Ex-funcionária diz que pagamento de propina era prática na Odebrecht
Conceição Andrade entregou a autoridades uma lista com mais de 500 nomes dos anos 80 que, segundo ela, receberam recursos da empresa
Na semana em que veio a público uma lista com nomes de 200 políticos que teriam recebido recursos da Odebrecht, o Fantástico exibiu uma entrevista com uma ex-funcionária da empresa que afirma: o pagamento de propinas seria uma prática antiga na empresa.
Conceição Andrade, que trabalhou como secretária do departamento financeiro por 11 anos, entregou a autoridades uma outra lista, dos anos 1980, com mais de 500 nomes, incluindo de ex-ministros, ex-governadores, ex-prefeitos, senadores e deputados. Como foi divulgado neste sábado, a documentação apreendida era chamada de "Livro de Códigos" e continha uma lista com o nome "Relação de Parceiros".
Leia mais:
Moro determina deve enviar planilhas da Odebrecht ao STF
CGU confirma negociações para acordo de leniência com Grupo Odebrecht
Secretária que entregou setor de propina da Odebrecht não deve ir para prisão
Moro determina deve enviar planilhas da Odebrecht ao STF
CGU confirma negociações para acordo de leniência com Grupo Odebrecht
Secretária que entregou setor de propina da Odebrecht não deve ir para prisão
Apesar de a Polícia Federal ainda não poder afirmar que todas as anotações na lista se referem a propinas, Conceição se diz convencida:
— Tudo o que tem dentro, toda essa relação que existe nessa lista foram pagamentos de propina. Foi dinheiro saído do caixa dois — disse ao Fantástico.
Ela contou que chegou a entregar dinheiro a alguns políticos.
Ao lado de cada nome, estão os apelidos e a obra pela qual teriam recebido propina. Um codinome é jargão da justiça: "capa preta". Os políticos são "almofadinha", "ceguinho", "sabiá", "mel", "whisky". Conceição disse que "o próprio pessoal da empresa" inventava os apelidos e fazia isso em tom de deboche.
A Polícia Federal disse que está analisando esses papéis, que podem ser incorporados ao banco de dados da Lava-Jato. Os registros de quase 30 anos podem ajudar a esclarecer pontos da investigação, mas a polícia diz que, mesmo se for comprovada a autenticidade, provavelmente ninguém poderá ser processado, porque esses crimes já estariam prescritos. A polícia ainda não sabe se as pessoas citadas cometeram alguma ilegalidade, e o Fantástico não divulgou os nomes das pessoas que aparecem nas listas.
A Odebrecht, por meio de sua assessoria de imprensa, disse ao programa que a empresa não vai se manifestar sobre essa lista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário