Ala do PMDB tenta minar liderança de
Renan
Adversários do senador iniciam movimento para destituí-lo do cargo de
líder da bancada na Casa após criticas a Temer
Isadora Peron, Julia Lindner, Igor Gadelha e Erich Decat ,
O Estado de S.Paulo
O Estado de S.Paulo
08 Abril 2017 | 05h00
BRASÍLIA - A ala adversária ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL) vai dar início a um movimento para enfraquecer o peemedebista e tentar destituí-lo do cargo de líder da bancada no Senado. A articulação conta com o apoio velado do presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e de senadores próximos a ele, como Raimundo Lira (PB) e Garibaldi Alves (RN).
Os parlamentares que estão descontentes com Renan lembram que basta a assinatura de 12 dos 22 senadores para determinar o afastamento do peemedebista. Afirmam que um líder de bancada não tem mandato fixo e que essa figura pode ser substituída a qualquer momento, especialmente se não representar mais o posicionamento da maioria dos liderados.
A relação entre o senador alagoano e parte da bancada começou a estremecer com as críticas que ele tem feito ao presidente Michel Temer e teve seu ápice com a decisão de Renan de retirar a indicação da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) à presidência da Comissão Mista de Orçamento (CMO).
A peemedebista confrontou Renan mais de uma vez esta semana para que ele não usasse a visibilidade que tem como de líder do PMDB para defender posições pessoais. A crítica é que o peemedebista está se posicionando contra a reforma da Previdência e outros temas que interessam ao governo para garantir a sua reeleição – e a de seu herdeiro político, o governador Renan Filho (PMDB)– em Alagoas.
A ala adversária ao alagoano vai tentar ensaiar um primeiro movimento contra o peemedebista já na próxima semana. A ideia é que, com o aval de Eunício, a CMO faça na terça-feira a eleição do seu presidente e escolha um nome para presidir o colegiado independentemente da indicação do líder do PMDB.
Líder do governo no Congresso, o deputado André Moura (PSC-SE) defende que a comissão não poder ficar paralisada em razão de um “capricho” de Renan. “Convocamos a CMO para terça-feira às 14h30. Vamos esperar o senador Renan indicar os membros, mas se ele não o fizer, vamos sentar para ver o que vamos fazer. O que não posso ficar é sem a CMO sem funcionar”, afirmou.
Na avaliação do grupo que articula a saída de Renan, hoje os nomes que apoiam a permanência dele no cargo são minoria e se restringiriam aos senadores Roberto Requião (PR), Kátia Abreu (TO), Eduardo Braga (AM), Marta Suplicy (SP), Edson Lobão (MA) e Hélio José (DF).
Aliados de Renan, porém, defendem que ele continua forte na bancada. Já no Palácio do Planalto, a ordem é não partir para o enfrentamento direto. Senadores ligados a Temer, porém, afirmam que esse cenário poderá ser revisto se Renan continuar criticando o presidente e, principalmente, conseguir atrapalhar alguma votação importante para o governo.
Em nota, o presidente do Senado negou "qualquer intromissão em assuntos da bancada do PMDB no Senado". Segundo Eunício, como ex-líder da mesma bancada, ele "sabe exatamente que os assuntos devem ser tratados em reuniões internas entre seus integrantes". Ele também reiterou que os assuntos relacionados a Renan "devem ser tratados pelo governo, pela Casa Civil e pelo líder do governo no Senado e presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR)". Os senadores Raimundo Lira e Garibaldi Alves também negam que haja qualquer articulação com o objetivo de destituir Renan do posto.
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