quinta-feira, 26 de maio de 2016

Lava Jato desconfia que vazamento de conversas foi para conter danos

Lava Jato desconfia que vazamento de conversas foi para conter danos

Investigadores da Operação Lava Jato avaliam que os vazamentos das gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro e ex-senador Sérgio Machado de conversas com caciques do PMDB foi uma operação para conter danos.

Para integrantes da força-tarefa da operação, a divulgação de trechos das conversas com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) acabaram atrapalhando as investigações. 

Fato semelhante ocorreu com o vazamento da delação premiada do então senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). Na ocasião, o vazamento ocorreu numa tentativa de barrar a continuidade das investigações, observou um integrante da Lava Jato. “A estratégia foi repetida agora”, disse.

Teor das gravações de Machado impressiona investigadores

Investigadores que analisaram as quase sete horas de gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro e ex-senador Sérgio Machado com caciques do PMDB estão espantados com o conteúdo das conversas.

Além das gravações com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-ministro do Planejamento, também há áudios feitos por Sérgio Machado com outros interlocutores, inclusive deputados considerados "satélites" pelos investigadores. Essas outras gravações reforçam os diálogos com os três caciques do PMDB.

Sérgio Machado apresentou aos investigadores todas as gravações feitas com os peemedebistas há pouco mais de duas semanas, quando iniciou as negociações para fazer a delação premiada.

As conversas foram realizadas antes da abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff e algumas, antes da convenção do PMDB.

Quem teve acesso completo ao conteúdo, ressalta que os caciques do PMDB do Senado tentavam fechar um acordo amplo, incluindo o PT, para "zerar" o jogo da Operação Lava Jato.

Nos diálogos, o PT era considerado essencial para fechar o acordo. Por isso, as citações sobre a necessidade de resolver a situação do ex-presidente Lula, que na ocasião, temia ser preso pela Lava Jato.
  • Planalto teme que situação de Renan reflita em votação do impeachment

    De forma discreta, o Palácio do Planalto passou a torcer pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), depois da revelação das primeiras conversas dele com o ex-senador e ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

    A avaliação realista é que o agravamento da situação de Renan vai ter reflexo não só nas votações de matérias da pauta econômica no Congresso, mas também na votação final do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.

    No Planalto, existe a preocupação de que a situação de Renan possa se agravar com a divulgação completa dos diálogos de Sérgio Machado, que inclui conversas com vários peemedebistas. Também existe apreensão com a possibilidade de a delação premiada do ex-presidente da Transpetro acabar atingindo integrantes da cúpula do PMDB. Até agora, além de Renan, já foram reveladas conversas de Machado com o senador Romero Jucá e com o ex-presidente José Sarney.
  • Na madrugada, Temer telefona para Renan e agradece votação

    O presidente em exercício Michel Temer só foi dormir às seis da manhã desta quarta-feira (25), depois que saiu a o resultado da votação da mudança da meta fiscal no Congresso Nacional. Ainda na madrugada, Temer fez questão de telefonar para o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), para agradecer o empenho em conseguir manter a sessão e aprovar a nova meta fiscal.

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