Temer criará grupo executivo para gerir concessões inspirado no governo JK
Josias de Souza
O primeiro escalão do provável governo de Michel Temer terá uma novidade inspirada no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961). Trata-se de um grupo executivo, cuja atribuição será gerenciar todas as privatizações e concessões de obras públicas da União. O novo orgão será vinculado à Presidência da República. E, conforme já noticiado aqui na terça-feira (26), será chefiado por Wellington Moreira Franco.
Em campanha, JK lançou o célebre slogan “50 anos em 5”. Ao tomar posse, em 1956, o novo governo criou um conselho de desenvolvimento para implementar um conjunto de metas. Vinculavam-se a esse conselho grupos executivos com a atribuição de tirar as metas do papel. Entre eles, por exemplo, o GEIA, Grupo Executivo da Indústria Automobilística, que abriu as portas para a entrada das montadoras que se instalaram no ABC paulista, berço político de Lula.
Ao criar um grupo nos mesmos moldes, Temer deseja sinalizar para o mercado a intenção de dar velocidade ao programa de concessões de grandes obras de infraestrutura. Nessa área, a gestão Dilma teve um comportamento errático. Concedeu a empresas privadas a gestão de alguns dos maiores aeroportos do país. Mas enfiou uma participação de 49% da Infraero no capital das operadoras. Por ironia, Moreira Franco foi ministro da Aviação Civil nessa época.
Dilma estendeu a política de concessões a outros setores asfixiados por gargalos de logística: rodovias, ferrovias e portos. No entando, perdeu-se num vaivém de regras que espantou os investidores e deu ao processo de concessões um ritmo de tartaruga manca. Daí a prioridade que Temer decidiu dar ao tema. Supondo-se que o Senado aprovará o afastamento de Dilma, o tempo dirá se vai funcionar.
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