Moro:
anotações de Odebrecht são 'perturbadoras'
Juiz responsável pela Lava Jato dá prazo de dois dias para advogados da
empreiteira esclarecerem mensagens encontradas em celular
Por: Felipe Frazão e Carolina Farina21/07/2015
às 17:23 - Atualizado em 21/07/2015 às 17:54
Marcelo Odebrecht da construtora Odebrecht(Cassiano Rosário/Futura Press/Folhapress)
O juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na
primeira instância, classificou como "perturbador" trecho das anotações cifradas encontradas pela Polícia Federal no
telefone de Marcelo Odebrecht. Por causa da "gravidade" dos apontamentos,
Moro deu prazo de 48 horas para que os advogados do empreiteiro e também dos
diretores Márcio Faria e Rogério Araújo prestem esclarecimentos sobre as
mensagens.
"O
trecho mais perturbador é a referência à utilização de 'dissidentes PF' junto
com o trecho 'trabalhar para parar/anular' a investigação. Sem embargo do
direito da defesa de questionar juridicamente a investigação ou a persecução
penal, a menção a 'dissidentes PF' coloca uma sombra sobre o significado da
anotação. Outras referências como a 'dossiê', 'blindar Tau' e 'expor grandes'
são igualmente preocupantes", disse.
No
despacho, Moro afirma que não há indícios de que as mensagens eram destinadas
aos seus defensores e que, por isso, os advogados não podem questionar a
violação de sigilo legal. "Não é crível ademais que ele orientasse seus
advogados ou recebesse orientação de seus advogados nesse sentido. De todo
modo, ainda que assim não fosse, o sigilo profissional também não acobertaria o
emprego de estratagemas de defesa ilícitos, por exemplo a destruição de
provas."
Relatório
da Polícia Federal com base em mensagens extraídas do celular de Marcelo Bahia
Odebrecht revelam o amplo leque de políticos com os quais ele tinha contato e
seu esforço para utilizar siglas e mensagens codificadas para registrar ações.
De acordo com o documento, Odebrecht lançou mão de uma estratégia de confrontar
as investigações da Lava Jato que contaria com "policiais federais dissidentes",
dupla postura perante a opinião pública, apoio estratégico de integrantes da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ataques às apurações internas da
Petrobras. A PF avalia que o objetivo do empreiteiro buscava criar
"obstáculos" e "cortinas de fumaça" contra a operação.
Fonte: Veja
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