Procuradoria denuncia 16 suspeitos na Operação Zelotes
Suspeitos são acusados de comprar medidas provisórias que prorrogaram incentivos fiscais e favoreceram empresas do setor automotivo.
O Ministério Público Federal denunciou 16 pessoas na Zelotes. É a operação que investiga a negociação para aprovar medidas provisórias que beneficiaram o setor automotivo.
São empresários, lobistas, advogados e funcionários ligados ao governo e ao Congresso. Eles são acusados de comprar medidas provisórias que prorrogaram incentivos fiscais e favoreceram empresas do setor automotivo.
A MMC, representante da Mitsubishi no Brasil, era a financiadora do esquema, segundo as investigações. Dela, foram denunciados o ex-presidente Paulo Ferraz, o fundador Eduardo Ramos e o atual presidente, Robert Rittscher.
Segundo a denúncia, a montadora tinha colaborador no Congresso. O ex-diretor do Senado, Fernando César Mesquita, que atuava para que a MP fosse aprovada com as emendas de interesse da MMC. Ele teria recebido R$ 78 mil.
No Palácio do Planalto, a colaboradora era Lytha Spíndola, que era assessora da Casa Civil em 2011, na gestão de Antônio Palocci. De acordo com o Ministério Público, ela operou para que a presidência não vetasse os benefícios à MMC. As apurações mostram que ela recebeu R$ 2 milhões.
Os operadores, que estão presos, também foram denunciados. O ex-conselheiro do Carf, José Ricardo da Silva e seu pai, Eivany Antônio da Silva, ex-auditor da Receita; o lobista Alexandre Paes Santos; Eduardo Valadão; além do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni, donos da Marcondes e Mautoni.
É a mesma empresa que operava para a MMC, e pagou R$ 2,5 milhões à empresa LFT Marketing Esportivo, de Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, por uma consultoria baseada na internet.
A Polícia Federal apontou colagens da Wikipedia e até de uma tese de doutorado. E concluiu que a consultoria pode ter sido feita só para justificar uma grande movimentação financeira entre empresas investigadas.
Há suspeitos que não foram denunciados, mas vão continuar sendo investigados num novo inquérito. Entre eles, Luis Cláudio Lula da Silva e Carlos Alberto de Oliveira Andrade, fundador e presidente do conselho do Grupo Caoa, montadora que, segundo os investigadores, chegou a acertar o esquema, mas não pagou. No caso do ex-chefe de gabinete do ex-presidente Lula e ex-ministro, Gilberto Carvalho, os procuradores disseram que a investigação continua, mas que ainda não há provas do envolvimento dele.
Procuradores disseram também que a denúncia desta segunda-feira (30) é apenas a ponta do iceberg que a operação ainda pode revelar. Há, por exemplo, e-mails citando nomes de parlamentares.
“Há menção de que há parlamentares da época teriam recebido propinas, mas nós não sabemos quem são esses parlamentares. No exato momento que surgir qualquer nome com foro, essa investigação será imediatamente remetida ao Supremo Tribunal Federal”, afirmou José Alfredo de Paula Silva, procurador regional da República.
A defesa de Fernando César Mesquita afirmou que, mesmo que todos os fatos fossem verdadeiros, a conduta do cliente não caracteriza crime ou qualquer violação ética.
A defesa de Lytha Spíndola disse que não teve acesso ao teor da denúncia. Mas negou que a cliente tenha participado da edição de medidas provisórias e que tenha recebido qualquer pagamento.
As defesas da MMC, de Eduardo Ramos e de Robert Rittscher não vão comentar o caso.
O Jornal Nacional não conseguiu entrar em contato com os demais denunciados citados na reportagem.
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