Mariana Godoy recebe o prefeito de São Paulo João Doria
João Doria nega ter sido agressivo com grevistas: "Não acho"
*Crédito/Fotos: Divulgação/RedeTV!
O prefeito de São Paulo também defendeu o aumento da velocidade nas marginais e afirmou que a gestão anterior deixou déficit de 7,5 bilhões aos cofres municipais
O Mariana Godoy Entrevista desta sexta-feira (28) recebeu o prefeito de São Paulo João Doria Junior. Ele falou sobre os primeiros meses à frente da Prefeitura, sobre as manifestações que tomaram o Brasil nesta sexta-feira (28) e não poupou ataques ao Partido dos Trabalhadores (PT). No início da entrevista, ao ser questionado do que estava vestido, ele não demorou a responder: "De trabalhador. Eu me visto assim, fiz a campanha assim".
Para falar sobre a greve geral, que afetou milhões de pessoas em todo o país nesta sexta-feira (28), o prefeito de São Paulo considerou: "O Brasil é um país de emoções fortes". Ele recusou o rótulo de "agressivo" ao chamar os grevistas de vagabundos: "O meu espírito é agregador, mas sou firme nas posições. Não me confunda por ser uma pessoa de paz". Com a insistência dos internautas de que classificar os manifestantes como “vagabundos” foi uma agressão e uma forma de desqualificar um movimento legítimo, Doria foi direto: "Não acho. Eu acho que aquelas que utilizam um dia de trabalho para fazer uma manifestação desse tipo, com as agressões que fizeram, (...) agredindo fisicamente as pessoas que não aderiram, batendo e, agora a noite, jogando pedras, quebrando, assaltando, usurpando, machucando. Que tipo de movimento é esse?".
Ao ser questionado se todos os grevistas eram vagabundos, ele recuou: “Eu até fiz a ressalva, nem todos, mas uma parte considerável”. Perguntado se é uma conduta adequada a um prefeito desqualificar os grevistas, Doria minimizou sua fala: "Qual é o problema? Pergunte ao vagabundo".
O prefeito de São Paulo foi criticado por internautas, pois teria apoiado as manifestações contra a ex-presidente Dilma Rousseff e criticado as que ocorreram nesta sexta-feira no país. Doria se defendeu e garantiu que em nenhum momento apoiou as manifestações contra Dilma em uma publicação nas redes sociais. Ele ainda deu seu ponto de vista sobre os dois movimentos: “Manifestação é uma coisa, greve é outra”.
Doria voltou a criticar a greve geral: "O que houve hoje nas cidades brasileiras foi uma agressão quase generalizada no país". Ele aproveitou a oportunidade para atacar a ex-presidente: "Continuo achando a Dilma um horror, um desastre na vida do país”. Ele também criticou o PT e o ex-presidente Lula e defendeu seu ponto de vista: “Se tem alguma coisa que eu não mudo são as minhas convicções". O tucano disse não achar as reivindicações razoáveis e defendeu as propostas do governo Temer: "Sou inteiramente a favor, tanto da reforma trabalhista como da previdenciária, exatamente como está". Para o prefeito de São Paulo, já houve muitas concessões até que se chegasse aos textos atuais.
Ao defender o aumento e a igualdade na idade de aposentadoria para homens e mulheres, ele usou a si mesmo para dizer que acharia terrível parar de trabalhar aos 59 anos. Ao ser lembrado que tanto Fernando Henrique Cardoso quanto Michel Temer recebem aposentadoria, mesmo trabalhando, ele minimizou: “Já foi, eles têm direito”. Doria, no entanto, disse não concordar com a regra que garantiu a aposentadoria a ambos e opinou: “Se continuar assim quebra o Brasil”.
O político criticou algumas alterações no ‘texto original’ da reforma e aproveitou a oportunidade para fazer duras críticas à atividade sindical no país: “Virou negócio”. Para ele, os sindicatos atuam apenas para a obtenção de recursos e, segundo seu ponto de vista, passou da hora de a Contribuição Sindical ser facultativa.
