PF pede perícia contábil no fluxo financeiro da Schahin
08/01/2016, 05h00
Levantamento abrange período de 2004 a 2014 e busca identificar inclusive pagamentos da Petrobrás, transações financeiras com partidos, políticos, agentes públicos e operadores de propinas
A Polícia Federal pediu um laudo pericial contábil para identificar pagamentos feitos pela Petrobrás para o Grupo Schahin, um dos alvos da Operação Lava Jato. Os donos da empresa, em processo de falência, confessaram ter dado um empréstimo de R$ 12 milhões, em 2004, para o PT por intermédio do pecuarista José Carlos Bumlai – amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A perícia terá que fornecer ainda dados sobre transações financeiras do Grupo com agentes públicos, partidos políticos ou pessoas e firmas ligadas a eles, eventuais pagamentos para operadores de propina alvos a Lava Jato, contratações de consultorias ou prestações de serviços e movimentações financeiras com empresas offshore.
O pedido foi feito no dia 4 ao Setor Técnico Científico da PF pela delegada Renata da Silva Rodrigues, da equipe da Lava Jato. A análise deve abranger o período de 2004 a 2014. A devassa tomará como base documentos contábeis arrecadados nas buscas e apreensões da Lava Jato, bem como quebras de sigilos fiscal e bancário fornecidos pela Receita Federal.
A Schahin foi contratada de forma irregular para operação do navio-sonda Vitoria 10000, em 2009. O contrato teria sido dirigido para a empresa, como compensação pelo empréstimo concedido ao PT em 2004, nunca pago por Bumlai. Ele foi preso em Brasília na Operação Passe-Livre, desdobramento da Lava Jato, em 24 de novembro. A PF tomou três vezes o seu depoimento, no terceiro os investigadores abordaram exclusivamente detalhes sobre o ex-presidente Lula.
A PF suspeita que o amigo de Lula teria atuado decisivamente no direcionamento e pagamento de propinas na contratação do Vitória 10000, junto com o lobista e operador financeiro Fernando Soares, o Fernando Baiano.
“Com base nos dados disponíveis, sobretudo contábeis e financeiros, há pagamentos feitos a partir de empresas do Grupo Schahin e consórcios dos quais tenham participado em favor de empresas ou operadores apontados na Operação Lavajato como tendo promovido a transferência dissimulada de recursos e/ou lavagem de capitais?”, questiona a delegada Renata da Silva Rodrigues, aos peritos.
COM A PALAVRA, A PETROBRÁS
Consultada por e-mail, a Petrobrás enviou Nota de Esclarecimento que divulgou no último dia 30 de novembro “Conforme informado em comunicado ao mercado divulgado no dia 11 de novembro, foi realizada, no primeiro semestre de 2015, uma auditoria interna com o objetivo de avaliar os procedimentos de controle aplicados na contratação dos navios-sondas Petrobras 10000, Vitoria 10000, Pride/Ensco DS-5 e Titanium Explorer.
Essa auditoria emitiu relatório com recomendações no sentido de recuperar valores indevidamente pagos e renegociar ou encerrar esses contratos.
O relatório de auditoria foi entregue ao Ministério Público Federal (MPF), aos cuidados da Força Tarefa da Operação Lava-Jato, imediatamente após sua conclusão. Este documento serviu de elemento de prova para a sentença condenatória na ação penal que trata de irregularidades na contratação das sondas Petrobras-10000 e Vitória-10000.
A Petrobras já iniciou a adoção das medidas para cumprimento do que foi recomendado pela auditoria, incluindo a atuação da companhia como Assistente de Acusação do Ministério Público na referida ação penal. Por sentença, já foi fixado o valor de R$ 54,5 milhões como montante mínimo a ser ressarcido à Petrobras.”
O Grupo Schahin não se manifestou.
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