sexta-feira, 27 de novembro de 2015

PF vai investigar vazamento de delação de ex-diretor da Petrobras

PF vai investigar vazamento de delação de ex-diretor da Petrobras

Sérgio Lima - 2.dez.2014/Folhapress
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, delator da Lava Jato
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, delator da Lava Jato
BELA MEGALE
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
27/11/2015  02h00
1,6 mil
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A Polícia Federal no Paraná instaurou nesta quinta (26) um inquérito para apurar quem vazou a minuta da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Uma cópia do documento, segundo o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, foi parar nas mãos do banqueiro André Esteves.
Teori cita o documento no despacho que mandou prender o principal sócio do banco BTG nesta quarta (25) por tentar obstruir as investigações da Lava Jato. O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) também teve a prisão decretada pelo mesmo motivo.
O vazamento enfureceu os ministros do Supremo porque o documento estava protegido por sigilo, já que o acordo ainda não estava fechado.
O senador, o banqueiro e o advogado Edson Ribeiro, que defendia Cerveró e era contra a delação, são acusados de negociar o pagamento de R$ 4 milhões para que a delação não fosse fechada ou, se isso ocorresse, que o ex-diretor da Petrobras excluísse Esteves e Delcídio das acusações.
Os R$ 4 milhões seriam pagos pelo banqueiro. A família de Cerveró receberia ainda uma mesada de R$ 50 mil.
Esteves tinha uma cópia com anotações manuscritas do próprio Cerveró e de uma das advogadas que conduziu o acordo, Alessi Brandão.
A principal suspeita dos policiais é que o documento foi fotografado por agentes da Polícia Federal em Curitiba, onde Cerveró está preso desde janeiro, e vendido para advogados do Rio e de Curitiba que tinham interesse em proteger o senador e o banqueiro.
'JAPONÊS BONZINHO'
Edson Ribeiro é um dos suspeitos de ter participado das negociações para obter cópia do documento. Como ele era contra o acordo, Cerveró e seu filho evitavam mostrar a ele cópia dos termos que estavam discutindo.
Na gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, Ribeiro aponta Newton Ishii, agente da PF que aparece na maioria das imagens da Operação Lava Jato ao lado dos presos, como responsável pelo vazamento da minuta da delação.
"É o japonês. Se for alguém, é o japonês", afirma Ribeiro, sobre o vazamento.
O chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, completa: "É o japonês bonzinho". O advogado afirma que Ishii "vende as informações para as revistas".
Ao saber do vazamento, a cúpula da PF se reuniu com Cerveró assim que ele chegou à superintendência do órgão, em Curitiba, na tarde de quarta (25), para saber quem teve acesso à minuta de sua delação premiada.
O ex-diretor disse que só ele, seus advogados, familiares e procuradores tinham visto o documento.
Quando soube da menção a ele nas gravações, Ishii falou a colegas que estão usando seu nome como cortina de fumaça, para manchar a imagem da Lava Jato.
Homem de confiança dos delegados e da direção da PF em Curitiba, ele recebeu apoio de colegas após ter seu nome citado. Para outros agentes, a possibilidade de ele ter se envolvido no vazamento é remota, já que está às vésperas da aposentadoria, prevista para maio de 2016.
Todos os citados e envolvidos na gravação serão interrogados, menos Delcídio. O depoimento de Cerveró está previsto para sexta (27).
O advogado de Ribeiro, Bruno Espiñeira Lemos, não quis comentar a suspeita porque diz desconhecer a acusação. Esteves negou ter a delação em depoimento à PF no Rio. 

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