Em reunião no Congresso, governadores pedem mudanças no ajuste fiscal
Secretário de
Fazenda do Rio disse que o grande risco da economia é a situação dos estados
POR CRISTIANE
JUNGBLUT E ISABEL BRAGA
20/05/2015 17:23 / ATUALIZADO 20/05/2015 18:25
Senado reúne governadores para discutir o pacto federativo - Ailton de Freitas / Agência O Globo
BRASÍLIA — O presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que os governadores também querem
mudanças no ajuste fiscal. Durante reunião no Congresso, a maioria dos
governadores pediu mais recursos para saúde, segurança e a retomada de
autorização para novos financiamentos ou empréstimos, que estariam suspensos.
Renan tem sido um crítico contumaz do ajuste.
— Essa reunião acontece no exato momento em que o Congresso está
se fortalecendo e tem como dever buscar o equilíbrio federativo. Pelo tom dos
discursos, fica claro que os governadores querem qualificar o ajuste, para
fazer um ajuste fiscal e não esse ajuste, que é meramente trabalhista e
previdenciário. Temos que equilibrar a Federação, fazer o ajuste e não permitir
que haja solução de continuidade no Brasil. Os financiamentos estão suspensos,
já regulamentamos a troca do indexador das dívidas, aprovamos no Senado a
utilização de depósitos judiciais e administrativos e já aprovamos a PEC de
partir os impostos do comércio eletrônico e estamos aprovando a PEC da
Irrigação. E vamos fazer absolutamente tudo que garanta o equilíbrio fiscal —
disse Renan.
Renan anunciou ainda a criação de um grupo de trabalho, formando
pelos senadores José Serra (PSDB-SP) e Romero Jucá (PMDB-RR) e pelos deputados
André Moura (PSC-SE) e Danilo Forte (PMDB-CE). Eles sistematizarão os pedidos
dos 27 estados. Também haverá um grupo de 17 parlamentares para acompanhar as
discussões. Nesta quinta-feira, Renan se reunirá com o presidente Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) para definir uma agenda de projetos de interesse dos senadores.
— É obrigação do Legislativo. É o nosso dever — disse Renan.
O secretário de Fazenda do Rio, Júlio Bueno, que representou o
governador Luiz Fernando Pezão no encontro sobre pacto federativo no Congresso,
afirmou nesta quarta-feira que o maior risco da economia brasileira hoje é a
situação muito difícil enfrentada pelos estados. Para Bueno, seria muito
importante que o governo federal sentasse com os governos estaduais para
alterar a questão do fluxo das dívidas dos estados.
— Tem que mexer na questão do fluxo. O que a gente paga é muito
alto. Quero manter a Lei de Responsabilidade Fiscal, é uma conquista, mas a
crise está instaurada no Brasil. Nesse período de crise poderia ter uma
renegociação de mudança de fluxo. O Rio paga por ano R$ 8 bilhões. Poderia, por
exemplo, pagar metade, R$ 4 bilhões — disse o secretário.
Questionado sobre o sucesso desse tipo de medida no momento em
que o governo federal tentar aprovar medidas de ajuste fiscal, Júlio Bueno
afirmou:
— Claro que pode sinalizar (positivamente). É uma questão de
sentar juntos com os governadores e achar uma agenda comum. O grande risco da
economia brasileira hoje é o risco dos estados quebrarem. Os estados, vários
deles, estão em posição muito difícil.
O secretário de Fazenda do Rio disse que o encontro de hoje
promovido pelo Congresso Nacional é importante por reforçar a agenda já
existente, que prevê a reforma do ICMS, a renegociação da dívida dos estados, o
financiamento da saúde.
— A agenda está colocada. Um encontro desse tipo ajuda a fazer
com que tanto os estados quanto o Congresso entendam a necessidade de votar
esses temas, que eles precisam avançar na Casa. E também alertam o governo
federal que será inevitável renegociação do pacto federativo — disse Júlio
Bueno.
O discurso dos governadores foi dominado pela reclamação de que
estão sem recursos e com muitas atribuições. O governador do Rio Grande do Sul,
José Ivo Sartori (PMDB), disse que os estados estão na sala de emergência.
— Não temos hoje essa Federação. A situação de muitos estados é
de emergência, como é o caso do Rio Grande do Sul. Estamos também fazendo os
nossos ajustes, mas precisamos também da ajuda da União. A grande mudança é a
questão da dívida pública. Temos comprometimento de 13% com pagamento da
dívida. Somos a favor do Fundo de Segurança — disse Sartori.
Assim como Sartori, o governador de São Paulo, Geraldo Alkcmin
(PSDB) pediu mais recursos para a segurança pública.
— Financiamentos. Nesse momento de crise, de economia esfriando,
temos duas possibilidades de avançar. Temos dificuldade de financiamento,
especialmente na área de saúde e segurança pública.
— A segurança pública é uma prioridade nacional, extremamente
relevante e é uma tarefa de todos: União, estados e municípios. É importante os
recursos do Fundo de Segurança e a utilização do recurso, que ele não seja
contingenciado. Governar é escolher — disse Alckmin.
O governador do Acre, Tião Viana, cobrou medidas imediatas para
ajudar os estados.
— Precisamos achar saídas imediatas — disse Tião Viana, do PT.
— Não se pode matar o paciente — acrescentou o governador de
Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Fonte: O Globo
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