PP muda de lado e troca França por Doria em SP
Partido havia anunciado apoio ao governador há uma semana; com a migração, tucano passa a ter o maior tempo de rádio e TV
- O Estado de S. Paulo.
- Adriana Ferraz Pedro Venceslau COLABORARAM FABIO LEITE e MARCELO GODOY
Uma semana após anunciar apoio à reeleição do governador de São Paulo, Márcio França (PSB), o PP mudou de lado e fechou com o pré-candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes, João Doria.
A decisão, que será oficializada hoje, altera a divisão do tempo de rádio e televisão em favor do tucano e coloca em dúvida a permanência das demais siglas na coligação de França.
Presidente estadual do PP, o deputado federal Guilherme Mussi assumiu a responsabilidade e afirmou que “política é assim mesmo”. Segundo o parlamentar, o partido está “corrigindo o rumo”. “Não acho ruim mudarmos de ideia. O importante é corrigir a tempo, antes de o navio partir. Estamos voltando às origens. Estávamos com o Doria em 2016 e vamos continuar. Com o nosso apoio, acreditamos que as chances de vitória no primeiro turno aumentam”, disse.
Segundo o Estado apurou, o descontentamento do PP passa pela demora de Márcio França em nomear indicados do partido para cargos importantes da Polícia Civil, como as diretorias do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) e do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro).
O PP também defende a confirmação do atual delegado-geral da Polícia Civil, Júlio Guebert, no cargo, o que não ocorreu até agora – ele é interino desde abril, quando Youssef Abou Chahin pediu demissão e se aposentou. Mussi nega que esses tenham sido os motivos da saída do PP da aliança, mas admite que o partido pede a permanência de Guebert.
Segurança pública é bandeira do PP desde que Paulo Maluf comandava o partido em São Paulo. Ao atrair a legenda, Doria ganha não apenas um tempo
maior de TV, mas o apoio de alguns dos principais representantes da chamada “bancada da bala”: o delegado Olim e o coronel Telhada, ambos deputados estaduais. O último trocou o PSDB pelo PP neste ano, mas diz ter gostado da decisão do novo partido. “Desde o princípio fui partidário de Doria. Gostei da mudança”, afirmou.
Debandada. Após o PP trocar de lado, o prefeito regional da Lapa, Carlos Fernandes (PPS), afirmou nas redes sociais que sempre defendeu como sendo “prematuro” o apoio de seu partido à reeleição de França – o PPS é um dos 14 partidos que apoiam atualmente o governador. Aliado de Doria e do prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), Fernandes afirmou ainda que a decisão do PP fortalece a candidatura do presidenciável tucano Geraldo Alckmin e o centro democrático.
Segundo o líder do PPS na bancada federal, Alex Manente, a declaração de Fernandes não representa o posicionamento do partido. “Essa é uma visão particular e isolada do Carlos (Fernandes), que participou da gestão Doria e ainda participa na do Bruno. O PPS está coeso em torno da candidatura do Márcio França”, afirmou.
Declarações de dirigentes de outros partidos aliados também sinalizam que a coligação do atual governador pode ser reduzida até as convenções partidárias, que ocorrem a partir de 20 de julho. Um presidente de partido ouvido ontem pela reportagem disse que o casamento com França não se consumou ainda, abrindo caminho para uma troca em favor de Doria, que tem enviado mensagens em busca de apoio.
Tempo de TV. O apoio a França havia sido anunciado em evento realizado no último dia 15. Com o PP, o atual governador alcançaria o maior tempo no rádio e na TV, com 30% do total, seguido por Doria, com 27%. Agora, o cenário é outro. Com o PP, o tucano chega a 33,2% – 2 minutos e 59 segundos em cada programa fixo de 9 minutos para candidatos a governador. Já França passa a somar 25,6%, o que representa 2 minutos e 18 segundos.
O reforço à campanha de Doria, capitaneada pelo PP, teria sido articulada em conjunto com lideranças nacionais de ambos os partidos. Coordenador político da campanha de Alckmin à Presidência da República, Marconi Perillo teve reuniões em Brasília anteontem como nomes do PP e também do DEM e do PRB – que já declararam apoio a Doria. O PR, que está com França, também foi procurado. /
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