Delcídio:
Odebrecht pagou João Santana; Marcelo muito possivelmente “vai sair” no STJ
Este blog liga os
pontos que comprometem Lula, Dilma e Cardozo
Marcelo “vai sair” no STJ porque a Odebrecht pagou João Santana?
Vamos ligar os pontos da matéria de VEJA sobre Delcídio do Amaral e de um trecho, que passou quase batido na imprensa, da gravação que resultou na prisão do senador petista.
A revista informa (com grifo meu):
“Terminada uma reunião no gabinete de Dilma Rousseff, em junho passado, Delcídio chamou-a de lado e disse a seguinte frase: ‘Presidente, a prisão (de Marcelo Odebrecht) também é um problema seu, porque aOdebrecht pagou no exterior pelos serviços prestados por João Santana à sua campanha“. Delcídio contrariou o diagnóstico de Aloizio Mercadante, que ainda chefiava a Casa Civil, segundo quem a prisão de Marcelo Odebrecht ‘era problema do Lula’.”
A prisão do empreiteiro, no fim das contas, é problema para todos eles.
Em outro trecho da reportagem, VEJA narra as missões de Delcídio:
“Nos últimos meses, Delcídio dedicou-se a procurar familiares de candidatos a delator do petrolão. Bateu à porta de Ricardo Pessoa (…), de Renato Duque (…), de [Nestor] Cerveró (…)”.
“Todas essas conversas com investigados foram reportadas posteriormente a Lula e Dilma. Os encontros com o ex-presidente eram semanais. Neles, Delcídio recebia as missões”.
Impedir o depoimento de Mauro Marcondes (que poderia comprometer o filho caçula de Lula) e cuidar do caso de José Carlos Bumlai, ambos amigos de Lula, estavam entre elas, segundo a revista.
Ou seja: Delcídio agia sob o comando velado do “chefe”.
Pois bem.
No áudio gravado pelo filho de Cerveró, Delcídio toca no assunto dos habeas corpus de Cerveró e Duque, e diz que “conversou com Zé Eduardo” [Cardozo, ministro da Justiça] e “muito possivelmente o Marcelo da Turma vai sair”.
Reproduzo o trecho (íntegra aqui):
DELCÍDIO: Bom agora Edson, só para a gente resumir esta questão jurídica, então já tá com o HC aqui viu. E é basicamente ele e o Duque juntos né.
EDSON: Isso.
DIOGO: Na mesma situação ó.
DELCÍDIO: O STJ, ontem eu conversei com o Zé Eduardo, muito possivelmente o Marcelo na Turma vai sair.
EDSON: Acredito.
BERNARDO: Quando aquele dia ele já (…) agora é a qualquer momento. [vozes sobrepostas]
DIOGO: A decisão, a decisão foi muito, a decisão que negou pro Dantas, né, foi muito… sem nada né, literalmente assim deixa jogar pra turma.
DELCÍDIO: Pois é, jogar pra turma pra turma julgar né. Isso acho que é bom.
A Folha de S. Paulo considerou que o “Marcelo”, a quem Delcídio se refere, seria o ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, que é o relator da Lava Jato no STJ e julgaria o pedido de HC de Cerveró.
Errado. O Marcelo é o Odebrecht.
Dantas foi citado em seguida justamente porque entendeu em outubro que cabe à Quinta Turma do Tribunal avaliar a situação do empreiteiro, o que Delcídio, no áudio, considerou “bom”.
À Polícial Federal, o senador afirmou que a citação a Cardozo se refere a uma conversa com o ministro da Justiça, na qual “houve comentário por parte dele no sentido de que possivelmente haveria decisão favorável a Marcelo Odebrecht em habeas corpus que tramitava no Superior Tribunal de Justiça”.
Delcídio, segundo Mônica Bérgamo, afirmou que o ministro apenas deu um palpite numa conversa que inclusive girava sobre outro tema.
Aham. Sei.
Aparentemente, o Estadão e outros sites ainda confundiram as informações do relatório, atribuindo a Delcídio, não a Cardozo, o comentário, na conversa entre os dois, sobre a libertação de Marcelo.
Para aumentar a confusão, a Folha informou que Cardozo disse não se lembrar de ter conversado com Delcídio sobre o pedido de liberdade de Cerveró – porque, bem… a Folha julgava que o Marcelo era outro e a questão estaria girando em torno do ex-diretor da Petrobras.
Não que Cardozo, claro, tenha dito sobre Odebrecht algo diferente disso:
“Eu converso diariamente sobre questões jurídicas que me são perguntadas por parlamentares. É comum que me perguntem. Mas não me lembro de nenhuma conversa específica sobre esse assunto com Delcídio”.
Aham. Sei.
O ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, indicado pelo PMDB de Renan Calheiros, com apoio do ex-ministro Cesar Asfor Rocha, já cumpriu sua função de votar pela libertação de Otávio de Azevedo, da Andrade Gutierrez, e do publicitário Ricardo Hoffmann.
Dantas é aquele ‘afilhado’ de Francisco Falcão, ministro que apareceu nas anotações de Marcelo Odebrecht como alguém que poderia favorecê-lo no STJ. Dilma Rousseff escolheu Dantas para o cargo, mesmo tendo sido ele o segundo na lista tríplice que lhe foi encaminhada.
Este blog, que denunciou as manobras na ocasião, também tem um “palpite”:
Lula, Dilma, Cardozo e Delcídio sabem que provas de pagamentos da Odebrecht a João Santana demoliriam o PT e o governo e, por isso, eles vêm atuando para salvar Marcelo, o que obriga o juiz Sérgio Moro a decretar novas prisões do empreiteiro para impedir o sucesso de mais esse golpe.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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