Para o Le Monde, Moro é Eliot Ness, dos Intocáveis
18/12/2015, 04h00
10
Prestigioso jornal francês compara juiz da Lava Jato ao célebre agente federal americano que, nos anos 1930, aniquilou Al Capone, o poderoso contrabandista de bebidas
A edição desta quinta-feira, 17, do prestigioso jornal francês Le Monde traz um perfil de Sérgio Moro, o juiz federal da Operação Lava Jato. A jornalista Claire Gatinois descreve Moro como ‘um pequeno juiz de província’, ‘moreno de queixo quadrado’, ‘odiado e temido por políticos’, mas ‘adulado pelos cidadãos brasileiros’.
O jornal afirma que a Lava Jato é um escândalo que pode transformar o Brasil e o compara a Eliot Ness, famoso agente federal americano que aniquilou Al Capone, o poderoso contrabandista de bebidas que desafiou a lei seca implantada a ferro e fogo na Chicago dos anos 1930. Eliot Ness virou herói no filme Os Intocáveis, no papel do ator Kevin Costner.
“É a partir do seu escritório em Curitiba, capital do Estado do Paraná, no sul do Brasil, que o quarentão com ar de agente de filmes B faz tremer os tenores da política em Brasília e os alto executivos de São Paulo e identificando, semana após semana, há mais de um ano, os suspeitos, culpados, testemunhas e futuros denunciadores do escândalo Petrobrás”, escreveu a jornalista.
“Esse caso de corrupção onde grandes grupos do setor da construção e trabalhos públicos se organizaram em cartel para vencer sucessivamente as licitações propostas pela empresa pública, comprando a cumplicidade de políticos de todas as tendências e a indulgência da direção do grupo petrolífero, revelou que cerca de 42 bilhões de reais foram desviados, e resultou até agora em 15 sentenças, 58 condenações e um total de 700 anos de prisão já impostas.”
“Às vezes ele se sente desencorajado, desgastado por esse trabalho de Sísifo, cansado de ‘pregar no deserto’, como confessou recentemente. Mas se mantém. Sergio Moro sabe que tem entre as mãos o processo da sua vida. O escândalo pode transformar seu país.”
Le Monde cita a prisão do senador Delcídio Amaral (PT/MS). O periódico destaca que Moro já descreveu uma ‘corrupção sistêmica, cuja última presa, Delcídio do Amaral, líder do governo no Senado e pertencente ao Partido dos Trabalhadores, foi colocado em prisão preventiva em fins de novembro, o que provocou reviravoltas no processo’.
Nenhum comentário:
Postar um comentário