sábado, 7 de março de 2015

Uma lista, uma análise e uma pergunta: Cadê o Poder Executivo?

06/03/2015
 às 22:04

Uma lista, uma análise e uma pergunta: Cadê o Poder Executivo?

Ah, que delícia! O segredo de aborrecer é mesmo dizer tudo, né? Quando se diz antes, então, tanto melhor. Ontem — sim, nesta quinta! —, escrevi aqui umpost em que expressava, com certa ironia (para bons leitores), a minha curiosidade sobre quantas pessoas da “Lista de Janot” seria ligados ao Poder Executivo, este que é chefiado por Dilma Rousseff. Leiam trecho.
o que eu disse sobre lista
Voltem à lista no post anterior. Só há dois nomes ali que tiveram função relevante no Executivo: Edison Lobão e Gleisi Hoffmann. E apenas ele foi ministro do governo Lula, que é quando o circo de horrores prosperou na Petrobras pra valer.
Assim, vejam que coisa fantástica. Por enquanto ao menos — vamos ver o que mais virá, se vier —, o escândalo do petrolão teria sido, então, uma maquinação de empreiteiros e de funcionários corruptos da empresa para beneficiar parlamentares, na sua maioria, do PP, que, como sabemos, é o partido que comanda os destinos da República, né??? 
Do Poder Executivo, ora vejam, ninguém participou, com a possível exceção de duas pessoas em 54. E, ainda assim — não li os depoimentos que citam a dupla —, as citações podem dizer respeito ao período em que estavam no Parlamento.
Se alguma esperança me resta, deriva do fato de que a coisa ainda não acabou. Como depoimentos ainda estão sendo tomados, pode até ser que esse troço acabe entrando nos eixos. Por enquanto, merece o Oscar, como disse, de “Roteiro Adaptado” — adaptado, no caso, do desfecho do mensalão. “Ah, mas é que essa lista decorre basicamente dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, que era homem do PP, e de Alberto Youssef”. Sim, eu sei. Continua estranho.
De novo: quem sabe venha mais novidade por aí. Como a coisa está, sem a participação do Poder Executivo, resta-me dizer como Padre Quevedo: “Non ecziste”.
Ah, sim: o que escrevo não impede que todos da lista sejam culpados — que se apure! — e mereçam punição. Mas digam sinceramente: vocês acham essa lista compatível com o tamanho do escândalo, que, obviamente, não se restringe à Petrobras?
Por Reinaldo Azevedo

Reinaldo Azevedo - VEJA

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