O PIB caiu de novo. E deve continuar caindo. Entenda por quê
- José
Roberto Castro
- Renata
Rizzi
01/Dez 17h50 (atualizado 02/Dez 09h29)
Dados divulgados
nesta terça-feira mostram que economia vai muito mal. Não há sinal de reação
O
PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro caiu 1,7% no terceiro trimestre de 2015
em comparação com o trimestre anterior, informou nesta terça-feira (1º) o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Não
é uma surpresa. Tanto as previsões oficiais do governo quanto as do mercado
financeiro antecipavam queda neste trimestre. É oportuno, no entanto, analisar
a situação atual e as perspectivas futuras.
TERCEIRO TRIMESTRE
RUIM#
Queda faz parte de
contração acumulada#
O
PIB é a soma de três componentes principais: o que as famílias consomem de bens
e serviços, os gastos do governo e os investimentos feitos por empresas. Inclui
também as exportações líquidas (ou seja, exportações menos importações).
Segundo
os dados divulgados pelo IBGE, a redução de 1,7% no PIB reflete o resultado
agregado de variações diferentes em seus diversos componentes: investimentos
caíram 4,0%, o consumo das famílias 1,5% e os gastos do governo subiram 0,3% em
relação ao trimestre anterior (dados dessazonalizados). As exportações líquidas
cresceram, mas não o suficiente para compensar.
A
avaliação de dados trimestrais é interessante pois proporciona atualizações
mais frequentes sobre o cenário econômico. No entanto, examinando a evolução do
PIB desde o primeiro trimestre de 2014 (a partir do qual ocorreu a primeira
queda significante em seu valor), a economia já encolheu um total de 5,8%. No
mesmo período o consumo das famílias caiu 5,3% e os investimentos de empresas,
um total exorbitante de 19,3%.
A
recessão e seu impacto no consumo das famílias são obviamente indesejáveis e
prejudicam o bem-estar da população. Mas uma queda tão relevante em
investimentos impacta também a capacidade produtiva do país no médio prazo, o
que prolonga ainda mais a recessão.
A retomada
ainda não está à vista#
Para
que o PIB volte a crescer, é necessário que se aumente o consumo, os
investimentos ou os gastos do governo (ou mais de um desses componentes). No
entanto, não é provável que isto aconteça agora. Veja por que:
GASTOS DO GOVERNO:
as finanças públicas não estão em ordem e, dada a
grande instabilidade política no momento (por conta de escândalos de corrupção
e risco de impeachment da presidente), não é possível acordo político para
equilibrar novamente as contas. Além disto, quanto mais o PIB cai, menos o governo
arrecada de impostos, e maior o rombo se torna.
Em 2015, o governo se comprometeu a economizar R$55
bilhões, mas a projeção atualizada do Ministério da Fazenda é de um déficit de
quase R$ 120 bilhões.
com desemprego em alta, rendimentos em queda e
inflação crescendo e corroendo o poder de compra das famílias, a tendência é de
que o consumo caia, e continue caindo até que se mudem essas condições.
INVESTIMENTOS DAS EMPRESAS:
a combinação de grande instabilidade política, mercado
consumidor retraído e alta taxa de juros (na tentativa do Banco Central de
conter a inflação) inibe fortemente os investimentos. Este componente do PIB,
portanto, também não dá sinais de que vá crescer.
Fonte: Nexo
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