APÓS LONGA PRISÃO, DELATOR
DIZ O QUE MORO QUIS OUVIR
Preso desde o dia 14 de novembro do ano passado, o executivo
Eduardo Leite, da Camargo Corrêa, ganha o passaporte para a liberdade; em
delação premiada conduzida pela força-tarefa do juiz Sergio Moro, ele afirma
que o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, pediu que
supostas propinas destinadas ao PT fossem pagas sob a forma de "doações
oficiais"; é justamente essa a tese que se pretende demonstrar na Operação
Lava Jato: a de que o PT, na realidade, era uma lavanderia de propinas; não
será surpresa se, ao próximo delator, for pedido que incrimine a presidente
Dilma Rousseff ou o ex-presidente Lula, potencial candidato do PT à disputa
presidencial de 2018; a questão é: que valor tem a acusação de alguém cuja
palavra vale como moeda de troca para a liberdade?
Leite será solto por outro
motivo. Em sua delação premiada, ele acaba de dizer o que a força-tarefa
liderada pelo juiz Sergio Moro pretendia ouvir: que as doações oficias da
Camargo Côrrea ao Partido dos Trabalhadores eram, na realidade, "propina".
A tese foi ontem defendida pelo procurador Deltan Dellagnol, da mesma
força-tarefa, ao justificar o pedido de inquérito contra o tesoureiro nacional
do PT, João Vaccari Neto.
O depoimento de Eduardo Leite
foi vazado, no início desta tarde, para a revista Veja, que mantém estreita
ligação com a força-tarefa da Lava Jato (leia aqui). Assim, após usar sua palavra como
moeda de troca, Eduardo Leite ganhará a liberdade.
Com isso, a Lava Jato entra
numa nova fase. Depois de atingir as empreiteiras, a operação agora sobe ao PT.
Não será surpresa se a próxima negociação pela liberdade de algum empreiteiro
preso envolva uma acusação direta à presidente Dilma Rousseff ou ao
ex-presidente Lula.
A questão é: que valor legal
tem a acusação de uma pessoa submetida a mais de 100 dias de prisão e cuja
liberdade depende, apenas, de uma acusação que vá na direção do que buscam os
investigadores?
A tese da "doação legal
como propina" pretende, ainda, criminalizar o PT, levando à cassação do
registro do partido, impedindo, assim, que Lula possa concorrer em 2018. O
objetivo é atirar o partido na clandestinidade.
Fonte: Brasil 247
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