Lava Jato apura elo de pivôs de ’empréstimo’ ao PT e produtora paga por João Santana
26/04/2016, 17h38
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Like Filmes, que recebeu R$ 148 mil da Polis Propaganda, do marqueteiro do PT em 2014, pode ser ligada aos empresários Armando Peralta e Giovani Favieri, apontados como responsáveis pelo empréstimo de R$ 12 milhões feito em 2004 pelo partido em nome de amigo de Lula; dívida teria sido quitada cinco anos depois com contrato da Petrobrás dirigido ao Grupo Schahin para operar navio-sonda
A força-tarefa da Operação Lava Jato investiga qual a relação dos empresários Armando Peralta e Giovani Favieri – pivôs do empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões tomado pelo PT no Banco Schahin, via José Carlos Bumlai – com a Like Filmes, uma produtora de vídeos que aparece na quebra de sigilo de uma das empresas do marqueteiro do PT João Santana – preso desde 23 de março, em Curitiba. A Like Filmes recebeu R$ 148,5 mil em 2014, ano em que o marqueteiro tinha como principal campanha a da presidente Dilma Rousseff.
Os pagamentos de produtoras da campanha de 2014 estão sob a análise do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As descobertas da Lava Jato, em Curitiba, que agora retomará as apurações que envolvem João Santana e a Operação Acarajés, podem ajudar o órgão.
As suspeitas são de que a Like Filmes seja uma nova figura jurídica, , mas registradas em nome de laranjas, de outra produtora que pertence a Peralta e Favieri, a Núcleo de Desenvolvimento Estratégico da Comunicação (NDEC), nome fantasia Vídeo Brasil Central (VBC).
A NDEC e seus donos são velhos conhecidos do PT e da Justiça. Peralta e Favieri atuaram em campanhas como as de Marta Suplicy a governadora, em 1998, e a prefeita em 2000. Suas origens estão ligadas ao ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, de Mato Grosso do Sul – também responsável pela aproximação entre o Lula e Bumlai.
Em depoimento à Polícia Federal, Bumlai afirmou que a operação de empréstimo no Banco Schahin a pedido do PT foi acordada com Peralta e Favieri em uma reunião na casa do pecuarista, em Mato Grosso do Sul. O amigo de Lula citou as campanhas de Campinas e outras como origem do negócio. A Lava Jato considera ter provas de que essa dívida foi paga com um contrato da Petrobrás dirigido para o Grupo Schahin, para operação de um navio-sonda, pelo valor de US$ 1,6 bilhão.
Segunda vez. Criada em 1991, em Campo Grande, a VBC abriu filial em São Paulo em 1998 para atuar em campanhas. A primeira delas foi a campanha ao governo de Marta Suplicy (PT). Dois anos depois ela participa da campanha vitoriosa de Marta à Prefeitura de São Paulo. Na mesma eleição a NDEC (VBC) também faz as campanhas de prefeito de outros dois petistas: Oswaldo Dias, Mauá, e Telma de Souza, Santos. Em São Paulo e Mauá foram feitas acusações de irregularidades.
Se confirmados os elos entre a Like Filmes e Peralta e Favieri, será a segunda vez que os empresários ligados a Zeca do PT e Bumlai viram alvo do Ministério Público Federal. Em 2006, a Procuradoria na Bahia chegou a abrir investigação pelo pagamentos suspeito entre a NDEC e a Santana e Associados Marketing e Propaganda.
O motivo foi a movimentação financeira de R$ 600 mil, em 2004, referente a serviços em três campanhas de prefeitos patrocinadas pelo PT: Hélio de Oliveira Santos, o Dr Hélio (PDT), em Campinas; Gilberto Maggioni (PT), em Ribeirão Preto; e Vander Loubet (PT), em Campo Grande (MS).
O motivo foi a movimentação financeira de R$ 600 mil, em 2004, referente a serviços em três campanhas de prefeitos patrocinadas pelo PT: Hélio de Oliveira Santos, o Dr Hélio (PDT), em Campinas; Gilberto Maggioni (PT), em Ribeirão Preto; e Vander Loubet (PT), em Campo Grande (MS).
Segundo alerta do Coaf ao Ministério Público Federal em 2006, naquela eleição de 2004 – mesmo ano em que Bumlai tomou o empréstimo para o PT nunca pago ao Banco Schahin – a empresa NDEC movimentou R$ 4,5 milhões, valor “incompatível com sua capacidade econômico-financeira declarada em cadastro”. Na época, a Procuradoria destacou o fato de que, do montante movimentado, 77% foram sacados na boca do caixa durante a eleição.
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No registro da Junta Comercial de São Paulo, Like Filmes e a filial da VBC em São Paulo estão ativas no mesmo endereço (Avenida República do Líbano, 1.853), têm o mesmo capital social (R$ 50 mil) e mesmo objetivo comercial.
Os documentos mostram também que a Like está em nome Claudinei Eufrásio Barbosa e Orlando Rocha.
Os documentos mostram também que a Like está em nome Claudinei Eufrásio Barbosa e Orlando Rocha.
Os dois são pessoas diretamente ligados a Peralta Barbosa e Favieri. O primeiro é o ex-diretor financeiro da VBC, cargo que continua a exercer na nova empresa, apesar de ter virado dono. O segundo é sócio de Peralta Barbosa em outros dois negócios – rádio Xaraés Comunicações, em Porto Murtinho (MS) e Flash Comunicação, de Campo Grande. Essa última é, segundo o Ministério Público local, a “fornecedora de notas frias” para o PT criada por Peralta Barbosa.
Profissionais que trabalharam para as duas produtoras ouvidos pela reportagem relataram que a Like teria sido criada por Peralta Barbosa e Favieri para atuar no mercado de publicidade buscando clientes privados, enquanto a VBC atuaria exclusivamente nas campanhas políticas. O próprio site da Like, até 2008, anunciava que ela era uma empresa “parceira” da NDEC (nome oficial da VBC).
COM A PALAVRA, OS EMPRESÁRIOS ARMANDO PERALTA E GIOVANI FAVIERI
Procurados, Armando Peralta e Giovani Favieri não foram localizados. A reportagem encaminhou e-mail para a secretária de Peralta, mas não recebeu resposta.
Em conversa anterior, Favieri negou que a Like seja a NDEC sob um novo nome e figura jurídica. Ele afirmou que não há vínculos com o PT e diz que suas relações com o partido trouxeram-lhe mais problemas do que lucros.
COM A PALAVRA, A LIKE FILMES
A Like Filmes foi procurada no telefone fornecido no seu site, sem sucesso. O e-mail indicado pela produtora como contato da empresa está desativado. Procurados, os proprietários da Like não foram localizados.
COM A PALAVRA, A POLIS DO MARQUETEIRO JOÃO SANTANA
A Polis Propaganda, por meio de sua assessoria de imprensa, informou: “De acordo com a Assessoria de Imprensa, a Polis Propaganda não comenta esse tipo de especulação”.
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