Bolsonaro é
oficializado candidato e fala que é o 'patinho feio' das eleições 2018
Em seu discurso, presidenciável do PSL disse que
não é 'salvador da pátria', que vai trabalhar pela governabilidade e que é
preciso 'realismo' para enfrentar os problemas do cenário atual; cerca de 2.500
pessoas participaram
Daniela Amorim e Constança Rezende, O
Estado de S.Paulo
22
Julho 2018 | 11h03
Atualizado 22 Julho 2018 | 17h11
Atualizado 22 Julho 2018 | 17h11
RIO - O Partido Social Liberal (PSL) oficializou neste domingo, 22, a
candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro à
Presidência da República, em convenção nacional, no Rio de
Janeiro, em meio a indefinições sobre o nome escolhido para compor a
chapa no cargo de vice. Em seu discurso, Bolsonaro disse que não é o salvador da pátria e
que sabe que está causando desconforto nas eleições 2018. "Sou o patinho feio dessa
história", afirmou.
Ovacionado sob gritos de “Mito!” e “Eu vim de
graça!”, Bolsonaro discorreu sobre sua trajetória profissional. Ele também
criticou novamente, como outros pré-candidatos à
Presidência, o acordo de Geraldo Alckmin
(PSDB) com o Centrão. "Obrigado, Geraldo Alckmin, por ter unido
a escória da política brasileira", discursou Bolsonaro. "No mínimo
40% desses deputados (do Centrão) estão conosco e não concordam com as
decisões tomadas por essas legendas", afirmou, em alusão à aliança que
rendeu ao tucano o maior tempo de TV entre os presidenciáveis.
Bolsonaro e Janaína Paschoal em evento que
oficializa candidaturas do PSL nas eleições de 2018 Foto: Fábio Motta/Estadão
O evento, que começou
no fim da manhã, reuniu partidários do presidenciável num centro de
convenções na região central da cidade. Cerca de 2.500 pessoas
participaram. Jair Bolsonaro se emocionou com a recepção calorosa de seus
partidários e chorou quando foi executado o hino brasileiro. Muitos apoiadores
tinham as cores verde e amarela e estavam com bandeiras do Brasil.
Janaína Paschoal critica pensamento
único
Cotada como possível vice, a advogada Janaína
Paschoal foi a segunda pessoa mais aplaudida em sua chegada à convenção.
Ela discursou pedindo moderação e
tolerância, criticou a defesa de um pensamento único e afirmou ser
necessário pensar na governabilidade. “A minha fidelidade não é ao deputado
Jair Bolsonaro. A minha fidelidade é ao meu País”, disse.
"Ainda não
decidi sobre o convite para a integrar a chapa como vice", afirmou.
"A possibilidade muito me honra. Mas algo tão sério precisa ser bem
discutido", afirmou. Segundo ela, é preciso pensar na campanha, mas também
na governabilidade caso saiam vitoriosos do pleito. “Enquanto procuramos
pessoas que estejam dentro da totalidade do nosso pensamento, eles estão se
unindo”, alertou.
Janaína tem a opinião dela, diz
Bolsonaro
Após o evento, o
presidenciável tentou minimizar o mal-estar causado pelas palavras da
advogada. “Tem que ter a liberdade de se expressar. Ela tem a opinião
dela. Não dá para afinar 100% o discurso", disse Bolsonaro a jornalistas,
em coletiva de imprensa.
"Ela tinha
pretensão de ficar na Assembleia Legislativa em São Paulo. Ela foi chamada há
pouco tempo. Ela é mãe, tem dois filhos pelo que eu saiba. Ela tem que
consultar a família sobre isso", argumentou Bolsonaro.
Início da convenção nacional do PSL que
oficializou a candidatura de Bolsonaro à Presidência Foto: Fabio
Motta/Estadão
Questionado sobre a
possibilidade de ter que recorrer a outro vice na chapa, Bolsonaro apontou o
deputado Marcelo Álvaro Antonio ou Luciano Bivar, presidente de honra do
partido. “A nossa lagoa é muito pequena para pegar um vice”, disse Bolsonaro,
que não descarta aliança com outro partido. “Desde que não seja de esquerda,
estamos abertos a conversar”.
O presidente do PSL,
Gustavo Bebianno, disse que a advogada está 95% tendendo a aceitar ser vice.
Bebianno também afirmou que Janaína é "uma mulher de personalidade e não
uma mera peça decorativa" e que é aceitável que ela tenha algumas opiniões
diferentes do partido. Como exemplo, citou que Janaína é contra a redução
da maioridade penal, uma pauta defendida por Bolsonaro.
"Existem alguns
pontos de divergência que são naturais, só agregam valor. Nada nos atrapalhou,
o partido é democrático", disse. "Janaína está tendendo em 95% a
assumir esse desafio. Estamos trabalhando sem pressão. Ela tem o tempo dela
para pensar e a gente também", afirmou.
Programa prevê união de ministérios do
Meio Ambiente e da Agricultura
Sobre seu programa de
governo, Bolsonaro afirmou que ele terá realismo para enfrentar as questões do
cenário atual, que pretende fundir os ministérios da Fazenda e do
Planejamento, assim como os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente,
“para acabar com essa briga”, contou.
Sobre as privatizações, o presidenciável disse que
é a favor de buscar boas parcerias. “Alguns braços da Petrobras você pode
privatizar, o miolo ainda é cedo para falar no assunto”, disse na conversa com
jornalistas. “Eu sou a favor de privatizar, mas não gostaria que fosse essa a
tônica (do programa de governo). Senão é atestado de incompetência”,
completou.
Sobre a
governabilidade que teria num futuro mandato, Bolsonaro reforçou que tem o
apoio de mais de 40% dos parlamentares que integram as siglas do chamado
“Centrão”. Ele disse ter se reunido em sete ou oito oportunidades com esses
parlamentares para debater possíveis soluções para os problemas do
País. “Seria irresponsabilidade da minha parte tentar uma eleição sem
condições de governabilidade”, afirmou.
Na convenção, também
foram oficializadas as candidaturas do filho mais velho do
presidenciável, Flávio Bolsonaro, que tentará eleição como senador, e
demais escolhidos pelo partido para concorrer aos cargos de deputado estadual e
federal pelo Rio de Janeiro.
Veja vídeos da convenção do PSL:
Integrantes do movimento monarquista comparecem ao lançamento da candidatura. No vídeo, a conversa com José Geraldo Fajardo, artista plástico, 57 anos, (à esquerda) e Bruno Hellmuth, médico, 68 anos.
Integrantes do movimento monarquista comparecem ao lançamento da candidatura a presidente do deputado federal Jair Bolsonaro
Apoiador de Jair Bolsonaro fala sobre os motivos que o fazem votar no candidato do PSL.
No Rio, convenção oficializa candidatura de Jair Bolsonaro
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