sábado, 2 de abril de 2016

Independentemente do foro por Débora Bergamasco

Brasil Confidencial

Independentemente do foro

A situação do ex-presidente Lula está judicialmente "muito complicada". Foi o que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, relator da Lava Jato, confidenciou a pessoas próximas

por Débora Bergamasco
A situação do ex-presidente Lula está judicialmente “muito complicada”. Foi o que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, relator da Lava Jato, confidenciou a pessoas próximas. Não só por conta do tríplex do Guarujá e do sítio em Atibaia. Mas também porque os investigadores estão puxando o fio da meada nas contratações de palestras de Lula por meio da L.I.L.S. Em outra frente, o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, está magoado com o petista pelos impropérios flagrados em grampo.
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Moro e a Lei 
Zavascki estuda enviar uma representação contra o juiz Sergio Moro ao Conselho Nacional de Justiça por excessos na Lava Jato. São 14 queixas contra a conduta de Moro: 12 reclamações disciplinares e 2 pedidos de providência.  Mas o CNJ devolveu 6 pedidos com problemas formais e estabeleceu novos prazos.
De caso pensado 
Advogados do PT viram no pedido público de “escusas” de Moro um ato inteligente e não um movimento cínico. Acham que o juiz fez isso para se antecipar a uma eventual condenação do CNJ, que pode variar entre uma reprimenda até a aposentadoria compulsória.
Faixa presidencial 
Apesar de ser muito remota a chance de Moro ser afastado da magistratura, políticos de Brasília calculam que, se isso acontecer, ele sairá da atividade de juiz direto para o Palácio do Planalto, como vítima de um “golpe”, para usar a palavra do momento.
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Tomando pé 
A primeira medida que o vice Michel Temer fará, se assumir a Presidência no lugar de Dilma Rousseff, será uma devassa nas contas públicas. Não por caça às bruxas. Mas ele quer tomar pé da real situação econômica do Brasil e da União e assim bolar soluções.
Manequim institucional 
Durante o processo de impeachment, a estratégia do presidente do Senado, Renan Calheiros, será a de falar cada vez menos e ser o mais discreto possível. Quer passar a imagem neutra de um presidente de “tribunal” que vai julgar a “ré” Dilma Rousseff.
O Velho Chico 
Consciente da dificuldade de segurar o impeachment de Dilma, o PT vai trabalhar com a máxima de que “pau que dá em Chico também dá em Francisco”. Por isso entrarão com processos contra governadores que praticaram pedaladas fiscais. O governador de SP, Geraldo 
Alckmin, seria a primeira vítima.
Novo cenário 
O PT sempre foi reconhecido como excelente opositor. Entretanto, há quem aposte que, se os petistas forem mesmo para fora do governo federal, a situação será diferente, pois não contam mais com a simpatia de parte de formadores de opinião, nem do Ministério Público.
Confusão à vista 
Mais motivos de preocupação para os políticos investigados na Operação Lava Jato. Discute-se a inclusão na delação premiada de executivos da Odebrecht negociatas envolvendo a aprovação da Lei nº 12.815, de 2013, que regulou a exploração pela União dos portos e instalações portuárias. A origem dessa lei foi a MP 585, apelidada no Congresso Nacional de “MP dos Porcos”. A empreiteira controla o terminal Embraport, que recebeu recursos do FI-FGTS, administrado por Fábio Cleto, ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e demitido de uma vice-presidência da Caixa após ser alvo da Lava Jato.
E eu com isso? 
A ideia de integrantes do governo de lançar uma Proposta de Emenda Constitucional para que ocorram novas eleições e, assim, Dilma escape do impeachment soou esdrúxula para congressistas. As perguntas são: o que os partidos e os parlamentares ganhariam com isso? E: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, colocaria na pauta a apreciação deste tema?
Toma lá dá cá
MARCOS DA COSTA, PRESIDENTE DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL EM SÃO PAULO
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ISTOÉ – Como fica a situação de advogados que não concordam com o pedido de impeachment protocolado pela OAB?
COSTA –
 Faz parte da democracia. A maioria vence, a minoria respeita. Fizeram questão de ouvir todas as representações estaduais. Falando sobre São Paulo, a chance de ter uma dissidência política é zero. Em um universo de 10 mil advogados, são 100, 200 contrários. Isso não causa divisão política.
ISTOÉ – Manifestantes acusaram a OAB de apoiar a ditadura.
Falso –
 Não que tenha apoiado a ditadura, apoiou os militares em 1964 como consequência do tenentismo de 1930. Quando a Ordem viu que foi apropriação de poder, mudou de posição.
Rápidas
* Enquanto busca apoio para o impeachment, a ala mais próxima de Michel Temer não se esquece das eleições municipais. A meta este ano, segundo Eliseu Padilha (PMDB-RS), é aumentar em 20% a presença entre prefeitos, vices e vereadores.
* A deputada federal Soraya Santos (PSDB-RJ) tem que estar em pé às 7h todas as manhãs para cantar o repertório da “Galinha Pintadinha” com a neta pelo FaceTime, aplicativo que permite  conversar com voz e imagem pela câmera do celular.
* Soraya, aliás, já avisou aos correligionários esperar que a votação do impeachment não se estenda para maio. Porque ela terá que se ausentar nas duas primeiras semanas para acompanhar o parto da sua filha que passa por uma gravidez de risco.
* Em tempos de gravações às escondidas, o deputado Lucio Vieira Lima diz que quem quiser fazer conversa sigilosa, “só se for em uma sauna ou no mar, em praia de nudismo”. Ele recomenda a Lula, pois hoje ele despacha em um hotel em Brasília.
Retrato falado
O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, fez um evento com empresários esta semana. A sensação agonizante dos industriais pode ser traduzida por frases e expressões usadas por Andrade durante uma conversa de poucos minutos em que opinava sobre a situação do País: “problemas de legitimidade”, “angústia”, “sangria”, “lástima”, “a economia já acabou”, “não tem cabimento”, “um ano parado”, “é preciso coragem”, “reformas”.
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Querido presidente... 
Os senadores tucanos Antonio Anastasia (MG), Ricardo Ferraço (ES) e Tasso Jereissati (CE) estão redigindo uma carta aberta para o governo Temer. Serão quatro ou cinco pontos de vista do partido condensando sugestões como romper o fisiológico loteamento de ministérios. E abordará a retomada da produtividade para recuperar a economia e aspectos sociais.
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Brasília não é Leblon 
Em evento contra corrupção com a presença dos globais Thiago Lacerda e Luana Piovani no Ministério Público Federal o mais assediado foi Deltan Dallagnol, da força tarefa da Lava Jato. Lacerda queria fazer discurso, mas a planteia queria saber sobre a República de Curitiba.
Colaborou: Marcelo Rocha e Mel Bleil Gallo
Fotos: Adriano Machado/REUTERS; Zanone Fraissat/Folhapress; Adriano Machado/AGência ISTOÉ 

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