quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

STF invalida a língua portuguesa

STF invalida a língua portuguesa

Esse foi o maior de todos os golpes

Por: Felipe Moura Brasil  
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Comentei em tempo real no Twitter a sessão do STF sobre o rito do impeachment e, confesso, fiquei cansado – ou melhor: enojado – demais para transformar tudo em um artigo mais completo.
Mas registro as principais tuitadas sobre o golpe que, muito mais do que atropelar o Poder Legislativo, invalidou a língua portuguesa.
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– Veremos agora se Luiz Edson Fachin só posou de isento para demais ministros fazerem trabalho sujo de ajudar Dilma Rousseff.
– Luís Roberto Barroso incorporou Luís Inácio Adams.
– Em vez de defender seu voto sobre a votação secreta, Fachin dá uma de Maria-vai-com-as-outras para não ficar mal com os coleguinhas.
– Rosa Weber quer voto aberto alegando transparência para a sociedade. O problema é a transparência para o governo, que retalia parlamentares.
– Gilmar Mendes cita votações secretas internas do próprio STF e ironiza Luiz Fux: “Quando é nosso caso, a gente diferencia”. Grande momento.
– Gilmar Mendes resumiu o golpe do STF ao observar que a própria Corte então cometeu “inconstitucionalidades” com votações internas secretas.
– Ministros do STF não respeitam princípio constitucional genérico de publicidade que querem aplicar ao caso específico da Câmara. Arrogância?
– Dias Toffoli, meu leitor, repete os argumentos do blog sobre o julgamento automático do impeachment no Senado.
– Dias Toffoli, basicamente, repetiu o que apontei neste trecho, refutando a tese de Renan Calheiros:
– A gente sente que o Brasil está do avesso quando Dias Toffoli está coberto de razão.
– Ah, não, Barroso! Aí, não! Relativizar o significado da palavra “eleita” é demais.
– Barroso quer interpretar a palavra “eleita” como “escolhida”, como se ela não presumisse uma eleição. Sim: o escárnio venceu o cinismo.
– Assim eu acabo aplaudindo Dias Toffoli de pé. Briga mais, ministro! Pra cima deles!
– “É MUITO GRAVE! É DE UMA GRAVIDADE IMENSA! É UMA INTERFERÊNCIA DE UM PODER EM OUTRO PODER!” Viva, Dias Toffoli! Uhuuuulll!
– Toffoli: “Então a democracia vai servir para STF internamente mas não para a casa que representa a soberania popular, que é a Câmara dos Deputados!”
– Toffoli empareda Ricardo Lewandowski, confrontando-o com suas próprias declarações. Grande momento.
– Lewandowski está bravinho. Foi desmascarado por Toffoli. Defendeu-se pateticamente e tratou de mudar de assunto, incapaz de rever posição.
– Já escrevi várias vezes no blog: Toffoli é muito mais ligado a Lula que a Dilma. Não é surpresa que vote de acordo com a lei neste caso.
– Ninguém rebateu argumentos expostos por Dias Toffoli. STF vai dar um golpe assim mesmo, graças à influência nociva de Luís Roberto Barroso.
– Barroso, se tivesse autocrítica, mudaria de posição após argumentos de Toffoli. Mas vai ficar calado, embevecido com sua influência no STF.
– Rosa Weber: incapaz de argumentar, vota pela “coesão” do plenário. Carmen Lúcia: admite “alguma razão” de Toffoli, mas segue Barroso sem se explicar. Luiz Fux: voto secreto, só no STF…
– Ministros que divergiram ainda podem mudar votos após refutação de seus argumentos. Mas são orgulhosos demais, vaidosos demais. É nojento.
– Gilmar Mendes detona ministros: “Assumamos que estamos fazendo uma manipulação do processo”.
– Dias Toffoli: “É MUITO GRAVE! 26 líderes vão definir o que é essa comissão e não os 513″ deputados eleitos pelo povo!” O nome disso é golpe.
– Gilmar Mendes lamenta que “cabe a uma oligarquia” a designação dos membros da comissão. “Estamos manipulando esse processo!” É golpe do STF.
– O povo não elegeu líderes de bancada, senhores ministros! Elegeu 513 deputados que têm de votar nos integrantes da comissão do impeachment.
– Ministros distanciam o povo dos escolhidos para a comissão do impeachment ao legitimar poder decisório intermediário de líderes de bancada.
– Marco Aurélio Mello complementa o golpe, votando pela votação aberta na Câmara e pelo poder do Senado de recusar o processo de impeachment.
– Marco Aurélio Mello é pai de Letícia, de apenas 37 anos, nomeada por Dilma Rousseff como desembargadora do TRF2. Quase me comovo com a gratidão do ministro.
– Quanto cinismo ficar elogiando o trabalho do sujeito (Fachin) de quem se diverge nos pontos principais…. É muita sem-vergonhice.
– Celso de Mello vence o prêmio de mala do dia. Parabéns.
– Ouvindo Celso de Mello, entendo perfeitamente que Gilmar Mendes tenha saído antes, alegando que tinha que viajar.
– Fui ali velar o Brasil e já volto.
– STF reinventou língua portuguesa. Agora “será submetido a julgamento” significa “poderá ser julgado ou não”. São uns ‘jênios’ os ministros.
– Vou criar a  de tradução. Exemplo: Seleção brasileira jogará no domingo. : Seleção brasileira poderá jogar ou não no domingo.
– Exterminador do futuro diz: “I’ll be back”. : Eu poderei voltar ou não.
– Haverá sessão no STF nesta sexta-feira. : Poderá haver sessão no STF nesta sexta-feira… ou não.
– Caros estudantes de Direito: vocês ouvirão seus professores idolatrarem Barroso. Não se deslumbrem (como Rosa Weber). Estudem o idioma.
– Se líderes vão escolher integrantes da comissão, e chapa alternativa está vetada, qual votação será aberta? Eleição de quê? Esse Barroso…
– A destruição da linguagem no Brasil foi tão poderosa nas últimas décadas que hoje o Supremo rabisca a lei e a imprensa noticia sem entender.
– Imprensa: STF decidiu que integrantes da comissão serão indicados pelos líderes e votação será aberta. E ninguém faz ideia do que significa isso.
– Os escolhidos pelos líderes formarão uma chapa que será aprovada ou reprovada pelo plenário em votos “sim” ou “não”? É isso? Ou os integrantes já estarão “eleitos” para a comissão, na acepção que Barroso deu à palavra?
– A linguagem e a realidade não têm vasos comunicantes no Brasil. As pessoas repetem frases decoradas e ignoram a que diabos elas se referem.
– Eduardo Cunha foi à TV apontar os problemas dos efeitos práticos das decisões do STF. Mas ministros não pensaram nisso. Só queriam se ouvir falando.
– Imagine que você tem o “poder” de decidir se alguém pode decidir se fará ou não alguma coisa. Uau! Esse é o “poder” que o STF deu à Câmara.
– STF poupou Renan Calheiros de uma operação policial e deu-lhe mais poder sobre o impeachment. É a suprema justiça brasileira.

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