terça-feira, 28 de julho de 2015

“ONDE ESTÁ A LUZ NO FINAL DO TÚNEL? NÃO SABEMOS NEM ONDE ELE TERMINA”, DIZ EDUARDO CUNHA EM ALMOÇO-DEBATE LIDE

“ONDE ESTÁ A LUZ NO FINAL DO TÚNEL? NÃO SABEMOS NEM ONDE ELE TERMINA”, DIZ EDUARDO CUNHA EM ALMOÇO-DEBATE LIDE  
   
   
 
O presidente da Câmara dos Deputados falou sobre impeachment, base aliada, reformas, rompimento com o governo e propostas para melhorar a economia do País

(Foto: Fredy Uehara/Uehara Fotografia)
São Paulo, 27 de julho de 2015 - “Não costumo enfiar minha cabeça num buraco e a história não reserva lugar para covardes”, declarou o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao reiterar que não foge de seus compromissos ao comparecer no Almoço-Debate promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais. Liderado pelo empresário João Doria, o evento aconteceu no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo, e contou com a presença de 502 empresários.
“A presença do presidente da Câmara dos Deputados reforça a relevância dos debates nos encontros e se revela uma boa oportunidade para que Cunha defenda sua posição para uma plateia privilegiada, repleta de e empresários”, afirmou Doria.
Eduardo Cunha iniciou sua palestra salientando o momento delicado que o Brasil passa, em meio a crises política e econômica sem precedentes, gravíssima crise social com desemprego crescendo de forma intensa. “A sociedade cobra do governo o discurso de campanha, que na prática é incoerente com o que foi prometido. E a resposta está aí: a popularidade da presidente Dilma é extremamente baixa. Se a sociedade escolheu mal, tem que aprender a escolher direito”. Pesquisa recente divulgada pela CNT mostra que Dilma Rousseff bateu o recorde de impopularidade ao registrar 7,7% de aprovação.
Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, o Brasil vive ainda a ameaça de perder mais o grau de investimentos e se isso acontecer, será um desastre. “Onde está a luz no fim do túnel? Não sabemos nem onde ele termina. Com uma reforma pífia, a frustração na arrecadação e o desemprego crescendo, as despesas vão aumentar. Esse cenário é um estímulo aos empresários para demitirem. Sem falar no problema previdenciário que, se não revermos o sistema, não teremos país para nossos filhos”, disse.
Ao discorrer sobre o papel da Câmara no projeto de recuperação do País, Cunha esclarece que a instituição tem três pilares de atuação: o papel político ao agir com transparência; legislativo, ao votar medidas que possam garantir o mínimo de governabilidade para o bem do País; e fiscalizador, que tem papel preponderante no combate à corrupção. “Temos propostas para criar condições para o Brasil melhorar. Poderíamos, por exemplo, reduzir o número de ministérios e ter no máximo 20. A reeleição é um mal e o parlamento atual é muito mais produtivo que antes. Estamos votando mais e principalmente as pautas que a sociedade quer”, comemora.
Sobre seu rompimento com o governo após o lobista Julio Camargo tê-lo acusado, em depoimento, de exigir US$ 5 milhões de propina por contratos da Petrobras, Cunha explicou que “não se pode confundir o posicionamento parlamentar do pessoal. O meu rompimento é pessoal. O comprometimento como político é de manter o equilíbrio deste processo. Não tenho o direito de abalar a segurança parlamentar, o exercício do mandato que prometi em campanha. Não pode faltar bombeiro para apagar os incêndios. Devemos preservar o parlamento, mas também a honra pessoal”, reforçou.
Com relação à regulamentação dos direitos do trabalhador terceirizado, Cunha salienta que o governo tem que assumir o que quer e que a discussão foi levada ao parlamento há 11 anos lá. “É preciso ter coragem para implementar a flexibilização da legislação trabalhista e adequar o segmento do negócio à realidade de trabalho de cada um. Precisamos discutir também a contribuição sindical”.
