DELEGADO
SOBRE LAVA JATO: "TEREMOS MUITAS
DELAÇÕES"
O delegado da PF responsável pelas
investigações da Operação Lava Jato em Curitiba, Igor Romário de Paula, disse
acreditar que a operação, em sua décima fase, "está longe de chegar ao
fim"; segundo ele, "ainda teremos muitas delações pela frente porque
muitos investigados estão muito envolvidos nos crimes"; a delação já foi
criticada por políticos a serem investigados, como o governador do Rio, Luiz
Fernando Pezão, e também pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay,
que defenderá a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney
18 DE MARÇO
DE 2015 ÀS 16:36
Paraná 247 - O delegado da Polícia Federal (PF)
responsável pelas investigações da Operação Lava Jato em Curitiba, Igor Romário
de Paula, afirmou, nesta quarta-feira (18), acreditar que a operação, em sua
décima fase, "está longe de chegar ao fim". Ele também falou sobre as
delações premiadas. Atualmente, foram fechados 12 acordos de delações
premiadas.
"Acho, sim, que ainda teremos
muitas delações pela frente porque muitos investigados estão muito envolvidos
nos crimes. Então, a delação é sempre uma alternativa porque há investigados
com perspectiva de pena de até 50 anos", disse ao G1.
As delações premiadas foram
criticadas por políticos que serão investigados, como o governador do Rio, Luiz
Fernando Pezão (PMDB) e o advogado Antônio "Kakay", que defenderá a
ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB). Na semana passada, o chefe do
Executivo fluminense disse que a delação premiada é um recurso importante para
investigações criminais, mas, de acordo com ele, é preciso "muito
cuidado" ao analisar as acusações feitas pelos delatores.
"Acho que é preciso, depois da
delação, procurar provas, fazer acareações, questionar os delatores. Não se
pode jogar no ar uma acusação como essa", afirmou Pezão, em visita a um
estaleiro em Niterói, na região metropolitana. Pezão se referiuao depoimento do
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que
afirmou ter arrecadado R$ 30 milhões para o caixa 2 da campanha do PMDB no
Rio de Janeiro em 2010. "Trinta milhões é o dinheiro de uma campanha
inteira. Essa conversa nunca aconteceu, isso é mentira".
Por sua vez, o advogado Antonio
Carlos de Almeida Castro, disse ao Estadão, em janeiro, que em delação premiada
"a pessoa fala o que quer, como quer", em referência ao depoimento do
doleiro Alberto Youssef, apontado como o líder do esquema e que confessou ter
pago propina ao governo Roseana.
Quem também criticou a delação foi o
presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB e da Comissão da
Verdade do Rio, o advogado Wadih Damous. “Esse juiz (Sérgio Moro) e esses
procuradores se respondessem ao exame da Ordem da forma como se comportam na
investigação da Lava Jato não seriam aprovados. Delação premiada é chantagem.
Delação premiada não é pau de arara, mas é tortura!”, disse, em referência a
supostas torturas sofridas pelo presos da operação (leia mais aqui).
A posição da Damous foi a mesma do
advogado Elias Mattar Assad. "Uma confissão não espontânea é
comparável à tortura. Se a confissão tem que ser espontânea, a delação
também", disse. Ao 247, em fevereiro,
ele disse que "ninguém pode ser réu e testemunha ao mesmo tempo"
(leia mais aqui).
Esquema
O esquema de corrupção na Petrobras
envolve, ainda, políticos e empreiteiras. São acusados 82 réus e oito
empreiteiras. De acordo com as investigações, o esquema de lavagem de dinheiro
e evasão de divisas movimentou cerca de R$ 10 bilhões. Atualmente, 22 pessoas
estão presas e os valores repatriados somam R$ 139 milhões.
Ao todo, 52 políticos serão
investigados 22 deputados federais, 13 senadores, 12 ex-deputados federais,
dois governadores, dois ex-governadores e um ex-secretário (da Casa Civil do
Rio de Janeiro). O Supremo Tribunal Federal (STF) investigará 48 políticos e o
Superior Tribunal de Justiça (STJ), quatro. Os partidos alvos do Judiciário são
PMDB, PT, PP, PSB, PSDB, PTB e Solidariedade (SD).
"Claro que a maioria das coisas
que estão sendo faladas nas delações seriam obtidas naturalmente com a
investigação, mas demorariam mais. Então, é uma negociação, mesmo, junto com o
Ministério Público e com a polícia. Adiantou muito, mas não se trata de algo
que não seria identificado", acrescentou.
Igor garantiu que, enquanto delegado, não sofreu
algum tipo de pressão por parte de autoridades de outros setores públicos.
"Os setores que estão sendo atingidos mostram isso. Apesar de sermos do
Executivo, a grande maioria dos investigados hoje é do governo atual",
disse.
Fonte: Brasil 247
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