Na mira da Lava Jato, PT
ensaia entregar cabeça de Vaccari
MP apresentou denúncia contra tesoureiro da sigla – investigado por
receber propina para o partido – e o ex-diretor Renato Duque, indicado por
Dirceu
17/03/2015 às
08:41 - Atualizado em 17/03/2015 às 09:49
O homem da mochila: tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, chega à Superintendência Regional da Polícia Federal (PF) na
Lapa, Zona Oeste de São Paulo(FELIPE RAU/Estadão Conteúdo)
Embora em
público a presidente Dilma Rousseff afirme que não acredita que o indiciamento do tesoureiro do PT,
João Vaccari Neto, tenha reflexos sobre o governo, nos
bastidores o partido já desenha uma estretégia para se descolar de Vaccari.
Segundo reportagem do jornal O
Estado de S. Paulo, o governo e a cúpula do partido pressionam o
tesoureiro a deixar o cargo. Em conversas reservadas, dirigentes do PT dizem
que a situação de Vaccari é "insustentável". O roteiro faz lembrar a
tática adotada pelo partido em 2005, no auge do mensalão: na ocasião, a sigla
expulsou o tesoureiroDelúbio Soares para tentar acalmar a opinião pública.
Mas em julho de 2011 o ex-tesoureiro foi readmitido nos quadros partidários do
PT, numa estratégia adotada pelo partido para limpar a imagem dos envolvidos no
esquema, com vistas ao julgamento no Supremo Tribunal Federal, que se
aproximava. Não deu: Delúbio acabou condenado por corrupção ativa e hoje cumpre pena em regime aberto.
Alvo da Operação Lava Jato, Vaccari foi
denunciado pelo Ministério Público à Justiça pelos crimes de lavagem de
dinheiro, corrupção e formação de quadrilha. Segundo as investigações, ele
intermediou doações de 4,2 milhões de reais de empresas investigadas que, na
verdade, eram oriundos do propinoduto da Petrobras. Foram 24 repasses de
empreiteiras, em dezoito meses, no período de 2008 a 2010.
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Vaccari foi citado nos depoimentos do
doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa e do ex-gerente de Serviços da companhia Pedro Barusco. Os três
mencionaram o tesoureiro petista como responsável por receber propina em nome
do partido. Barusco disse que o petista recebeu aproximadamente 50 milhões de
dólares desviados entre 2003 e 2013, e que o valor desviado para o PT, também
com a participação do tesoureiro, chegou a 200 milhões de dólares. Também foi
Barusco quem decifrou para os investigadores o significado da palavra
"Moch", que aparecia nas planilhas detalhando a divisão do dinheiro.
Era uma menção ao apelido de Vaccari - "mochila", um acessório que
ele sempre carrega.
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Segundo o jornal, o argumento dos petistas
que pedem o afastamento do tesoureiro é que o PT e a presidente Dilma Rousseff
vivem uma crise política de alta intensidade e sua permanência causaria ainda
mais desgaste para o partido e o Palácio do Planalto. Mesmo quem apoia Vaccari
no partido argumenta que ele precisa se afastar para se defender e lembra que
isso já foi feito por Ricardo Berzoini, seu amigo e hoje ministro das
Comunicações. Em 2006, Berzoini presidia o PT, coordenava a campanha à
reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e teve o nome associado
ao escândalo dos aloprados. Por ordem de Lula, Berzoini se afastou da campanha
e do partido. No ano seguinte, reassumiu o comando do PT.
Em nota, o advogado de Vaccari, Luiz Flávio
Borges D'Urso, negou que o petista tenha solicitado dinheiro para campanhas
eleitorais do PT. Ele disse que Vaccari "repudia as referências feitas por
delatores a seu respeito, pois não correspondem à verdade".
(Da
redação)
Fonte: VEJA - Brasil - Governo
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