Doria também falou sobre a proposta de se transferir a estados e municípios as reformas previdenciárias do funcionalismo público. Apesar de se dizer surpreso com a proposta, ele garantiu que estado e município já estudam uma ação conjuntamente e garantiu: “A decisão será absolutamente igual. A decisão do estado será a decisão do município de São Paulo”. Ele ainda revelou: "Deverá ser um texto próprio".
Doria elogiou o governador Geraldo Alckmin, de seu partido, o PSDB, e garantiu: "A situação fiscal do governo de São Paulo é uma situação confortável". Ele também disse que não gostaria de falar sobre seu antecessor, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a quem considera "uma boa pessoa e honesto". Questionado por Mariana Godoy se Haddad não havia deixado dinheiro em caixa, ele disse: “Deixou um déficit de R$ 7,5 bilhões. Houve uma superestimativa de receita e uma estimativa modesta de despesa. A receita não veio e a despesa cresceu. Nossa responsabilidade agora é colocar as finanças em ordem até o fim do ano", garantiu.
João Doria comentou os investimentos do setor privado na cidade, garantiu que todos os parques serão concessionados e insistiu que não haverá contrapartidas aos empresários: "Não tem contrapartida nenhuma, zero. Isso quem gosta é o Lula e a sua turma". Ao ser criticado por sua proximidade com o empresariado e sobre possíveis efeitos negativos que essa situação poderia causar à administração pública, ele voltou a defender essas relações entre o público e o privado e, mais uma vez, atacou o PT: "Qual é o problema de fazerem isso"? Ele garantiu: ”Transparência absoluta, eu não sou do PT, não sou Lula, nem Dilma, nem Zé Dirceu".
João Doria voltou a se amparar no discurso do “não político” para justificar suas ações à frente da prefeitura de São Paulo: "Eu tenho que trabalhar nos meus quatro anos como prefeito. Eu sou gestor, sou um administrador, por isso que eu faço diferente, não sou um político”. Ele também se defendeu das acusações de interesses pessoais: "Eu não preciso de dinheiro público". E afirmou: "Faço uma gestão diferente, por isso surpreendo as pessoas".
João Doria evitou falar sobre uma possível candidatura à Presidência da República em 2018: "Eu quero ser prefeito da cidade de São Paulo. Meu candidato à Presidência da República se chama Geraldo Alckmin”. Diante da insistência da pergunta, uma vez que ele se enquadra em um perfil admirado atualmente pelo eleitor, o do “não político”, Doria rejeitou tratar do tema: ”Não é hora de falar disso”.
Ao ler quatro manchetes que acusam membros do PSDB de terem se beneficiado de dinheiro ilegal, o político defendeu seu partido atacando o PT: "São quatro manchetes, se fosse o PT seria uma enciclopédia". Esse comentário fez com que ele fosse questionado se “personificar o antipetismo” não seria uma estratégia política. Doria, então, respondeu: “Eu penso no país e no Brasil”. Para o prefeito da capital paulista, os quase 14 milhões de desempregados no país são um legado das gestões Lula e Dilma, no que ele classificou como ”o maior assalto ao dinheiro público da história da humanidade”. Doria garantiu que se a Lava Jato constatar a culpa de políticos do PSDB ele criticará seu partido com a mesma contundência que critica o PT: “A lei é feita para todos".
Confrontado com o caso Banestado, que teria tirado ilegalmente do Brasil cerca de U$ 125 bilhões e teria, ainda, o envolvimento de pessoas ligadas ao PSDB, João Doria minimizou: "Juizado de pequenas causas perto do PT". O tucano aproveitou a oportunidade para elogiar o juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato: "Esse homem é o herói do Brasil”.
João Doria explicou que os festejos do Dia do Trabalhador não poderão ocorrer na Avenida Paulista por uma decisão da Justiça, mediante assinatura de um termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado pela gestão anterior: "Não sou eu que não quero, a Justiça é que não permite. Não posso ir contra a lei".
