quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Venda de ações da BR Properties levanta R$ 223 mi

Venda de ações da BR Properties levanta R$ 223 mi

MÔNICA SCARAMUZZO,FERNANDO SCHELLER,LUCAS HIRATA - O ESTADO DE S.PAULO
01 Dezembro 2015 | 23h 04

Empresa tem o BTG como maior acionista individual; o banco, que corre para vender ativos, é apontado pelo mercado como vendedor

Brookfield comprou duas torres do JK Iguatemi
Brookfield comprou duas torres do JK Iguatemi
Uma operação de venda de ações da BR Properties, empresa de ativos imobiliários que tem o BTG Pactual como principal sócio, com 35,87% de participação, levantou nesta terça-feira, 1, R$ 223,6 milhões. A venda movimentou 21,8 milhões de ações ordinárias, acima da previsão inicial de 17,8 milhões de papéis (equivalentes a 5,96% do total). A operação foi coordenada pela corretora do BTG. O próprio banco foi apontado por fontes de mercado como o acionista vendedor desses papéis.
O leilão de bloco de ações da BR Properties foi comunicado ao mercado na segunda-feira. Tradicionalmente, quando um leilão desse tipo é realizado, há transferência de ações do acionista para um comprador já identificado. Como essa negociação envolveu mais de 5% de ações, a empresa deverá fazer um comunicado oficial ao mercado nos próximos dias.
O BTG, que enfrenta uma forte crise de confiança desde a prisão, na última quarta-feira, de seu principal sócio, André Esteves, dentro das investigações da Operação Lava Jato, não comentou o assunto. Depois de renunciar à presidência e à presidência do conselho do BTG, Esteves também deixou o conselho da BR Properties.
No primeiro semestre deste ano, o BTG já havia oferecido sua participação na BR Properties ao grupo canadense Brookfield, segundo fontes. No entanto, a Brookfield, que tem um braço global de ativos imobiliários, preferiu não ser sócia da companhia. A canadense optou por comprar quatro imóveis comerciais da BR Properties - três em São Paulo (incluindo duas torres da JK Iguatemi) e um no Rio de Janeiro. A operação, de R$ 1,95 bilhão, foi concluída oficialmente nesta terça.
Hoje, os membros do conselho de administração da BR Properties se reúnem para a escolha do substituto de André Esteves no conselho e o futuro da companhia. A reunião, que sempre ocorreu no prédio do BTG, foi transferida para um local “neutro”, apurou o Estado.
Venda de empresas. A BR Properties é uma das empresas que fazem parte do portfólio de companhias em que o BTG tem participação acionária. Com a crise que se abateu sobre o banco - e a desvalorização de 34% em seu papel mais negociado na BM&FBovespa em uma semana, que fechou cotado a R$ 20,30 -, a empresa começou uma verdadeira corrida para se desfazer de ativos.
Como o banco precisa fazer dinheiro rápido para combater a “sangria” de ativos - R$ 8,9 bilhões teriam sido retirados dos fundos de investimento do banco até sexta-feira da semana passada, segundo o site Fortuna, de um total de R$ 170 bilhões em ativos -, as negociações ocorrem a toque de caixa.
O BTG deverá concluir nos próximos dias a venda de sua fatia remanescente de 12% na Rede D’Or para o fundo soberano de Cingapura, o GIC. O valor da operação é calculado em cerca de R$ 2 bilhões. 
Para uma fonte de mercado, apesar de o banco precisar ser rápido na negociação, é importante conseguir um bom preço para evitar passar a imagem de que seus ativos estão em liquidação. “Se o preço da Rede D’Or, que é a melhor empresa do banco, sair abaixo do esperado, o desconto exigido poderá ser maior nas outras vendas.” Por causa da situação atual, o mercado fala em deságio de 15% a 20% nas vendas.
Entre os outros ativos do “pacote” que o BTG está ofertando ao mercado estão a rede de estacionamento Estapar, a Petro África (na qual o banco é sócio da Petrobrás) e o portal UOL. O GIC e a empresa Moving teriam interesse na Estapar, que também foi oferecida à Brookfield. 
Procurada, a Brookfield não comentou o assunto, assim como a Moving. O GIC não retornou os pedidos de entrevista.

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