sexta-feira, 1 de junho de 2018

Gilmar Mendes solta 15 investigados presos por Bretas em menos de um mês

Gilmar Mendes solta 15 investigados presos por Bretas em menos de um mês

Nesta sexta, Gilmar libertou Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio-RJ, que patrocinou eventos do IDP
  • MATHEUS TEIXEIRA
01/06/2018 18:24Atualizado em 01/06/2018 às 18:42



Ministro Gilmar Mendes / Crédito: Fellipe Sampaio/SCO/STF
Desde o último dia 15 de maio, o ministro Gilmar Mendes mandou soltar 15 investigados que estavam presos por determinação do juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro. O décimo quinto libertado foi Orlando Diniz, ex-presidente da Fecomércio-RJ, beneficiado por um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (1/6).
Detido preventivamente por suspeita de empregar funcionário fantasma e de ter lavado dinheiro de corrupção do esquema do ex-governador Sérgio Cabral, Diniz era presidente da Fecomércio-RJ quando a entidade patrocinou com R$ 50 mil um evento realizado pelo Instituto de Direito Público (IDP), instituição da qual Gilmar é sócio.
No HC, o ministro alega que os supostos crimes são graves, mas ocorreram em um tempo “consideravelmente distante da decretação de prisão”. O próprio Ministério Público Federal, diz Gilmar, não imputa delitos ao investigado após o ano de 2011.
Além disso, o magistrado diz que a prisão foi fundamentada na necessidade de assegurar a recuperação dos valores desviados, não no risco de Diniz fugir da Justiça. “Não vejo adequação da prisão preventiva a tal finalidade, na medida em que recursos ocultos podem ser movimentados sem a necessidade da presença física do perpetrador”, diz.
Na última quarta-feira, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) havia decidido por unanimidade manter Diniz preso.

‘Decisão contribui com sensação de impunidade’

No mesmo dia, os desembargadores também entenderam que uma vez concedida uma liminar em HC pelo Supremo, não cabe mais ao TRF2 julgá-lo. Processualmente, então, a liminar de um ministro é um ponto definidor no julgamento de um habeas corpus, especialmente em grandes operações.
O julgamento se deu em outra decisão de Gilmar, sobre o empresário Sandro Alex Lahmann. O desembargador Paulo Espírito Santo chegou a registrar na sessão que perdeu tempo ao elaborar o voto e que o leria porque fazia questão de dizer o que pensa no caso.
A mudança no entendimento dos desembargadores da 1ª turma do TRF2 aumentou o ônus sobre ministros de Supremo Tribunal Federal (STF) que, individualmente, concedem liminares para soltar investigados em grandes operações policiais
Além de conceder quinze habeas corpus na Lava Jato do Rio de Janeiro, o ministro também libertou outros investigados por desvios de recursos em São Paulo, por exemplo, como o ex-diretor da Dersa, Paulo Preto, e sua filha, Tatiana de Souza.
A procuradora regional da República Adriana Scordamaglia, integrante da Força Tarefa da Lava Jato em São Paulo, afirmou que a decisão do ministro do Supremo Tribunal (STF) Gilmar Mendes de soltar o ex-diretor da Dersa Paulo Preto alimenta a sensação de impunidade.
Para ela, houve “supressão das instâncias já que nós temos um tribunal e o Supremo Tribunal Federal é a ultima instancia a que os réus devem recorrer”.
“A audiência estava se encerrando com a manutenção da prisão dos corréus José Geraldo e Paulo Vieira”, conta Adriana. “Causou-me inda mais estranheza o teor da decisão cujo HC foi concedido de ofício para a corré Tatiana [filha de Paulo Preto]”.
Veja os HCs concedidos por Gilmar contra decisões de Bretas desde 15 de maio:
Presos pela Operação Pão Nosso, que apura irregularidades no sistema penitenciário do Rio de Janeiro:
  1. Marcelo Luiz Santos Martins – soltou em 21/05
  2. Marcos Vinicius Silva Lips – soltou em 23/0, 
  3. Sandro Alex Lahmann – soltou em 24/05
  4. Carlos Mateus Martins – soltou em 24/05
  5. Cesar Rubens Monteiro de Carvalho – soltou em 28/05
  6. Sérgio Roberto Pinto da Silva – soltou em 28/05

Investigados por fraudes em contratos do governo do RJ, acusados de integrar o “núcleo Cabral”
  1. Hudson Braga – soltou em 23/05
  2. Carlos Miranda – soltou em 23/05

Detidos pela Operação Rizoma, que investiga esquemas em fundos de pensão
  1. Milton Lyra – soltou em 15/05
  2. Marcelo Sereno – soltou em 18/05
  3. Adeilson Ribeiro Telles – soltou em 18/05
  4. Carlos Alberto Valadares Pereira – soltou em 18/05
  5. Ricardo Siqueira Rodrigues – soltou em 18/05
  6. Arthur Pinheiro Machado – soltou em 23/05

Preso na Operação Jabuti, que investiga fraudes para beneficiar Cabral
  1. Orlando Diniz – soltou em 01/06

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