Delator diz que tesoureiro
do PT pediu R$ 10 mi em propina por meio de doação eleitoral
Eduardo
Leite, vice-presidente comercial da Camargo Corrêa, afirmou em delação premiada
que João Vaccari Neto sugeriu que 'propina atrasada' fosse depositada em contas
de campanha
Por: Daniel Haidar, de Curitiba17/03/2015 às
12:48 - Atualizado em 17/03/2015 às 12:51
CODINOME MOCH - João Vaccari: homem de
confiança do ex-presidente Lula, o tesoureiro era o elo financeiro entre os
corruptos e os corruptores que atuavam na Petrobras (VEJA.com/VEJA)
No ano de
2010, o vice-presidente comercial da construtora Camargo Corrêa, Eduardo Leite,
foi apresentado ao tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. Estavam em um
restaurante quando o petista aproveitou o encontro para marcar uma reunião
sobre "assuntos de interesse comum". Dias depois, Vaccari colocava a
fatura da propina sobre a mesa de um jantar com Leite, apelidado de
"Leitoso" na quadrilha do doleiro Alberto Youssef. Num restaurante em
Moema, na Zona Sul de São Paulo, Vaccari foi direto ao assunto: a Camargo
Corrêa estava "atrasada" com os pagamentos de propina em contratos da
Petrobras.
O relato
consta em depoimento prestado na última sexta-feira, 13, na carceragem da
Polícia Federal em Curitiba (PR), onde está preso o executivo da Camargo
Corrêa. Leite fechou acordo de delação premiada e se comprometeu a colaborar
com as investigações em troca de possível punição mais branda da Justiça.
"João
Vaccari questionou o depoente se não haveria interesse em liquidar esses
pagamentos mediante doações eleitorais oficiais", diz o depoimento de
Leite, tomado pelo delegado Felipe Hayashi na presença do advogado Marlus Arns.
Leite contou
que foi cobrada uma dívida de propina superior a 10 milhões de reais. "O
valor certamente era superior a 10 milhões de reais", diz o depoimento.
Leia mais: PT ensaia
entregar cabeça da Vaccari
O tesoureiro
fez a cobrança e logo apresentou a solução: os pagamentos poderiam ser feitos
na forma de doações oficiais. O depoimento de Leite foi essencial para
convencer os investigadores da Operação Lava Jato de que Vaccari atuava
pessoalmente na coleta de propina. O suborno era cobrado, várias vezes, na
forma de contribuições oficiais, como tentativa de dar uma aparência legítima
ao dinheiro desviado do esquema de corrupção da Petrobras.
De acordo
com o executivo, o tesoureiro chegou a ser recebido na sede da construtora em
São Paulo, onde Leite "deixou a solicitação de Vaccari para ser resolvida
por Marcelo Bisordi [vice-presidente da área institucional]". A partir
daí, o tesoureiro passou a ter mais contato com Bisordi, de acordo com Leite,
para tratar das doações eleitorais.
Mas Vaccari
e Leite continuaram a se encontrar. O tesoureiro chegou a ser convidado e
marcou presença na festa de 15 anos da filha do vice-presidente comercial.
Fonte: VEJA - Brasil - Governo
Nenhum comentário:
Postar um comentário