França e Itália enviam uma mensagem com novos mandatos da vacina COVID:
É hora de 'irritar' os não vacinados
Se há epicentro para a guerra da Europa contra os não vacinados, pode ser na Itália e na França. Durante meses, os países introduziram novas medidas duras após novas medidas duras - às vezes, com poucas horas de diferença - para impelir os cidadãos a se vacinarem contra o COVID-19, ou enfrentar as consequências.
Os dois países não estão desacelerando em 2022, introduzindo uma série de novos mandatos e medidas voltadas diretamente para os céticos em relação às vacinas. O último veio na França na quinta-feira.
Depois de dias de furiosa disputa entre legisladores franceses, a Assembleia Nacional do país finalmente votou antes do amanhecer de quinta-feira para proibir pessoas não vacinadas de restaurantes, bares, cinemas, shows e muitos outros locais públicos, em uma medida que se tornou um assunto de campanha polêmica para O presidente Emmanuel Macron, que disse a um grupo de eleitores nesta semana que queria “irritar” as pessoas não vacinadas.
A partir de 15 de janeiro, as pessoas com mais de 18 anos precisam provar que estão totalmente vacinadas, em vez de escolher entre serem imunizadas ou fazer testes COVID-19 frequentes, como tem acontecido desde julho do ano passado. Os parlamentares terminaram seus dias e noites de discussão e aprovaram o plano de Macron às 5h30. Isso aconteceu quase dois dias depois que Macron disse que pretendia “irritar” as pessoas não vacinadas “até o fim” - exercendo pressão máxima sobre 10% dos adultos na França que recusaram vacinações COVID-19.
A observação contundente de Macron - uma tradução suave do verbo francês “ emmerder ” - provocou uma reação explosiva de seus rivais políticos nas eleições presidenciais de abril, que o declararam não presidencial e rude. Embora Macron ainda não tenha declarado formalmente sua candidatura à reeleição, sua gestão da pandemia - e o debate crucial sobre os mandatos das vacinas - foi vista como a questão central da campanha.
“Temos direitos e responsabilidades como cidadãos”, disse o primeiro-ministro francês, Jean Castex, em uma longa entrevista à TV BFM, depois que os parlamentares aprovaram a passagem obrigatória da vacina. “Ser antivaxx não é apenas uma escolha pessoal.”
Muitos políticos e eleitores parecem concordar, após dois anos exaustivos de pandemia. Apesar dos argumentos esplenéticos dos políticos durante toda a semana, o plano de Macron foi aprovado na Assembleia Nacional por uma votação de 214 a 93. Isso reflete as pesquisas recentes, que mostram que cerca de dois terços das pessoas na França apóiam o incentivo às pessoas a serem vacinadas para poderem entrar para locais públicos. O Senado francês deve ratificar a quase lei no início da semana que vem, antes de entrar em vigor naquele fim de semana.
Cada vez mais, dois dos líderes mais poderosos da Europa - Macron e o primeiro-ministro italiano Mario Draghi - buscam estratégias de pandemia semelhantes. Como os casos de Omicron dispararam em ambos os países, Macron e Draghi estão ansiosos para tornar cada vez mais difícil para as pessoas permanecerem não vacinadas.
As infecções por COVID-19 na França dispararam desde que escolas e empresas foram reabertas após o Ano Novo, quebrando recordes de pandemia dia após dia. Na quarta-feira, as autoridades de saúde relataram mais de 320.000 infecções positivas nas 24 horas anteriores - muito acima da cifra de 270.000 no dia anterior.
Com esse aumento acentuado, as pessoas parecem cada vez mais apoiar medidas de vacinas mais vigorosas - algo que Castex enfatizou após a votação de quinta-feira sobre a nova lei francesa. Questionado na televisão se Macron estava certo ao dizer que queria “irritar” pessoas não vacinadas ”, ele disse:“ Se formos todos cidadãos, ninguém vai irritar ninguém ”.
50 e mais velhos
Em uma ação um tanto surpreendente, o governo italiano anunciou na quarta-feira que todos os italianos com 50 anos ou mais devem ser vacinados contra o COVID-19. A dura nova medida surge em um momento em que a Itália enfrenta um aumento nas infecções, hospitalizações e mortes por Omicron.
“Queremos desacelerar o crescimento da curva de contágio e pressionar os italianos que ainda não foram vacinados a fazê-lo”, disse o primeiro-ministro Draghi em uma reunião de gabinete na terça-feira. “Estamos atuando principalmente nas faixas etárias com maior risco de hospitalização, para reduzir a pressão sobre os hospitais e salvar vidas”.
Nos últimos dois dias, o país de 60 milhões de habitantes viu mais de 350.000 novos casos e quase 500 mortes. O que preocupa as autoridades de saúde é a velocidade com que os leitos hospitalares estão enchendo. Os níveis não são nada parecidos com os que o país experimentou na primavera de 2020, mas nos dias após o Natal, a Itália atingiu um marco crítico: um em cada cinco leitos hospitalares estão agora ocupados por pacientes COVID - na minúscula região alpina do Vale de Aosta na fronteira com a França, a taxa de ocupação de leitos hospitalares é de quase 50% - com a maioria dos não vacinados ou daqueles com condições médicas subjacentes.
A Itália já havia introduzido alguns dos mandatos de vacinas mais difíceis da Europa. Em agosto, o governo Draghi introduziu o “Passe Verde”, prova emitida pelo estado de que o portador está totalmente vacinado, se recuperou de uma infecção por COVID ou carrega um resultado de teste negativo. Um passe verde agora é necessário para se envolver em quase todas as facetas da vida pública italiana. Sem um, uma pessoa não pode entrar em um local de trabalho, museu, cinema, restaurante ou na maioria das lojas. Sob as novas regras impostas na quarta-feira, apenas supermercados e farmácias são zonas livres de Green-Pass.
Antes do novo mandato da vacina na quarta-feira, as pesquisas na Itália mostraram que a maioria dos italianos apóia o Green Pass.
Fonte: Fortune
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