Procuradoria
pede afastamento de Eduardo Cunha ao STF
Para
o chefe do MP, há indícios suficientes de que o peemedebista tem utilizado o
cargo para travar investigações da Lava Jato
Por: Laryssa Borges, de Brasília16/12/2015 às 19:17 - Atualizado em 16/12/2015 às 19:39
O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot(Ueslei Marcelino/Reuters)
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolou nesta quarta-feira no
Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de afastamento do presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo o chefe do Ministério Público, ele deve ser
retirado de seu mandato parlamentar e, consequentemente, da presidência da
Câmara dos Deputados. Para Janot, há indícios suficientes de que o peemedebista
tem utilizado o cargo de congressista para travar investigações sobre o
bilionário escândalo de corrupção do petrolão. Nesta terça, para colher provas
contra políticos suspeitos de atuar para blindar as apurações da Operação Lava
Jato, a Polícia Federal deflagrou a Operação Catilinárias, cumprindo 53 mandados
de busca e apreensão na casa de diversos políticos, essencialmente do PMDB -
Cunha incluído.
Na
avaliação de Janot, o afastamento de Eduardo Cunha é crucial para
"garantir a ordem pública", a regularidade das investigações e a
atuação normal das investigações do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O
processo deverá ser analisado pelo Plenário da Corte. No pedido de afastamento
do cargo, o Ministério Público diz que as suspeitas contra Eduardo Cunha são
"anormais" e que as acusações contra ele de manter dinheiro de
propina em contas secretas na Suíça e de ter recebido propina de operadores do
esquema do petrolão podem acarretar a perda do mandato. Ao todo, Rodrigo Janot
diz ter reunido onze situações em que Eduardo Cunha usou seu mandato para travar
ou pelo menos atrasar as investigações da Lava Jato.
Entre
as acusações de que o peemedebista utilizava seu mandato para barrar
investigações está a coação de testemunhas e de delatores do esquema do
petrolão. Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o doleiro Alberto Youssef, um dos
principais delatores da Operação Lava Jato, disse que foi ameaçado
sucessivamente pelo deputado licenciado Celso Pansera (PMDB-RJ), que atuava
como aliado de Cunha na CPI da Petrobras. O então parlamentar, hoje ministro de
Ciência e Tecnologia, foi o autor de requerimentos na comissão de inquérito
para quebrar sigilos telefônicos, bancários, fiscais e telemáticos das duas
filhas de Youssef e da ex-mulher dele.
O
também delator da Lava Jato Julio Camargo, que disse que Eduardo Cunha recebeu
5 milhões de dólares em propina em troca de contratos na Petrobras, informou
que não revelou antes o pagamento de dinheiro sujo ao peemedebista por medo de
represálias. A advogada Beatriz Catta Preta, que atuava nas principais delações
da Operação Lava Jato, deixou as defesas em um episódio nunca esclarecido.
Genericamente, ela disse ter se sentido ameaçada.
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