Cunha diz que governo 'acabou na Câmara' e que ataques contra ele vêm de 'organização criminosa'
DAIENE CARDOSO E JULIA LINDNER - O ESTADO DE S. PAULO
28 Abril 2016 | 15h 16 - Atualizado: 28 Abril 2016 | 15h 18
Presidente da Câmara acusou PT de obstruir votação e voltou a anunciar que vai ao STF contra deputados que o ofenderam
BRASÍLIA - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou nesta quinta-feira, 28, que a Casa esteja paralisada em virtude do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que agora está no Senado. Ele, no entanto, admitiu que o ritmo do trabalhos dos deputados foi desacelerado. "O problema é que não tem governo, o governo não existe na Câmara. Não existe nem para encaminhar votação. O partido do governo está obstruindo (a votação) de sua própria Medida Provisória. A verdade é que o governo acabou na Casa", resumiu.
Para Cunha, o período em que se aguarda a decisão do Senado é difícil porque "não há diálogo, nem com quem dialogar" no governo. Ele afirmou que não houve paralisia nos trabalhos da Câmara, lembrou que ascomissões permanentes já foram escolhidas e começarão a funcionar na próxima semana. "Vai continuar havendo votações", declarou.
Nesta quinta, por exemplo, foi votado um pedido de urgência para a proposta de reajuste do Judiciário Federal, mas Cunha ressaltou que não há, ainda, acordo para votação do mérito da matéria. Ele negou que tenha dito que a Câmara não votaria nada durante o processo de impeachment, mas comentou que não havia vontade política entre os líderes partidários para votar.
"Obviamente não estamos num ambiente de normalidade. Esse ambiente só voltará a uma normalidade após a decisão política que o Senado vai proferir, seja ela qual for, então obviamente que a Casa e o mundo político estão em compasso de espera por essa situação, mas isso não significa que não vamos continuar funcionando", afirmou.
Ataques. Alvo todos os dias de ataques duros e discursos incisivos dos adversários, que não cansam de chamá-lo nas sessões plenárias de "bandido", "corrupto" e "gângster", Cunha voltou a prometer que vai entrar com queixa-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra os parlamentares e pedirá a abertura de processo na Corregedoria da Casa contra os que saíram da crítica política e partiram para a agressão e a ofensa pessoal.
O peemedebista - que costuma ignorar os ataques e atuar como se não tivessem falando dele - disse que não cairá no "golpe" dos que querem provocar uma reação destemperada dele, e afirmou que está sendo atacado por "membros de uma organização criminosa, que é o PT".
"Na verdade o que está havendo é um desespero, um desespero de quem vai perder as suas boquinhas, de quem está saindo do governo e não se conforma com o resultado da votação. Esse desespero que está sendo colocado por esse partido assemelhado a uma organização criminosa, que não tem autoridade moral para atacar quem quer que seja e fica tentando. Funciona como um punguista na praça, que bate a carteira e grita 'pega ladrão'", reagiu.
CCJ. Para o presidente da Câmara, Osmar Serraglio (PMDB-PR) é um dos melhores deputados para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ele destacou que, assim como toda a bancada do PMDB, Serraglio também é um "aliado". "Osmar é um dos melhores quadros dessa Casa, relator da CPI do Mensalão. Graças a ele muitas das condenações do Mensalão puderam ocorrer, então ele tem um grande mérito no combate à corrupção do PT no governo", elogiou.
Cunha avisou que entrará com outros recursos na CCJ, além do que já existe na comissão e aguarda análise, contra seu processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética. O peemedebista deixou claro que conta com a celeridade na apreciação de seus pedidos, independentemente da comissão ser comandada pelo PMDB. "É uma coisa que deverá ter celeridade num recurso dessa natureza em qualquer circunstância, não tem nada a ver com o PMDB", disse.
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