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Indústria automobilística também sofre com queda no PIB
 PRODUÇÃO DE AUTOMÓVEIS REPRESENTA FATIA IMPORTANTE DA INDÚSTRIA NACIONAL
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro caiu 1,7% no terceiro trimestre de 2015 em comparação com o trimestre anterior, informou nesta terça-feira (1º) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Não é uma surpresa. Tanto as previsões oficiais do governo quanto as do mercado financeiro antecipavam queda neste trimestre. É oportuno, no entanto, analisar a situação atual e as perspectivas futuras.

TERCEIRO TRIMESTRE RUIM#



Queda faz parte de contração acumulada#

O PIB é a soma de três componentes principais: o que as famílias consomem de bens e serviços, os gastos do governo e os investimentos feitos por empresas. Inclui também as exportações líquidas (ou seja, exportações menos importações).
Segundo os dados divulgados pelo IBGE, a redução de 1,7% no PIB reflete o resultado agregado de variações diferentes em seus diversos componentes: investimentos caíram 4,0%, o consumo das famílias 1,5% e os gastos do governo subiram 0,3% em relação ao trimestre anterior (dados dessazonalizados). As exportações líquidas cresceram, mas não o suficiente para compensar.
A avaliação de dados trimestrais é interessante pois proporciona atualizações mais frequentes sobre o cenário econômico. No entanto, examinando a evolução do PIB desde o primeiro trimestre de 2014 (a partir do qual ocorreu a primeira queda significante em seu valor), a economia já encolheu um total de 5,8%. No mesmo período o consumo das famílias caiu 5,3% e os investimentos de empresas, um total exorbitante de 19,3%.
A recessão e seu impacto no consumo das famílias são obviamente indesejáveis e prejudicam o bem-estar da população. Mas uma queda tão relevante em investimentos impacta também a capacidade produtiva do país no médio prazo, o que prolonga ainda mais a recessão.

A retomada ainda não está à vista#

Para que o PIB volte a crescer, é necessário que se aumente o consumo, os investimentos ou os gastos do governo (ou mais de um desses componentes). No entanto, não é provável que isto aconteça agora. Veja por que:
GASTOS DO GOVERNO:
as finanças públicas não estão em ordem e, dada a grande instabilidade política no momento (por conta de escândalos de corrupção e risco de impeachment da presidente), não é possível acordo político para equilibrar novamente as contas. Além disto, quanto mais o PIB cai, menos o governo arrecada de impostos, e maior o rombo se torna.
Em 2015, o governo se comprometeu a economizar R$55 bilhões, mas a projeção atualizada do Ministério da Fazenda é de um déficit de quase R$ 120 bilhões.
CONSUMO DAS FAMÍLIAS:
com desemprego em alta, rendimentos em queda e inflação crescendo e corroendo o poder de compra das famílias, a tendência é de que o consumo caia, e continue caindo até que se mudem essas condições.
INVESTIMENTOS DAS EMPRESAS:
a combinação de grande instabilidade política, mercado consumidor retraído e alta taxa de juros (na tentativa do Banco Central de conter a inflação) inibe fortemente os investimentos. Este componente do PIB, portanto, também não dá sinais de que vá crescer.
Fonte: Nexo