Ao falar sobre outro problema sério enfrentado pelos paulistanos, a ‘Cracolândia’, João Doria disse que o tráfico de drogas na região prosperou absurdamente nos últimos quatro anos e observou: "É um shopping center de drogas a céu aberto". O prefeito garantiu que, com ações de saúde, assistência social, urbanismo e segurança irá acabar com esse problema, e depressa. Mais uma vez, citando uma parceria com a iniciativa privada, ele garantiu que as coisas se resolverão ainda neste ano: "Eu não tenho medo de bandido e nem de traficantes, porque a hora deles vai chegar”.
O tucano defendeu o aumento de velocidades nas marginais Tietê e Pinheiros e negou que essa tenha sido a causa do grande aumento de acidentes registrado nos primeiros meses deste ano: ”Nenhum acidente nesses três meses depois que nós mudamos as marginais Tietê e Pinheiros têm ligação com o aumento de velocidade”. Doria atribuiu a maioria das ocorrências e mortes aos condutores de motos a anunciou que em duas semanas deve ser veiculada uma “campanha de impacto para orientar e educar os motociclistas”. O prefeito de São Paulo aproveitou para dizer que em breve será divulgado o balanço das aplicações de punição aos motoristas infratores na capital e garantiu: “A obsessão pelas multas já não existe mais”.
João Doria voltou a defender o Corujão da Saúde que, segundo ele, zerou a fila de exames na cidade de São Paulo. Apesar de muitos críticos dizerem que nem todos os exames eram contemplados pelas ações da Prefeitura, Doria insistiu: “Resolvemos o problema da fila dos exames”. A próxima ação da Prefeitura, segundo ele, será o Corujão da Cirurgia. O tucano explicou que, para a realização das operações, “o critério é emergencial" e assegurou que os hospitais particulares envolvidos na ação serão pagos de acordo com a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo defendendo suas ações, o político reconheceu que não conseguirá resolver todos os problemas de saúde da cidade e ponderou: “Milagre eu ainda não faço”.
O prefeito de São Paulo comentou o corte de investimentos em cultura, sobretudo nas regiões periféricas da cidade e informou: "Vamos substituir os programas, ao invés de públicos serão privados". Ele usou, mais uma vez, o suposto déficit de R$ 7,5 bilhões da Prefeitura para justificar a redução de investimentos e a substituição de gastos públicos por privados e concluiu: "A Virada Cultural vai ser feita majoritariamente com dinheiro privado”.
Ao ser questionado sobre como foi trabalhar hoje, ele garantiu que foi de carro e não de helicóptero, como havia sido divulgado nas redes sociais por alguns críticos, mas esbravejou: "Quando uso helicóptero, uso o meu, que comprei com meu dinheiro”. Mais uma vez, Doria atacou o ex-presidente: “Eu não sou o Lula que compra pedalinho com dinheiro de empreiteira”.
O político do PSDB voltou a defender as reformas propostas pelo governo Temer: “Eu venho do setor privado, eu conheço esse mundo”. Doria prosseguiu: "O Brasil é um grande mercado, mas precisa ter regras claras". Para ele, as reformas trabalhista e previdenciária serão um estímulo positivo para novos investimentos no Brasil. Segundo ele, “ganha o trabalhador e ganha o desempregado”. O tucano foi além e garantiu investimentos aos montes no país caso as reformas sejam aprovadas: "Vamos ter uma enxurrada de investimentos no Brasil ainda esse ano”.
O prefeito de São Paulo defendeu as escolhas do presidente Temer: “Temos que confiar nas reformas”. Ele ainda garantiu: “Não tenho interesse político nisso”. Por fim, fez uma declaração de amor ao país: "Eu podia morar fora do Brasil, tenho patrimônio, tenho tudo, trabalhei para isso, mas amo o Brasil, quero estar aqui e ajudar meu país."
Fonte: Blog Edmilson Gomes
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