Quanto à denúncia de envolvimento na operação Lava-Jato, Cunha informou que as questões seriam respondidas somente pelo seu advogado, Antônio Fernando de Souza, ex-procurador-geral da República. “Ele disse que eu falo muito”, explicou o presidente da Câmara quando questionado o porquê não responderia nada sobre o tema.
Sobre a forte pressão da bancada do PT na Câmera que pede a saída de Cunha do cargo, o parlamentar argumentou: “O PT é o meu adversário e todos já sabem. O PT pedindo a minha destruição só me dá alegria, porque se pedisse a minha permanência, talvez eu tivesse errado. Agora o mesmo princípio que eles têm que ter para mim, devem ter para todos os quórum deles, que são por ventura investigados ou suspeitos de qualquer coisa.
Sobre o impeachment da presidente Dilma, Cunha foi categórico ao esclarecer que não se trata de recurso eleitoral, pois tem seus fundamentos previstos na Constituição. “Vamos tratar tudo e todos de forma técnica e jurídica. Havendo fundamento, o processo será analisado”. Indagado sobre o que ainda mantém o PMDB no governo, Cunha disse que o partido não sai do governo por simples falta de decisão. “A convenção será em setembro e discutiremos a saída da base”, finalizou.
Roberto Giannetti da Fonseca, presidente do LIDE INFRAESTRUTURA e Paulo Rabello de Castro, presidente do LIDE ECONOMIA, fizeram breves intervenções ao final do evento, alertando para se refletir sobre o momento grave que o Brasil passa. Segundo eles, a economia caminha para um colapso e não podemos ser passivos. A iniciativa deve sair da sociedade civil e por isso sugerem o Pacto Brasil, que contempla ações simultâneas: visão crítica sobre receita tributária, custos e reforma tributária; agenda de desenvolvimento para recuperar economia; revisão das despesas compulsórias do orçamento; redução de estrutura de autarquias; suspensão de abonos salarial; extinção de 20% dos cargos comissionados; redução dos ministérios para no máximo 20, entre outras propostas. Para eles, os políticos precisam urgentemente ouvir a sociedade civil.
PESSIMISMO SE ACENTUA DE ACORDO COM PESQUISA
Ao final do evento foi apresentada a 106ª edição da Pesquisa Clima Empresarial LIDE-FGV, realizada com os empresários presentes ao ALMOÇO-DEBATE, que revelou pessimismo acentuado nos resultados. “Os índices continuam apontando notas baixíssimas em todas as esferas, do Municipal ao Federal”, avaliou Fernando Meirelles, responsável pela pesquisa e presidente do LIDE CONTEÚDO. O índice, calculado pela Fundação Getúlio Vargas, é uma nota de 0 a 10, resultante de três componentes com o mesmo peso: governo, negócios e empregos.
Segundo ela, a eficiência gerencial e o desempenho dos governos obtiveram: 0,6% para a esfera federal; 5,1% para estadual; e 1,7% para municipal. Para os 64% dos empresários, a situação atual dos negócios piorou. Apenas 12% vão empregar em 2015, 44% pretendem manter o quadro atual e 44% vão demitir.
Entre os fatores que impedem o crescimento das empresas, o cenário político chegou a 57%, ultrapassando a carga tributária (25%). Questionados sobre qual a área que o Brasil mais precisa melhorar, a Política alcançou 44%, seguido de Educação com 27% e Infraestrutura com 17% e Segurança 9%. Com relação ao tema mais sensível para o cenário econômico de 2015, os números apontam a Política, com 80%, e 14% inflação.
A previsão de receita continua a preocupar, segundo os resultados do levantamento: 21% acreditam que o faturamento será melhor este ano em comparação a 2014 e 44% será pior. Segundo a pesquisa, o clima empresarial caiu de 3,3% para 2,1%, fato que, de acordo com o professor Meirelles é um número muito baixo.
LIDE

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SP lidera taxa de recusa a atender recenseadores do Censo 2022

SP lidera taxa de recusa a atender recenseadores do Censo 2022     IBGE passará a notificar condomínios e cogita recorrer a medidas judiciai...