quinta-feira, 28 de abril de 2016

Procurador diz que Sete Brasil foi criada para majorar contratos e envolveu fraudes

Procurador diz que Sete Brasil foi criada para majorar contratos e envolveu fraudes

POR MATEUS COUTINHO, ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA, RICARDO BRANDT, FAUSTO MACEDO E JULIA AFFONSO
28/04/2016, 15h38
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Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato, afirmou que acusação contra marqueteiro do PT João Santana é primeira frente que mira esquema de corrupção de 1% em contratos com estaleiros para pré-sal
Sonda DRU1 Urca (direita) e Sonda DRU2 Frade (esquerda), sendo construídas no Estaleiro BrasFELS - Angra dos Reis/RJ. Foto: Sete Brasil
Sonda DRU1 Urca (direita) e Sonda DRU2 Frade (esquerda), sendo construídas no Estaleiro BrasFELS – Angra dos Reis/RJ. Foto: Sete Brasil
A força-tarefa da Operação Lava Jato aponta que a Sete Brasil foi criada para criar uma estrutura intermediária entre a Petrobrás e os estaleiros contratados para fornecer navios e plataformas para a estatal e que isso serviu para majorar preços e fraudar as licitações do bilionário mercado criado pela descoberta do pré-sal, a partir de 2007.
“Temos fortes indicativos que as empresas que compunham a Sete Brasil atuavam em cartel”, afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato, durante entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, 28, em que foram denunciados 17 alvos, entre eles o marqueteiro do PT João Santana e a mulher dele, Monica Moura, que está fazendo delação premiada.
Parte dos recursos que teriam pago suas campanhas para o partido, sustenta a denúncia, saíram da propina de contratação do estaleiro Keppel Fels pela Sete Brasil, para fornecimento de plataformas para a Petrobrás O intermediador desses valores seria o operador de propinas Zwi Skornicki, também denunciado pelo MPF, que atuava como lobista do estaleiro no Brasil.
A Procuradoria denuncia pela primeira vez um dos pacotes de contratos da Sete Brasil, criada em 2010 para fornecimento de navios-sondas e plataformas para a Petrobrás.
“É uma licitação de cartas marcadas, para a Sete Brasil”, afirmou Dallagnol, ao apontar que o contrato de fornecimento para a estatal petrolífera foi fraudado. O crime, no entanto, ainda não é parte da acusação criminal desta quinta-feira, 28. Desta vez está sendo imputada a lavagem de dinheiro da corrupção na Petrobrás envolvendo o PT, por meio do marqueteiro João Santana.
Preso desde fevereiro, em Curitiba, João Santana foi o marqueteiro da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006).
Conta secreta do marqueteiro e sua mulher, Mônica Moura, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance recebeu US$ 4,5 milhões do operador de propinas do estaleiro Keppel Fels.
O procurador Dallagnol explicou que a fraude na licitação para contratação da Sete Brasil e o cartel das empreiteiras e estaleiros no esquema ainda será alvo de outras acusações. Ao todo, seis estaleiros foram contratados para fornecimento de 28 navios-sondas no total de US$ 23 bilhões.
“Para cada contrato era paga propina de 1%.”
Um e-mail entre executivos indica, segundo o procurador, que “antes de se saber formalmente quem ganharia a licitação,já se sabia que a Sete Brasil venceria e que estava negociando com os estaleiros contratados”.

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