As falácias de Doria
FEBRUARY 03, 2021Recebi num grupo de WhatsApp esse texto e repasso aqui, pois o autor dissecou uma a uma as várias falácias do governador João Doria ao ligar para a rádio Jovem Pan e "exigir" o seu "direito de resposta" após uma crítica minha sobre seus ataques à prefeita de Bauru:
Doria ligou para a rádio Jovem Pan e "exigiu" direito de resposta para uma análise política de um comentarista da rádio que o criticou. Imaginem se o Presidente resolvesse fazer isso...
Porém, o que mais impressionou no episódio é que Doria parecia um adolescente militante de Centro Acadêmico, disparando uma série de chavões e acusações sem provas contra Rodrigo Constantino. Curiosamente, Doria contratou (pela TV Cultura), há poucos meses, Vera Magalhães, que faz o mesmo tipo de críticas só que ao Presidente Bolsonaro. Então, o que ela faz é jornalismo de verdade e o que Rodrigo faz não??
Mas vamos às falácias apresentadas por Doria na sua fala destemperada.
1 - Todo o conflito começou após uma entrevista com a Prefeita de Bauru, que não aceitou a implantação da Fase Vermelha no seu município. Doria a havia chamado de "vassala de Bolsonaro", sendo que a prefeita explicou que as medidas tomadas no município foram discutidas e planejadas por uma equipe, inclusive de infectologistas da cidade.
2 - Doria começou dizendo que "o mesmo tempo que Rodrigo Constantino nos fez críticas, nós usaremos para fazer a nossa defesa". Esse critério serve para todos ou só para o governador da calça apertada? Bolsonaro pode exigir isso também nas emissoras de rádio e TV?
3 - Doria inicia falando em "defesa da vida e da ciência". Todos os locais que fizeram lockdown rigoroso tiveram um número de mortos elevado. Isso é científico. Recentemente, um Professor da UFPE publicou um trabalho mostrando que quanto mais rígido o lockdown, maior o número de contaminados e mortes. ISSO é ciência!! A própria OMS já mudou sua posição sobre o lockdown e Doria insiste nisso porque voltar atrás seria admitir que Bolsonaro sempre teve razão.
4 - Passou a chamar Constantino de "negacionista, ideólogo de Bolsonaro, defensor de homicida". São três acusações diferentes e todas graves. Negacionista, Rodrigo nunca foi. Nunca negou a importância e gravidade da doença, só criticou as medidas tomadas por alguns governadores e prefeitos. "Ideólogo de Bolsonaro". Esse título já foi de Olavo de Carvalho e, agora, Doria o transfere para Constantino. Na verdade, talvez Bolsonaro nem conheça Rodrigo pessoalmente. Como ele poderia ser o ideólogo do Presidente? Já a acusação de defensor de homicida é uma insinuação de que Bolsonaro seria o homicida. Matou quem? Todos os mortos da pandemia? Mas a maior taxa de mortes é de São Paulo. O maior homicida então seria Doria.
5 - "O mesmo Rodrigo Constantino que defendeu um estupro nas redes sociais". Aí, Doria ou foi muito mal assessorado ou muito canalha. O cancelamento de Rodrigo por suas declarações no caso Mariana foi um exemplo terrível de censura, a mesma censura que Doria parece fazer contra críticas à sua atuação. Pior ainda!! A Justiça NÃO CONSIDEROU que houve estupro (muito menos culposo, como foi divulgado pelo The Intercept). Portanto Doria não só está acusando Rodrigo injustamente como está afirmando que a Justiça errou e se tratava de um estupro.
6 - "São Paulo defende a Ciência, a saúde e a vida". Onde está a explicação científica para fechamento de avenidas, implantação de rodízio, o que levou a um aumento da aglomeração? E onde está a defesa da saúde e da vida se os hospitais de campanha foram desmontados e o número de UTIs nos hospitais públicos não só não aumentou como reduziu. Lembrando que a segunda onda já estava ocorrendo na Europa e Doria não fez absolutamente nada para se preparar para a sua chegada a São Paulo.
