sexta-feira, 24 de julho de 2015

Executivos da Odebrecht e Andrade Gutierrez são denunciados à Justiça

24/07/2015 16h47 - Atualizado em 24/07/2015 18h26

Executivos da Odebrecht e Andrade Gutierrez são denunciados à Justiça

Presidentes de empresas, Marcelo Odebrecht e Otávio Azevedo aparecem.
Ao todo, 22 pessoas estão presentes na denúncia dos procuradores.

Samuel Nunes e Erick GimenesDo G1 PR
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou à Justiça, nesta sexta-feira (24), uma denúncia contra executivos da construtora Odebrecht e da Andrade Gutierrez investigados na Operação Lava Jato. Entre os denunciados estão os presidentes da Odebrecht S.A., Marcelo Odebrecht e da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo. As empresas são as duas maiores construtoras do Brasil.
Ao todo, são 22 pessoas denunciadas. Também aparecem na denúncia os nomes do doleiro Alberto Youssef, do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, do ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco. A Odebrecht tem negado irregularidades.
Lista dos denunciados
- Alberto Youssef, doleiro
- Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, executivo ligado à Braskem, empresa do grupo Odebrecht
- Antônio Pedro Campello de Souza Dias, ex-diretor da Odebrecht
- Bernardo Schiller Freiburghaus, suspeito de lavar dinheiro de propina da Odebrecht
- Cesar Ramos Rocha, diretor da Odebrecht
- Celso Araripe d’Oliveira, funcionário da Petrobras
- Eduardo de Oliveira Freitas Filho, sócio-gerente da empreiteira Freitas Filho Construções Limitada
- Elton Negrão de Azevedo Júnior, diretor-executivo da Andrade Gutierrez
- Fernando Falcão Soares, lobista conhecido como Fernando Baiano
- Armando Furlan Júnior, sócio de Fernando Soares
- Flávio Gomes Machado Filho, suspeito de operar propinas para a Andrade Gutierrez
- Lucélio Roberto von Lechten Góes, lobista suspeito de atuar para a Odebrecht
- Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da Odebrecht S.A.
- Márcio Faria da Silva, diretor da Odebrecht
- Mario Frederico Mendonça Góes, lobista suspeito de atuar para a Odebrecht
- Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez
- Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
- Paulo Roberto Dalmazzo, ex-diretor da Odebrecht
- Paulo Sérgio Boghossian, ex-diretor da Andrade Gutierrez
- Pedro José Barusco Filho, ex-gerente de Serviços da Petrobras
- Renato de Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras
- Rogério Santos de Araújo, diretor da Odebrecht
Esquemas
Em entrevista coletiva nesta tarde, em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol disse que são 13 denunciados de cada empresa.
Um dos esquemas envolvendo a Odebrecht ocorreu na construção do Centro Administrativo da Petrobras em Vitória, no Espírito Santo. Outro envolveu a Braskem, empresa do grupo Odebrecht, em um contrato com a Petrobras para compra de nafta, que teria dado um prejuízo de R$ 6 bilhões à estatal petroleira.
Nesta transação, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria recebido propinas de R$ 5 milhões por ano. Parte desse dinheiro era direcionada ao ex-deputado José Janene (PP), já falecido, e posteriormente ao próprio Partido Progressista.
De acordo com o MPF e a Polícia Federal, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez agiam de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras. Elas formavam um cartel, obtendo preços favoráveis e, com isso, lucros extraordinários que, em parte, eram pagos a agentes públicos e partidos políticos.
Contas no exterior
Segundo Dallagnol, documentação obtida nas investigações mostra que a Odebrecht e denunciados no esquema tinham contas e valores em empresas offshore, fora do país.
Uma investigação das autoridades suíçasapontou que empresas do Grupo Odebrecht utiliaram contas bancárias naquele país para pagar propina a ex-diretores da Petrobras.
Conforme relatado pelo MPF, a Suíça informou que os pagamentos foram feitos a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento; Renato Duque, ex-diretor de Serviços; Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços; Jorge Zelada e Nestor Cerveró, ambos ex-comandantes da área Internacional.
O delegado da PF Eduardo Mauat da silva afirma que a investigação concluiu que havia envolvimento das empresas no esquema, e não apenas corrupção praticada por funcionários isoladamente.
14ª fase
A 14ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada no dia 19 de junho. Nela, foram presos os presidentes da Odebrecht S.A., Marcelo Odebrecht, e da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, além de executivos ligados às duas companhias ou subsidiárias delas.
A operação recebeu o nome de "Erga Omnes". O termo refere-se a uma expressão muito usada no direito à qual afirma que a lei deve atingir a todos de forma igual.
Ao todo, foram cumpridos 59 mandados judiciais, incluindo as prisões. A participação das construtoras nos supostos desvios investigados pela Lava Jato apareceu em depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Até esta sexta-feira, os presidentes das duas empresas envolvidas ainda estavam presos na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
Prisão de Zelada
Depois da 14ª fase, a Polícia Federal executou outra operação, na qual prendeu o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Jorge Zelada.
Na estatal, ele sucedeu outro preso na Lava Jato, Nestor Cerveró, já condenado a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro. De acordo com MPF, Jorge Zelada teve 10 milhões de euros bloqueados por autoridades do Principado de Mônaco. O dinheiro seria fruto de propina, obtida por meio de fraude em contratos de fornecimento de navios sonda da Petrobras.
Desde o início da operação, dezenas de pessoas já foram presas, entre elas estão o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa –  que cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro e o doleiro Alberto Youssef, que está preso na carceragem da PF em Curitiba e é acusado de ser o líder do esquema.
Nas primeiras 13 fases, a PF cumpriu mais de 400 mandados judiciais, que incluem prisões preventivas, temporárias, busca e apreensão e condução coercitiva (quando o suspeito é levado a depor).
As investigações policiais e do MPF podem resultar ou não na abertura de ações na Justiça. Ao todo, 19 ações penais e 5 ações civis públicas foram instauradas na Justiça Federal.
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância do Judiciário, aceitou denúncia contra mais de 80 pessoas. São alvo de ações as empreiteiras Camargo Corrêa, Sanko-Sider, Mendes Júnior, OAS, Galvão Engenharia e Engevix.  

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