sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Vídeo mostra rompimento de barragem e desespero de funcionários em MG

Vídeo mostra rompimento de barragem e desespero de funcionários em MG





Um vídeo gravado na região do distrito Bento Rodrigues, em Mariana (115 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais), mostra o momento em que a barragem de Fundão, na mina de Germano, se rompe. As imagens foram enviadas pelo aplicativo WhatsApp e mostram alguns homens, que seriam funcionários da mineradora Samarco, fugindo em um carro da lama derramada pelo desastre.
Um dos passageiros do carro grita "Vai, Tiago, acelera essa p...!" enquanto a lama avançava sobre o veículo. Quando o volume se aproximava, um deles se desespera: "Volta, volta".
O rompimento das barragens matou pelo menos três pessoas e deixou quatro feridas. O acidente aconteceu entre 15h30 e 16h desta quinta-feira (5). Dez pessoas estão desaparecidas, segundo o Corpo de Bombeiros. Existe a possibilidade de que algumas pessoas tenham ficado ilhadas, e outras, soterradas. 
O Corpo de Bombeiros de Mariana confirmou às 19h30 a retirada de dois corpos. Um homem foi levado para o Instituto Médico Legal da cidade. O outro, também de um adulto, ainda está no distrito. O número de vítimas pode subir, pois há muitas pessoas soterradas.
O hospital Monsenhor Horta, em Mariana, confirma ter recebido cinco vítimas do rompimento. Uma delas já chegou morta, segundo a assessoria de imprensa do hospital. Segundo o vice-presidente do Sindicato Metabase Mariana, Angelo Eleutério, que está na portaria da mineradora, a vítima, um fiscal, teria sofrido uma parada cardíaca ao ver o desabamento. As outras quatro pessoas passam bem. 
Até as 19h, eram procuradas pelo menos dez pessoas na barragem. O resgate está sendo feito por helicópteros - as ambulâncias não conseguem chegar até o local. Segundo informações de pessoas no local, só é possível ver a torre da igreja matriz do subdistrito.

'Pulei de telhado em telhado', diz jovem que escapou de acidente em MG

Hugo Cordeiro/Agência Estado/Xinhua
Homens buscam informações em meio a casas destruídas pela lama após queda de barragem
Homens buscam informações em meio a casas destruídas pela lama após queda de barragem
JOSÉ MARQUES
ENVIADO ESPECIAL A MARIANA (MG)
06/11/2015  02h00 - Atualizado às 10h56
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"A barragem estourou, a barragem estourou", gritava a vizinha de Marcos Júnior de Souza, 15. O menino, que se preparava para tomar banho, não acreditou. "Como a minha vida inteira falaram que a barragem iria estourar, não liguei. Até que eu vi a água invadir a minha casa", conta.
Com a água subindo cada vez mais rápido, Marcos, que estava sozinho, correu para escapar. "Resolvi sair pela janela. Subi no teto e fui pulando de telhado em telhado." Com a ajuda de vizinhos, chegou ao alto do morro e deixou seu vilarejo para trás.
Cerca de 500 pessoas já tinham sido resgatadas no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana (a 116 km de Belo Horizonte, Minas Gerais), até a manhã desta sexta-feira (6), segundo informação dos bombeiros de Belo Horizonte. Antes de serem liberadas para o abrigo, as vítimas passam por um processo de descontaminaçãopara se livrar de resíduos de minério de ferro e produtos químicos que estavam misturados na lama que atingiu os dois distritos.
Um "tsunami de lama" destruiu centenas de casas, arrastou carros e caminhões e deixou ao menos um morto e cerca de 25 desaparecidosnesta quinta (5), num subdistrito da cidade histórica de Mariana (a 124 km de Belo Horizonte), após duas barragens de uma mineradora se romperem.
O acidente ocorreu por volta das 15h30, em Bento Rodrigues, a 35 km do centro de Mariana. A vila, que tem 121 casas e 492 moradores, segundo o IBGE, foi totalmente inundada pela lama. Quatro helicópteros foram enviados ao local para resgatar moradores que ficaram ilhados.
Muitos dos moradores do subdistrito de Bento Rodrigues afirmam que o alerta sobre o rompimento das barragens foi dado pelos vizinhos.
"Não teve aviso, sirene, nada", conta o aposentado Marcílio Ferreira, 72, que estava em sua plantação de alface quando ouviu os gritos da vizinhança e deixou o local.
O menino Jonatas Ferreira Coelho, 14, estava na sala de aula quando a diretora entrou correndo e mandou todo mundo "ir pro mato" o mais rápido possível. "As professoras ficaram nos orientando a subir para qualquer lugar alto", conta o garoto.
Os três estavam, na noite desta quinta-feira (5), em uma escola no vilarejo de Santa Rita Durão, ao lado de Bento Rodrigues. Lá, tomavam banho, ganhavam roupas novas e esperavam o dia seguinte, quando as buscas deverão ser retomadas.
"Passou um caminhão buzinando e nos mandando subir. A gente começou a correr, foi um atropelando o outro. um desespero total. Não sei o que aconteceu com quem não conseguiu subir", disse a dona de casa Alexleila Agda dos Santos. Emocionada, ela ainda contou que viu o tio ser soterrado pela lama. "Acho que ele morreu."
Mas dezenas de pessoas não conseguiram deixar o local. Moradores disseram que havia um grupo ilhado próximo a uma caixa d'água.
DESESPERO
Desde o começo da noite, quase não havia informações, já que os celulares não funcionavam em Santa Rita Durão e Bento Rodrigues.
Nos hospitais da região, dezenas de pessoas se amontoavam à espera de informações sobre mortos e feridos.
Sem conseguir falar com os parentes que moram no vilarejo de Bento Rodrigues, a cabeleireira Uislaine Aparecida, 33, correu para o ginásio de esportes de Mariana.
"O telefone não funciona, ninguém dá notícias", desesperava-se ela. O ginásio era um dos locais usados pela prefeitura para receber os desabrigados. Assim como ela, dezenas de pessoas foram ao ginásio em busca de notícias sobre parentes e amigos.
O auxiliar Lucas Oliveira, 24, que trabalha na Samarco e estava na usina de Germano, próxima à barragem do Fundão, também foi ao local em busca de informações. Mas, diferentemente da maioria, ele conseguiu falar com amigos e parentes –nenhum deles estava em Bento Rodrigues no momento do rompimento das barragens.
A pedido da Prefeitura de Mariana, cerca de 200 pessoas correram para o ginásio, no centro de Mariana, levando colchões, roupas de cama, garrafas de água e comida.
Infográfico: Barragem se rompe em MG

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