7 - "Você e Bolsonaro sempre disseram que era uma gripezinha". Aí vemos qual a real intenção de Doria ao pedir o direito de resposta. O problema dele não era com Constantino, mas ele queria usar o tempo e a audiência da Jovem Pan para fazer campanha política. Por isso ele juntou Bolsonaro e Constantino numa declação única. Rodrigo nunca chamou de gripezinha. Aliás, Bolsonaro nunca chamou a doença de gripezinha (quem fez isso foi Dráuzio Varella). Bolsonaro disse que, se ELE pegasse a doença, por certo seria como uma gripezinha, dado o seu histórico de atleta anterior. Aliás, ele pegou e foi realmente uma gripezinha...
8 - "Hoje o Brasil contabiliza 225 mil mortos por uma pandemia que poderia ter seu efeito minimizado". Então, Doria está chamando a Angela Merkel de assassina? E o Boris Johnson também? Se existe uma forma de minimizar essas mortes, por que Doria não aplicou isso em São Paulo. Muito pelo contrário, São Paulo é um estado que, se fosse um país, estaria entre os com o maior número de mortos tanto absoluto quanto percentual.
9 - "Pseudo-jornalistas como você, defendendo o terraplanismo". Aí Doria pegou pesado. Primeiro que o STF considerou que não é necessário diploma de jornalismo, portanto Rodrigo é realmente um jornalista. Segundo que nem Rodrigo nem Bolsonaro nunca defenderam terraplanismo. Doria pode alegar que foi uma figura de retória, mas na verdade é uma falácia do espantalho. Eu questiono as medidas para combate à pandemia e sou acusado de acreditar na terra plana...
10 - "Foi aqui em São Paulo que viabilizamos a vacina". Doria finge ignorar que ambas as vacinas, a do Butantan e a da Fiocruz foram aprovadas no mesmo dia. A segunda teve o apoio do Governo Federal. Se ele tem algum mérito por ter conseguido a vacina chinesa, Bolsonaro teria igual mérito por ter obtido a vacina de Oxford.
11 - "Vocês chamaram de vacina da China". E de onde ela é? A prova de que ela vem realmente da China e não do Butantan (ainda) é que elas chegaram já embaladas (não foram insumos) e Doria tirou até foto segurando uma caixinha na frente do avião.
12 - "Foi essa vacina que foi aprovada e qualificada pela Anvisa". Na verdade, qualquer pessoa que tenha assistido à cerimônia da Anvisa notou que nenhuma das duas vacinas nunca teria sido aprovada se não fosse a urgência da situação. Os dados foram insuficientes para ambas.
13 - "A vacina que cura e eficaz". Aí Doria perdeu totalmente a vergonha. Primeiro, que vacina não cura nada, previne. Segundo que a sua vacina tem uma eficácia baixa, 50,4%. Portanto, nem prevenir em todo mundo ela vai. E ainda por cima, os trabalhos mostraram que pessoas vacinadas continuam transmitindo o vírus. Então, não é tudo isso...
14 - "A vacina que está salvando milhões de brasileiros da linha de frente". Esse discurso vai começar a ruir quando profissionais da saúde já vacinados começarem a pegar a doença. Vamos só aguardar.
15 - "Respeite os profissionais de saúde, respeite a vida e respeite a ciência". Poucas pessoas entrevistaram mais médicos nos últimos meses que Rodrigo Constantino. Ele deu voz a diversos profissionais que estavam sendo boicotados pela mídia. Quanto a respeitar a ciência, novamente Doria usa o termo com um caráter religioso, como se a ciência não fosse um questionar constante e sim uma verdade imutável.
16 - "Respeite as famílias dos 220 mil mortos". Quem primeiro deveria respeitá-los deveria ser Doria que, além de ter o mais alto índice de mortos do país, ainda aumentou impostos e cortou benefícios de deficientes e idosos.
17 - "Já aviso que se Constantino vier para a tréplica, eu quero o mesmo tempo de direito de resposta". Novamente, Doria revela sua face autoritária e anti-democrática. Ele pode ligar para uma rádio e fazer uma série de acusações a um jornalista, mas quer que ele fique quietinho e não o responda.
Rodrigo iniciou a sua resposta afirmando que apresentou fatos e dados, enquanto Doria só se limitou a tentar monopolizar as virtudes e a ciência. A partir daí, Doria passou a interromper, de forma grosseira, toda a resposta de Constantino, transformando a segunda parte numa bagunça, inclusive elevando a voz (nem sabia que ele conseguia modular aquela voz monótona dele) para que não se conseguisse ouvir Rodrigo.
Foi uma queda total de máscara. Doria esqueceu aquele personagem friamente calculado para se revelar como realmente é: um tirano.
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