Após citar Lula, homem forte do PT na Petrobrás diz que não
é ‘nem diretor nem protagonista dessa história’
'Saio
muito mais leve', afirma Renato Duque, preso mais longevo dos carceres da Lava
Jato
Luiz Vassallo, Ricardo Brandt e Fausto Macedo
05 Maio 2017 | 18h04
Duque foi preso nesta segunda-feira, no Rio. Foto: Fábio Motta/Estadão
Preso com mais tempo de cana na Operação Lava Jato, o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato de Souza Duque afirmou ao juiz federal Sérgio Moro, nesta sexta-feira, 5, que “sai muito mais leve”, depois de confessar ter acertado propinas em contratos da estatal e citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no suposto “comando do esquema” – que desviou em dez anos mais de R$ 40 bilhões dos cofres públicos.
“Eu comecei agradecendo e quero encerrar agradecendo a oportunidade. Saio muito mais leve em ter falado. Sempre quis esclarecer”, afirmou Duque, ao final do seu depoimento prestado na Justiça Federal, em Curitiba, depois de ser questionado por Moro se queria dizer algo antes do encerramento.“Queria deixar claro que cometi ilegalidades. Mas quero pagar pelas ilegalidades que eu cometi. Se for fazer uma comparação com o teatro, da situação que a gente vive, sou um ator, tenho papel de destaque nessa peça, mas não sou nem o diretor, nem o protagonista dessa história.”
Indicado pelo PT para o posto chave da Petrobrás – a Diretoria de Serviços, cuida das licitações e do acompanhamento das obras da estatal – em 2003, Duque ocupou o cargo até 2012.
Homem do partido no esquema que dividia as diretorias estratégicas entre a base aliada de Lula – incluindo PMDB e PP -, agentes públicos em conluio com políticos e empresários desviavam de 1% a 3% dos grandes contratos para os partidos e campanhas.
O candidato a delator relatou três encontros que teve com Lula, após ele deixar a Petrobrás, para tratar de contratos da Petrobrás e que tratou pessoalmente com o petista sobre a existência e os riscos dele ter recebido valores em conta secreta na Suíça.
Condenado e candidato a delator, Duque foi ouvido por Moro, dos processos de primeira instância da Lava Jato, a seu pedido.
“Nessas três vezes ficou claro, muito claro prá mim, que ele tinha pleno conhecimento de tudo, tinha o comando.”
Passar a limpo. O réu afirmou que quer “passar essa história a limpo”.“Estou à disposição. Quero disponibilizar todas as provas que eu tiver.”
O ex-diretor da Petrobrás falou sobre seu sofrimento. “Hoje eu sou o preso com mais tempo, isso tem a decorrência do sofrimento pessoal, mas principalmente o da família. Era isso que eu queria falar. ”
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