDB-SC), admite
mudar seu texto sobre fim do foro irrestrito para deixar apenas 15 autoridades
no STF: os ministros da Corte e os presidentes da República, da Câmara e do
Senado, além do procurador-geral da República.
Judiciário. O líder do PSDB na
Câmara, Ricardo Trípoli (SP), cobra o envolvimento dos magistrados para
encontrar o melhor formato para o foro. “Quem julga é o Judiciário, nós
fabricamos as leis. É razoável discutir para que haja celeridade nos
julgamentos”, disse o tucano.
Se passar na CCJ, a proposta terá de
ir a uma comissão especial e, posteriormente, ao plenário da Casa. O presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que, se a PEC avançar, vai colocá-la
para votar. “Não há problema em pautar nenhuma matéria. Essa discussão pode
acontecer a qualquer momento”, disse. Aprovada em dois turnos com ao menos 308
dos 513 votos, a matéria vai para o Senado.
Na outra Casa, o senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP) tem tentado, sem grande sucesso até o momento, buscar apoio
dos líderes para colocar em votação no plenário uma PEC que acaba totalmente
com o foro e foi aprovada pela CCJ em novembro passado. Ele precisa do apoio de
pelo menos 41 dos 81 senadores para garantir a inclusão da PEC na pauta. Por
ora, ele só conseguiu o apoio de nove. O presidente da Casa, Eunício Oliveira
(PMDB-CE), tem dito em conversas que esse assunto, por ora, está fora da
agenda.
Fonte: Estado
Nenhum comentário:
Postar um comentário